Novo destino: casco do ex-porta-aviões São Paulo ruma para Pernambuco

Rebocador que transporta a antiga embarcação era esperada no Rio de Janeiro no fim de semana, mas tomou novo rumo para o Porto de Suape
O NAe São Paulo deixando o Rio de Janeiro, em 4 de agosto de 2022 (AIRWAY)

A saga do desmonte do antigo porta-aviões São Paulo teve mais uma mudança de percurso em sua viagem. O rebocador que leva o casco da embarcação tinha como destino o Rio de Janeiro (RJ), mas agora está navegando para o Porto de Suape (PE), onde sua chegada é esperada para quarta-feira (5).

Segundo o monitoramento em tempo real do Greenpeace, o comboio deu volta na última sexta-feira (30/9) quando navegava próximo do litoral do Espírito Santo. O novo destino do navio desativado (que pode ser acompanhado pelo código do rebocador), no Pernambuco, já aparece atualizado nas plataformas de monitoramento em tempo real de embarcações.

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Como apurou o AIRWAY, a passagem do porta-aviões em Suape seria uma parada técnica e até o momento ele não está autorizado a atracar. Portanto, o navio ficará distante do porto, “fundeado numa área ao norte do Recife”, segundo uma fonte ouvida pela reportagem. Comenta-se também que o casco do navio militar deve passar por um teste de flutuabilidade nos próximos dias, para avaliar as condições da estrutura e definir seu próximo local de atracação.

Há relatos ainda não confirmados de que o porta-aviões foi proibido de retornar para a Baía de Guanabara e por isso mudou seu destino. A embarcação ficava estacionada na região, no Arsenal da Marinha, na Ilha das Cobras. A reportagem não conseguiu um retorno da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro.

Esta foi a segunda alteração na jornada de despedida do ex-Navio-Aeródromo São Paulo (A-12). O casco do barco que pertenceu à Marinha do Brasil partiu do Rio de Janeiro em 4 agosto preso ao rebocador holandês Alp Centre e seguiu em direção a Turquia, onde ele seria desmontado. No Entanto, em 26 de agosto, as autoridades turcas barraram a entrada da embarcação em seu território. No começo de setembro, o grupo também foi desautorizado a passar pelas águas de Gibraltar, território do Reino Unido na entrada do Mar Mediterrâneo.

Pressionado por grupos ambientalistas, o governo turco reclamou da falta de um inventário mais detalhado sobre a presença de materiais tóxicos na embarcação e proibiu a passagem do barco em suas águas. Em resposta, o IBAMA pediu o retorno do porta-aviões e notificou o exportador brasileiro do navio, a empresa carioca Oceans Prime, que conduz o deslocamento do navio.

O casco do porta-aviões São Paulo foi arrematado em março de 2021 por R$ 10,5 milhões por representantes brasileiros do estaleiro turco Sok Denizcilikve Tic, que é especializado no desmanche de embarcações desativadas.

O NAe São Paulo chegou ao Brasil em 2001; o navio foi construído na França entre 1957 e 1960 (Marinha do Brasil)
O NAe São Paulo chegou ao Brasil em 2001; o navio foi construído na França entre 1957 e 1960 (Marinha do Brasil)

Maior navio de guerra do Brasil

O navio-aeródromo São Paulo chegou às mãos da Marinha do Brasil no ano 2000, comprado da França por US$ 12 milhões durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O navio foi o substituto do NAeL Minas Gerais, que operou no Brasil entre 1960 e 2001.

Quando ainda estava ativo, o São Paulo era o porta-aviões mais antigo do mundo em operação. A embarcação foi lançada ao mar em 1960 e serviu com a marinha da França com o nome FS Foch, de 1963 até 2000. Sob a identidade francesa, o navio de 32,8 mil toneladas e 265 metros de comprimento atuou em frentes de combate na África, Oriente Médio e na Europa.

Com a Marinha do Brasil, no entanto, a embarcação teve uma carreira curta e bastante conturbada, marcada por uma série de problemas mecânicos e acidentes. Por esses percalços, o navio passou mais tempo parado do que navegando. Em fevereiro de 2017, após desistir de atualizar o porta-aviões, o comando naval decidiu desativar o NAe São Paulo em definitivo.

Caças AF-1 estacionados no convés de voo do NAe São Paulo (MB)
Caças AF-1 estacionados no convés de voo do NAe São Paulo (MB)

Segundo dados da marinha brasileira, o São Paulo permaneceu um total de 206 dias no mar, navegou por 54.024,6 milhas (85.334 km) e realizou 566 catapultagens de aeronaves. A principal aeronave operada na embarcação foi o caça naval AF-1, designação nacional para o McDonnell Douglas A-4 Skyhawk, hoje operados a partir de bases terrestres.

Porta-aviões gêmeo, Clemenceau passou por situação parecida

O Clemenceau, irmão do Foch, que foi desmantelado no Reino Unido entre 2009 e 2010, teria cerca de 760 toneladas da substância retirada de seu casco. Desativado em 1997, o porta-aviões foi vendido para uma empresa espanhola em 2003, que pretendia desmontá-lo também na Turquia, mas a França cancelou o acordo.

Dois anos depois, o governo francês tentou levá-lo para a Índia, onde outro porta-aviões brasileiro, o Minas Gerais, foi desmontado sem quaisquer cuidados.

O porta-aviões Clemenceau (R98), irmão gêmeo do São Paulo, em Brest em 2008 (Duch.gege)

A tentativa foi frustrada pelo Egito, que impediu que o Clemenceau passasse pelo Canal de Suez. Após discussões prolongadas, a França decidiu trazer o navio de volta. Em 2008, finalmente o porta-aviões seguiu para Hartlepool, no norte da Inglaterra, onde a empresa Able UK o desmontou.

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  1. Interessante a matéria. O destino deste porta aviões deveria ser um museu. Deveria atracar em um local que permita visitantes e turistas a conhecer um porta aviões.

  2. Querem transformar esse casco em um museu, Porém os custos são altíssimos de manutenção, energia, água , proteção do casco e funcionários e, anualmente devido a corrosão da marisia, fora o espaço que a embarcação toma no cais dificultando atracação de outras embarcações, sem contar que o mesmo vai precisar de entrar em um dique para avaliar as estruturas e realizar pinturas para proteger o casco da embarcação.,
    Hoje estão brigando para trazer um navio de volta que no meu ponto de vista não vai trazer nenhum benefício para o Brasil.

  3. E tem gente que ainda acha que essa banheira velha deveria ser reformada e a MB continuar usando.
    Quando o Brasil comprou esse navio, ele já era uma sucata!
    Deveriam usar essa sucata como alvo, para treinamento de tiro de torpedo, canhão, míssel, etc….

  4. Eu viajei muito nesse A-12 pelo Esquadrão VF-1, o investimento seria muito elevado para transformá-lo em QQ outra coisa. O melhor seria ele se transformar em alvo e afundá-lo.

  5. Duas opçôes: reforma e transforma em porta-helicópteros porque não precisa catapultar; ou reforma e transforma em prisão de alto mar pra alojar corruptos e traidores da pátria.

  6. Não seria melhor limpá-lo bem de toda e qualquer substância tóxica e afundá-lo em Fernando de Noronha????… Para transformá-lo numa atração turística para mergulhadores???…

  7. A compra desse navio só serviu para tirar o peso da França e endividar o Brasil. Alguém ganhou muito dinheiro por fora, pois, já se sabia que era sucata problemática.

  8. Não é financeiramente viável para a marinha mantê-lo na ativa. Quanto a transforma-lo em Museu o custo seria altíssimo. Ninguém quer assumir uma despesa desse montante.

  9. Afunda no Parque de Mergulho Submarino que há em Pernambuco. Já está lá. Porém fora do roteiro da Regata Recife-Fernando de Noronha, e longe de SUAPE.

  10. Este porta aviões deveria servir de referência (modelo) para a construção de uma nova embarcação aqui no Brasil, com um novo projeto e tecnologia atual.
    Infelizmente a falta de visão e patriotismo impediram esta ação.

  11. Quando essa lata velha navegava pelos sete mares sob a bandeira da França, não apareceu um “ambientalista” sequer para reclamar que barco tinha “substâncias tóxicas”, agora que foi abrasileirado o mimimi é geral.

  12. Engraçado para não dizer ridículo. Imagine um museu flutuante francês bancado por brasileiros!! O Foch e o Clemenceau tiveram uma história na França, mas por aqui o “São Paulo” só foi pepino e dinheiro jogado fora, inclusive com a compra dos velhos A4 Skyhawk para equipa-lo!

  13. Deveria ser permanentemente encalhado nas ilhas São Pedro e São Paulo, onde serviria como um porto e ainda que temporáriamente de pista para pouso emergencial de pequenas aeronaves e suas instalações mais robustas do que as da ilha de apoio para militares e pesquisadores.

  14. O problema deste navio é o amianto que faz parte do seu casco. Brasil não tem condições técnicas de desmonta-lo. Afunda-lo traria consequências desastrosas ao meio marinho local. O problema foi como sempre dos funcionários públicos do IBAMA que não fizeram a documentação e estudo correto. Pro brasileiro essas incompetências passam, mas para os Turcos não. Segue a novela.

  15. O POLÍTICOS BRASILEIROS SEMPRE, COLOCANDO O BRASIL EM “CRUZETA”! NA COMPRA DESSA SUCATA, ALGUÉM SE DEU BEM NESSA CORRUPÇÃO. COMO SE COMPRA PARA USO MILITAR UMA URNA FUNERÁRIA ?

  16. Passamos por ele hoje pela manhã enquanto seguimos para atracar no porto. ele realmente está fundeado um pouco antes do porto de SUAPE – PE.

    Lamentável ver algo assim.
    Milhões de dólares jogados fora.

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