Foram meses convivendo apenas com ilustrações cujas características nem mesmo convergiam entre elas até que na sexta-feira, 2 de dezembro, a Força Aérea dos EUA (USAF) e a Northrop Grumman mostrassem pela primeira vez o B-21 Raider, novo bombardeiro furtivo do país.
Aeronave militar mais avançada conhecida, a nova asa voadora remete ao seu antecessor B-2 Spirit como esperado, mas traz mudanças importantes, visíveis mesmo com as poucas informações disponíveis.
O B-21 foi apresentado nos moldes do B-2 há 34 anos, num hangar da Planta 42 da USAF em Palmade, Califórnia. Desta vez, no entanto, houve o cuidado de não expor a aeronave durante o dia e também proibir qualquer voo ou ângulo fotográfico que não o frontal. Em 1988, a Aviation & Week conseguiu imagens aéreas do B-2 revelando sua traseira, a contragosto do governo dos EUA.
Além da imagem do evento de sexta-feira, a Força Aérea divulgou duas imagens em alta resolução do Raider e são elas que falam mais do que o texto do comunicado oficial.
Embora não se tenha qualquer dado técnico disponível no momento, é possível listar alguns fatos baseados nas duas fotos.
O B-21 parece mesmo menor que o B-2
A envergadura do novo bombardeiro sugere que ele é menor que o B-2 e talvez com um ângulo de enflechamento maior. Mas são os trens de pouso que denunciam um suposto peso mais leve. A bequilha é menos robusta que a do Spirit e o trem de pouso principal possui apenas um conjunto com duas rodas contra quatro do B-2.
A parte superior do Raider é menos protuberante
A imagem comparativa acima ressalta que a Northrop Grumman se preocupou em reduzir a exposição da cabine de comando e sobretudo da entrada de ar dos motores, agora praticamente escondidas sobre as asas. Resta entender como o B-21 se compartará em altos ângulos de ataque já que o B-2 possui aberturas sobre as carenagens para desviar ar para os motores.
O volume da “fuselagem” do B-21 parece maior
Por serem asas voadora, o B-2 e o B-21 dependem da distribuição de componentes e armamentos na porção central da estrutura, mas no Raider esse volume central parece maior enquanto no Spirit ele se estendia mais para as pontas.
O B-21 possui mesmo um formato de janelas bastante peculiar
Nas ilustrações divulgadas antes da apresentação, B-21 aparecia com um para-brisa e janelas laterais parecidos com o B-2, mas uma imagem acabou destoando dessa configuração. Nela, o para-brisa aparecia separado das janelas laterais e em ângulos incomuns. No fim, o Raider segue justamente essa configuração, que talvez possa ser justificada por uma menor área de reflexão.
Cinza claro no lugar do cinza escuro em dois tons
A Northrop Grumman sugere ter desenvolvido uma superfície num tom de cinza mais claro no B-21, ao contrário dos dois tons de cinza escuro no B-2.
Novo logotipo da Northrop Grumman?
Na ponta do nariz está pintado um símbolo desconhecido, mas basta uma pesquisa para notar que eles são a união de dois antigos logotipos da Northrop e da Grumman.
Menos forma, mais conteúdo
Como se vê, o B-21 Raider ainda deve suscitar muitas dúvidas e descobertas durante seu programa de desenvolvimento e isso não é coincidência.
Se em 1988, a União Soviética parecia incapaz de desenvolver um bombardeiro semelhante, agora a China possui recursos para reproduzir uma aeronave semelhante, embora o bombardeiro furtivo atualmente em desenvolvimento esteja perto de ser revelado.
Portanto, o cuidado em não expôr detalhes estratégicos ficou evidente. É o que não vemos que pode significar as grandes vantagens estratégicas do Raider. A superfície da aeronave apresentada, por exemplo, praticamente não tem marcas que indicariam sistemas, equipamentos e sensores como os que aparecem no B-2.
Mais importante é que há dentro do B-21. Como aeronave de 6ª geração, o bombardeiro furtivo é uma plataforma mutável, capaz de receber novas tecnologias sem grande dificuldade e ser reconstruído com facilidade se preciso. É nessa mudança de paradigma que a USAF aposta para tornar o Raider uma ameaça constante a partir do final da década.