Após anunciar o mudança de nome de seu programa de jatos regionais MRJ para SpaceJet dias antes, a Mitsubishi Aircraft desapontou os visitantes do Paris Air Show ao revelar apenas um acordo prévio para a venda de 15 unidade da versão M100 para uma companhia aérea dos EUA cujo nome não foi revelado.
Nem mesmo a expectativa de um anúncio da compra do programa de jatos CRJ da Bombardier ocorreu. As duas empresas seguem conversando, mas um acordo deve levar mais tempo.
Já o desenvolvimento do jato regional continua bastante atrasado. Previa-se a entrada em serviço em 2013, mas isso só deverá ocorrer em 2020 com a versão M90, anteriormente chamada de MRJ90.
O antigo modelo MRJ70, de menor capacidade, foi rebatizado como M100 e teve uma maquete de seu cabine de passageiros apresentada em Le Bourget. Mas a fabricante pouco revelou sobre seu redesenho que, afirma ela, fará o avião se adequar à cláusula de escopo das companhias aéreas dos EUA.
Para conseguir isso, a Mitsubishi teria decidido alongar a fuselagem do MRJ70 para transportar 76 passageiros – limite da cláusula – em uma configuração de cabine de três classes. Fora dos EUA, o M100 será capaz de levar 88 passageiros.
Para manter o limite de peso máximo de decolagem em 86.000 libras (39 toneladas) e ainda oferecer um bom alcance – estimado em 1.500 nm (cerca de 2.800 km) -, a fabricante afirma que aumentará o uso de materiais compostos em sua construção – as especificações do novo avião ainda não foram reveladas.
Estreia apenas em 2023
Apesar do anúncio do negócio, a Mitsubishi continua correndo o risco de lançar uma família de jatos que pode fracassar a médio prazo à medida que nesse meio tempo seus potenciais clientes renovam suas frotas com concorrentes já disponíveis no mercado.
Embora tenha algumas encomendas importantes, o jato japonês depende do mercado regional dos EUA para fazer sucesso. Como o M90 não se encaixa nas limitações do sindicato de pilotos das companhias aéreas será preciso esperar por mais quatro anos para ter o novo M100 que só entrará em serviço em 2023, segundo a Mitsubishi.
Nesse espaço de tempo, a Embraer, principal fornecedora de jatos nessa classe, contará com a força da parceira Boeing para manter o domínio no mercado, mesmo que o E175-E2, o rival direto do M100, não consiga a atender as atuais regras da cláusula de escopo. É, sem dúvida, uma corrida contra o tempo em que a Mitsubishi já partiu bem atrasada.
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