O nome do avião mudou, mas o problemas continuam os mesmos. A Mitsubishi Aircraft adiou pela sexta vez a entrega do primeiro jato M90 do programa SpaceJet (ex-MRJ90). Segundo o novo cronograma da fabricante japonesa, a aeronave deve chegar ao mercado somente no final de 2021 ou no começo de 2022.
A previsão anterior da Mitsubishi apontava a entrega do primeiro jato comercial fabricado no Japão para 2020. Porém, o atraso no envio de peças postergou a conclusão de aeronaves de testes para o processo de certificação, informou o jornal japonês Nikkei.
O lançamento do jato comercial da Mitsubishi já acumula mais de sete anos de atraso. A meta original da fabricante era entregar as primeiras aeronaves em 2013.
A família SpaceJet, que também inclui o modelo M100, acumula até o momento cerca de 400 pedidos. O primeiro cliente a receber os novos jatos será a companhia japonesa All Nippon Airways, que encomendou 15 exemplares do M90 e tem opções de compra para mais 10 unidades.
Os seguidos atrasos na conclusão e certificação da aeronave já custaram a Mitsubishi mais de 150 cancelamentos. A perda mais expressiva partiu da empresa norte-americana Trans States Holdings, que no ano passado desistiu de comprar 100 aeronaves (modelos M90).
A demora na certificação também vem afetando a cadeia produtiva do SpaceJet. Importante fornecedor do programa, a Toray suspendeu temporariamente no final de 2019 a produção dos principais componentes de fibra de carbono das aeronaves, pois o cronograma atrasado aumenta os custos.
Lançado com grande alarde em março de 2008, o programa MRJ e hoje renomeado como SpaceJet já consumiu mais de 600 bilhões de ienes (cerca de US$ 5,4 bilhões) dos cofres da Mitsubishi, além de 50 bilhões de ienes em subsídios do governo japonês.
Primeiro jato comercial do Japão
O SpaceJet é o primeiro jato comercial desenvolvido no Japão (não confundir com o HondaJet, uma aeronave de transporte executivo). A última vez que a indústria japonesa havia se aventurado na aviação comercial foi com o bimotor turboélice NAMC YS-11, produzido entre 1962 e 1974, e que ficou conhecido no Brasil com as cores da VASP, que o chamava de “Samurai”.
Pelo porte e desempeno, a futura série de aeronaves da Mitsubishi vai concorrer diretamente com os Embraer E2, em especial os modelos E175-E2 e E190-E2. O M90, o primeiro membro da família de jatos da Mitsubishi, é projetada para transportar entre 81 e 92 passageiros. O segundo modelo será o M100 (ex-MRJ70), com capacidade para até 76 passageiros.
Os jatos da Mitsubishi são impulsionados por motores Pratt & Whitney da série PW1000G, a mesma usada em aeronaves como o Airbus A320neo e A220, Irkut MC-21 e os novos Embraer E2. A aeronaves da Mitsubishi também são equipadas com controles computadorizados fly-by-wire e tem partes das asas e da fuselagem construídos com material composto.
A Mitsubishi produz a série SpaceJet em sua instalação ligada ao aeroporto de Komaki, em Nagoya, mesmo local onde foi produzido o caça A6M Zero durante a Segunda Guerra Mundial.
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