Mitsubishi prepara mudanças drásticas no programa MRJ

Primeiro jato comercial japonês deve chegar ao mercado com sete anos de atraso e outro nome: Space Jet
O MRJ90 terá autonomia para voos de até 3.700 km com uma máxima de 92 passageiros a bordo (Mitsubishi)
O MRJ90 terá autonomia para voos de até 3.700 km com uma máxima de 92 passageiros a bordo (Mitsubishi)
Japão volta a voar! O MRJ realizou um voo de 90 minutos pela costa japonesa (Mitsubishi)
O Mitsubishi MRJ90 fez seu voo inaugural em novembro de 2015; testes seguem até hoje (Mitsubishi)

Um dos programas aeronáuticos que mais vem sofrendo atrasos nos últimos anos, os jatos MRJ da Mitsubishi Aircraft vão passar por uma reformulação para se adequar ao mercado de aviação regional dos Estados Unidos. As mudanças incluem um novo nome para o projeto, que será renomeado como “Space Jet”, e alterações drásticas no MRJ70, o menor modelo da família projetado para receber 70 assentos. As novas especificações do avião serão divulgadas no Paris Air Show, que acontece neste mês.

Publicações do Japão apontam que o objetivo da fabricante é reduzir o valor unitário da aeronave e também seu consumo de combustível. A Mitsubishi também considera levar a produção dos jatos para os EUA, onde está concentrado o maior mercado de aviação regional do mundo. Junto com a renomeação do programa, isso marca uma mudança significativa na direção do que havia sido planejado originalmente para o primeiro jato comercial japonês.

As alterações no MRJ70 são necessárias para adequar a aeronave às “cláusulas de escopo” dos sindicatos de pilotos dos EUA, que permitem somente a entrada de jatos regionais com até 76 assentos e peso máximo de decolagem de 86.000 libras (39.000 kg) – o projeto original do MRJ70 supera essa marca em cerca de 2.000 kg.

A Mitsubishi iniciou o programa MRJ com o modelo MRJ90, de 90 assentos, em meio a uma expectativa de que os limites impostos nos EUA poderiam mudar. O mesmo acontece com a Embraer em relação ao E175-E2, que também supera o peso máximo estabelecido na regra do mercado norte-americano.

No entanto, com a indústria sofrendo com a falta de pilotos, analistas apontam como improvável mudanças na cláusulas de escopo. Ou seja, se os novos aviões dessa categoria não se adequarem a regra atual, dificilmente devem ganhar espaço na concorrida aviação regional dos EUA.

A Mitsubishi ainda não divulgou quando será o primeiro voo do MRJ70 (Divulgação)
A Mitsubishi ainda não tem uma data para o primeiro voo do MRJ70 (Divulgação)

A fabricante japonesa está nos estágios finais da fase de certificação do MRJ90 com a autoridade de aviação civil do Japão e planeja iniciar as primeiras entregas a partir de 2020. O cronograma para o MRJ70, porém, ainda é incerto. Previsões otimistas apontam sua estreia somente para 2022. O programa MRJ soma até o momento 407 pedidos, todos pelo modelo de 90 assentos. O primeiro cliente da Mitsubishi será a companhia japonesa ANA.

Programa (muito) atrasado

A Mitsubishi iniciou os primeiros estudos sobre a série MRJ em 2003 e o primeiro conceito da aeronave foi apresentado no Paris Air Show de 2007. Na época, a fabricante planejava iniciar as entregas do MRJ90 em dezembro de 2013, mas mudanças no design e atrasos na certificação resultaram em cinco adiamentos. A estreia da aeronave agora é prevista para 2020.

O MRJ foi lançado como um esforço para construir o primeiro avião comercial do Japão desde o turbo-hélice YS-11, que entrou em serviço em 1965 – no Brasil esse avião ficou conhecido como “Samurai”, operado pela VASP. Em quase 20 anos de desenvolvimento, o programa já consumiu US$ 5,48 bilhões.

Veja mais: Embraer avança na produção do primeiro E175-E2

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