Defensor ferrenho do gigante Airbus A380, Tim Clark, presidente da Emirates Airline, disse em entrevista ao Flight Global que lamenta a decisão da fabricante europeia ter desistido de projetar o “A380neo”. Segundo o executivo, a aeronave reformulada seria “absolutamente brilhante” e poderia oferecer uma redução de dois dígitos no consumo de combustível.
“Chegamos muito perto de concluir o (A380) Neo, que eu ainda acredito que tem espaço hoje, no pós-Covid”, disse Clark, que vai deixar a Emirates nos próximos meses após 17 anos no comando da empresa aérea de Dubai.
Em 2017, a Airbus levou para o Paris Air Show o A380plus, uma versão atualizada do maior avião de passageiros do mundo que prometia uma redução de 4% no consumo de combustível e um custo operacional por assento 13% mais baixo.
A modernização da aeronave incluía novos winglets, com formato semelhante aos “sharklets” do Boeing 737 MAX e a introdução dos motores mais eficientes Trent XWB da Rolls-Royce, além de modificações na cabine que permitiram acrescentar mais 80 assentos.
Segundo a Airbus, essas alterações dariam ao A380 um ganho de 555 km na autonomia total (o modelo atual tem alcance de 15.200 km) e o avião poderia decolar com peso máximo de 578 toneladas, três ton a mais que a configuração atual. Apesar das boas credenciais, o projeto que visava a criação do A380neo não foi adiante.
Clark ainda mencionou que a introdução dos motores Trent XWB no A380neo trariam uma “mudança radical” no consumo de combustível, entre 12% e 14% mais baixo.
Maior cliente disparado do A380, com mais de 100 jatos na frota, a Emirates reestruturou sua carteira de pedidos em 2019 e abriu mão de receber 39 aeronaves, fechando sua encomenda em 123 unidades – a empresa ainda vai receber mais 8 aparelhos.
Influenciada pela decisão da companhia árabe de cancelar pedidos e sem expectativa de conseguir vender mais exemplares da aeronave, a Airbus optou no ano passado pelo encerramento do programa A380. A produção do quadrimotor com espaço para mais de 500 passageiros deve ser descontinuada em 2021.