A direção da Korean Air anunciou nesta segunda-feira (16) que vai assumir o controle da concorrente Asiana Airlines em um acordo apoiado pelo governo da Coreia do Sul para ajudar as duas maiores companhias do país a sobreviverem à pandemia da COVID-19.
Grupo controlador da Korean Air, o Hanjin KAL planeja assumir 63,9% da Asiana comprando 1,5 trilhão de won (cerca de R$ 7,2 bilhões) em ações e mais 300 bilhões de won (R$ 1,4 bilhão) em títulos corporativos da companhia aérea. A negociação será financiada por acionistas da KAL e o banco estatal sul-coreano Korean Development Bank (KDB).
“Percebemos que sem reestruturação na indústria de aviação não está claro se as companhias aéreas sobreviveriam mesmo após o fim da pandemia do coronavírus”, informou o KDB em um comunicado. “Com o acordo, a empresa aérea integrada será uma das dez maiores companhias aéreas do mundo.”
O anúncio da Korean Air põe um fim as especulações sobre quem iria adquirir a Asiana. Em setembro de 2019, o grupo Hyundai Development Company desistiu de assumir o controle da companhia.
“Considerando que a situação financeira da Korean Air também pode ser ameaçada se a situação da Covid-19 for prolongada, é inevitável reestruturar o mercado doméstico de aviação para aumentar sua competitividade e minimizar a injeção de fundos públicos”, salientou a Korean Air.
A aquisição, respaldada em parte pelo dinheiro do contribuinte, destaca a preocupação de Seul com o futuro do mercado de aviação local. Na imprensa sul-coreana, analistas apontam que uma companhia aérea maior tem melhores condições na nova era da aviação global pós-pandemia.
Maior companhia aérea da Coreia do Sul, a Korean Air possui uma frota com cerca de 170 aeronaves e tem bases em 150 aeroportos. Segunda colocada no mercado sul-coreano, a Asiana conta com 80 jatos e voa para 90 localidades. Combinando forças, as duas empresas entram no Top 10 das companhias aéreas que atendem para mais destinos.
As duas companhias coreanas também são alguns dos raros operadores dos gigantes A380. A Korean Air possui 10 aparelhos e a Asiana seis, formando a terceira maior frota do avião de dois andares da Airbus – atrás de Emirates Airline (114 jatos) e Singapore Airlines (19 jatos).
A passagem do controle acionário da Asiana Airlines para o grupo Hanjin KAL ainda precisa ser aprovada pelo governo sul-coreano, o que deve acontecer nas próximas semanas.
Crise da Asiana
Atuando como uma “sobra” da Korean Air, a Asiana Airlines vem acumulando dívidas desde antes da pandemia. Nos últimos anos, a empresa cancelou uma série de rotas e chegou a operar voos sem refeições de bordo aos passageiros, mesmo em viagens com mais de 12 horas de duração.
Por um longo período, a Asiana foi forçada a operar uma frota de aeronaves mais antigas devido a falta de investimentos. Isso impediu a companhia de participar do forte crescimento do mercado asiático de aviação comercial. Quando finalmente comprou novos jatos (como os Airbus A350 e A380), a empresa passou a ter ainda mais dificuldades de equilibrar suas finanças.
Apesar da nova investida, a Korean Air está numa situação delicada e logo deve anunciar um plano de reestruturação com uma série de cortes, incluindo mudanças nos quadros das Asiana. Com as restrições de voo e fechamento de fronteiras durante os primeiros meses da pandemia, as companhias aéreas da Coreia do Sul foram umas das mais afetadas e chegaram a paralisar totalmente suas frotas na fase crítica da crise de saúde global.
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