A pandemia do novo coronavírus fez mais estragos ao já problemático programa SpaceJet, da Mitsubishi. A família de jatos regionais que deveria concorrer com os aviões da Embraer teve boa parte dos seus recursos cortada por contas dos prejuízos acumulados pela empresa e que se agravaram com o advento da COVID-19.
Com isso, a fabricante japonesa confirmou nesta sexta-feira, 22, que reduzirá o investimento no programa, concentrando seus esforços de desenvolvimento da variante M90 apenas no Japão, o que significa encerrar os testes realizados com seus protótipos nos EUA. Mas mais simbólica foi a decisão de suspender o projeto do SpaceJet M100, jato para até 76 passageiros e que deveria ser um concorrente direto do E175-E2, da Embraer.
Atrasado, o programa de desenvolvimento previa que o novo avião entraria em operação em 2023, mas os seguidos atrasos com seu irmão maior, o M90, cuja certificação estava prevista para este ano, motivaram a fabricante a concentrar seus esforços apenas nesse modelo.
O M100 já era uma revisão de projeto sobre o jato MRJ70 e deveria contar com modificações para atender à cláusula de escopo das companhias aéreas dos EUA, algo que o novo avião da Embraer não contempla com as regras atuais. A Mitsubishi até obteve um compromisso de compra de 100 unidades do M100 no ano passado, da Mesa Airlines.
Programa concentrado no Japão
A Mitsubishi Aircraft afirmou que fechará todas as operações internacionais e consolidará sua atividades em Nagoia, no Japão – e que também terá volumosos cortes de empregos. Com isso, sua sede em Renton e a área de testes em Moses Lake, nos EUA, serão fechadas. Dos cinco protótipos, quatro estão no local e serão enviados de volta ao Japão.
A entrega do primeiro SpaceJet M90, que deveria ter ocorrido em 2013, atrasará mais uma vez. Na semana passada, a empresa havia dito que a previsão era que isso ocorresse até abril de 2021 ou depois.
O abandono da versão M100 pode soar como um alívio para a Embraer, que assim perderá o único concorrente real no segmento de jatos de 70 lugares, mas isso não significa que ela terá condições de usufruir dessa exclusividade já que se a cláusula de escopo não for alterada o futuro do modelo E175-E2 continuará ameaçado. O menor dos jatos da família E2 permanece sem uma mísera encomenda. Felizmente, a empresa brasileira ainda poderá oferecer o E175 de primeira geração, atualmente o jato comercial mais vendido na história da Embraer.
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