Um dia após ter após fontes relatarem que a Mitsubishi Heavy Industries (MHI) planeja congelar o desenvolvimento do projeto Spacejet, o grupo japonês negou que tomará tal decisão. Por outro lado, o conglomerado admitiu que está procurando “várias possibilidades” para o programa de jatos regionais que já passou por seis adiamentos nos últimos sete anos.
“A MHI está continuando uma revisão detalhada da programação do programa SpaceJet, em vista do impacto do COVID-19, e está avançando com o desenvolvimento com um orçamento apropriado que leva em consideração os desafios financeiros adversos enfrentados pelo grupo MHI Group”, informou o grupo japonês.
“É verdade que estamos considerando várias possibilidades, mas não há verdade nos relatos de que decidimos congelar o desenvolvimento”, acrescentou a MHI.
O grupo Mitsubishi também confirmou que seu próximo plano de negócios de médio prazo, que também cobre o programa SpaceJet, será anunciado em 30 de outubro junto com os resultados financeiros do segundo trimestre da empresa.
A MHI emitiu a declaração em resposta a reportagens da mídia japonesa e repercutida pela agência Reuters, citando fontes internas do conglomerado, que o programa dos jatos regionais será radicalmente reduzido e o desenvolvimento suspenso em meio à desaceleração da aviação global.
Duramente abalada pela crise econômica influenciada pela pandemia do novo coronavírus, a MHI informou em maio que reduziria em mais da metade o orçamento anual para o projeto SpaceJet, desenvolvido pela unidade Mitsubishi Aircraft Corporation, no mais grave dos inúmeros reveses do programa que já foi adiado seis vezes. Na ocasião, a fabricante japonesa também anunciou o fechamento de sua instalação de testes nos EUA.
O cronograma mais recente divulgado pela Mitsubishi previa a entrega do primeiro SpaceJet para março de 2022 à companhia aérea japonesa All Nippon Airways. Os aviões japoneses competem na mesma categoria dos E-Jets da Embraer.
Numerosos atrasos
O programa SpaceJet foi lançado originalmente em 2003 como o Mitsubishi Regional Jet (MRJ) com apoio do governo japonês que pretendia criar uma aeronave de passageiros nativa, algo que o país não possuía desde os anos 1960 quando foi lançado o turboélice NAMC YS-11 (conhecido no Brasil com o nome “Samurai”, operado pela VASP), mas que teve pouca adesão no mercado.
Desde então, a primeira versão, MRJ90 (atual M90), com capacidade para 90 passageiros, tem passado por inúmeros atrasos em seu desenvolvimento que culminaram com a revisão do projeto em 2019. O projeto já consumiu quase US$ 10 bilhões.
Além de mudar o nome da aeronave para SpaceJet, a Mitsubishi abandonou os planos para o MRJ70, um jato menor, para se concentrar no M100, que atenderia as cláusulas de escopo das companhias aéreas dos EUA, principal mercado do modelo.
O programa SpaceJet é atualmente o projeto de avião comercial mais atrasado do mundo, superando o jato chinês C919 da COMAC e o russo MC-21 da Irkut, que também acumulam uma série adiamentos.
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