O Paris Air Show, que começará no dia 17 de junho, poderá ser palco de um anúncio de peso. Segundo rumores, a Mitsubishi Aircraft pretende anunciar a aquisição do programa CRJ da Bombardier, última família de aviões comerciais da empresa canadense.
A fabricante japonesa confirmou que está negociando com a Bombardier, mas que nenhuma decisão foi tomada. Em situação financeira delicada, a empresa canadense está deixando o setor de aviação comercial.
Em 2018, a empresa repassou o programa C Series para a Airbus que o transformou no jato A220 e na semana passada vendeu os direitos de propriedade dos turboélices Q400 para o grupo Longview, que já detém os antigos aviões da De Havilland Canada.
Já se sabia que a Série CRJ também seria vendida, mas o que não se esperava é que o maior interessado fosse a Mitsubishi, com quem a Bombardier protagoniza uma disputa judicial por acusá-la de ter comprado segredos industriais ligados aos seus produtos.
Embora assumir a linhas de jatos CRJ acabe por eliminar um concorrente do mercado que tem hoje quase 2.000 aviões entregues, está pouco claro o que a Mitsubishi ganhará com uma linha de aviões que se sobrepõe aos seus dois modelos, o MRJ90 e o MRJ70.
A Bombardier atualmente oferece quatro versões do CRJ, um jato regional nascido do clássico jato executivo Challenger. Os modelos vão do CRJ700 de 78 lugares (que também é vendido como CRJ550 com cabine para 50 passageiros), o CRJ900 (90 lugares) ao CRJ1000, com 104 assentos.
Ou seja, não parece fazer sentido oferecer esses dois tipos de aviões para os mesmos clientes. Uma hipótese é que a Mitsubishi possa estar de olho no mercado logo abaixo de 70 lugares, onde seu projeto original não possui vantagens pelo tamanho.
No entanto, a Mitsubishi pode estar de olho na grande lista de clientes da série CRJ, potenciais compradores do MRJ. Ter em mãos todo um histórico de pós-vendas e pontos fortes e fracos desses aviões servirá de bagagem para uma empresa iniciante como ela – hoje os aviões canadenses estão presentes em cerca de 90 países.
O assunto surgiu dias depois que a Mitsubishi anunciou mudanças importantes em seu programa MRJ que deve mudar de nome para “Space Jet”. A fabricante também pretende adequar o MRJ70 para atender as cláusulas de escopo dos sindicatos de pilotos dos EUA a fim de permitir que ele seja vendido para as companhias aéreas regionais do país. Além disso, ela pretende transferir a produção do jato comercial para a América do Norte, na tentativa de atrair clientes no país, onde está o maior mercado para esse tipo de aeronave.
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