Um dia depois de negar o fim do projeto Spacejet, o grupo Mitsubishi Heavy Industries (MHI) encerrou formalmente o desenvolvimento dos jatos regionais da Mitsubishi Aircraft nesta terça-feira (7). A mudança de postura da companhia confirmou os relatos da imprensa japonesa de que o programa estava prestes a terminar.
Antes conhecido como Mitsubishi Regional Jet (MRJ), o projeto do SpaceJet foi congelado por tempo indefinido pela Mitsubishi em 2020. Nesse meio tempo, a fabricante também fechou a base de testes da aeronave em Moses Lake, nos EUA, e desmontou um dos protótipos.
Iniciado em 2008, o programa previa o lançamento da aeronave de série em 2013, com a companhia japonesa ANA, mas o jato só voou pela primeira vez em 11 de novembro de 2015. A data da entrega do avião também foi adiada diversas vezes até o projeto ser suspenso. A família de jatos regionais da Mitsubishi, com capacidades entre 70 e 90 passageiros, concorria na mesma categoria dos E-Jets da Embraer.
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Em comunicado sobre os resultados financeiros de 2022, o MHI citou quatro motivos para justificar a descontinuação do projeto:
1. A fabricante não alcançou o nível tecnológico, sobretudo em
soluções de descarbonização, para avançar com o projeto.
2. Dificuldade em obter entendimento e cooperação necessária de
parceiros globais.
3. Escassez de pilotos e as limitações da cláusula de escopo da
aviação regional dos EUA.
4. Falta de financiamento para continuar o processo de certificação
de tipo do SpaceJet.
Apesar do fim do SpaceJet, o MHI enfatizou que o programa de jatos regionais contribuiu para o setor de aviação do Japão, “que aspira devolver a fabricação de aeronaves ao país” – o último avião comercial fabricado no Japão foi o turboélice NAMC YS-11 (conhecido no Brasil com o nome “Samurai”, operado pela VASP), projetado na década de 1960.
A fabricante ainda acrescentou que o conhecimento adquirido ao longo dos anos com o SpaceJet agora será aplicado programa F-X de caça de sexta geração, desenvolvido em parceria com a Itália e o Reino Unido.
Enquanto durou, o SpaceJet foi o programa de aviação comercial mais ambicioso do Japão. A aeronave foi proposta nas versões M90 e M100, com capacidade entre 88 e 76 passageiros.
A segunda variante era proposta especificamente para atender a cláusula de escopo da aviação regional dos EUA, que proíbe operações nessa categoria com aviões com mais de 39.000 kg de peso máximo de decolagem. Ela competiria com o bem-sucedido E175 de primeira geração, com a qual a Embraer domina as vendas da categoria.
O modelo que seria capaz de enfrentá-lo é o E175-E2, a segunda geração de E-Jets, porém, a aeronave não atende à cláusula de escopo por ser muito pesado e ter uma capacidade de assentos acima do limite – a Embraer desenhou o avião dessa forma apostando que as regras seriam relaxadas pelos sindicatos de pilotos, o que não ocorreu até hoje.
Isso já era esperado há muito tempo. Fico triste porque era um projeto legal. Mas feliz pela Embraer. Agora o E2 tem caminho livre pra deslanchar no Japão.
Isso é para os críticos vira-latas brasileiros que acham que o que a Embraer faz é fácil, que ela chegou onde chegou sem mérito.
Mas e a tal cláusula de scopo? Não existe nenhuma perspectiva dela cair? Existe alguma informação quanto a isso?
A Embraer poderia fazer um lobby pesado pra isso ir pra frente por lá.