O jato E175-E2, da Embraer, realizou nesta quinta-feira (12) seu voo inaugural decolando das instalações da fabricante em São José dos Campos (SP). A aeronave é o terceiro integrante da família E-Jets E2. Segundo a empresa, a campanha de testes e certificação do novo modelo vai durar 24 meses, abrindo caminho para a estreia comercial em meados de 2022.
“O voo de hoje do E175-E2 simboliza a realização de nossa visão de produzir uma família de aeronaves comerciais de nova geração que traz economia de custos incomparável aos nossos clientes, conforto excepcional aos passageiros e menos emissões para o planeta”, disse John Slattery, presidente & CEO da Embraer Aviação Comercial. “O E190-E2 e o E195-E2 já demonstraram um desempenho incrível e o E175-E2 é igualmente impressionante. Estamos ansiosos para trabalhar na certificação. Meus sinceros agradecimentos a todos os funcionários da Embraer que ajudaram a tornar esse dia possível.”
O E175-E2 decolou às 11:07 da manhã (horário local) da pista adjacente ao complexo Faria Lima da Embraer e voou por duas horas e dezoito minutos. O comandante Mozart Louzada pilotou a aeronave, juntamente com o primeiro oficial Wander Almodovar Golfetto e os engenheiros de voo Gilberto Meira Cardoso e Mario Ito. O primeiro voo serviu para avaliar o desempenho da aeronave, a qualidade do voo e o comportamento dos sistemas, informou a fabricante.
A Embraer utilizará três aeronaves na campanha de certificação do E175-E2. O primeiro e o segundo protótipos serão utilizados para testes aerodinâmicos, de desempenho e de sistemas. O terceiro protótipo será usado para validar as tarefas de manutenção e será equipado com interior.
Em comparação ao E175 de primeira geração, o E175-E2 possui uma fileira adicional de assentos, podendo ser configurado com 80 assentos em duas classes ou até 90 em classe única. De acordo com a fabricante, o avião economizará até 16% em combustível e 25% nos custos de manutenção por assento em comparação ao modelo da primeira geração.
Assim como o E190-E2 e o E195-E2, o E175-E2 terá os intervalos de manutenção mais longos na categoria de jato de corredor único, com 10.000 horas de voo para verificações básicas e sem limite de calendário para operações típicas do E-Jet. Isso significa 15 dias adicionais de utilização da aeronave por um período de dez anos em comparação com os E-Jets da geração atual.
O E175-E2 é equipado com novos motores Pratt & Whitney PW1700G de alto desempenho, uma asa completamente nova, controles completos fly-by-wire e novo trem de pouso. Comparado ao E175 de primeira geração, 75% dos sistemas de aeronaves são novos.
À espera de pedidos
A despeito dos primeiros modelos da série E2, que juntos somam mais de 160 pedidos firmes, o E175-E2 ainda não recebeu nenhuma encomenda oficial. A Embraer chegou a divulgar uma carta de intenção da companhia norte-americana SkyWest Airlines para adquirir até 100 aeronaves, mas em seguida acabou excluindo essas opções de seu backlog.
Candidato a novo “best-seller” da Embraer, o E175-E2 é projetado para substituir o E175 da primeira geração, o avião comercial de maior sucesso da fabricante brasileira com mais de 800 unidades entregues desde 2005, a maioria para empresas regionais dos EUA.
A introdução da aeronave reformulada nos EUA, porém, depende de alterações na legislação local. Os contratos de sindicatos de pilotos do país contêm uma cláusula que impede companhias regionais de operarem aviões com peso máximo acima de 39.000 kg. O E175 de primeira geração obedece esse limite, diferentemente do novo E175-E2 que excede essa marca em quase 6.000 kg.
A Embraer vem trabalhando no novo jato com a esperança de que a chamada “Cláusula de Escopo” seja aliviada nas negociações contratuais deste ano e no próximo pelos sindicatos das empresas aéreas American Airlines, Delta, United e Alaska. Essas companhias operam a primeira geração do E175 por meio de empresas terceirizadas, como a SkyWest e a Republic Airlines, hoje os maiores clientes das aeronaves da fabricante brasileira.
Apesar do risco de não emplacar o novo jato nos EUA, o CEO da Embraer Aviação Comercial, John Slattery, declarou à imprensa em maio deste ano que vê oportunidades para o E175-E2 fora do mercado norte-americano, especialmente na Ásia.
A limitação imposta pelos sindicatos nos EUA também afetou o projeto MRJ da Mitsubishi Aircraft. Sem esperanças de ver mudanças nas regras, a fabricante japonesa decidiu reformular o programa (agora renomeado como SpaceJet) para adequá-lo ao mercado norte-americano. Apesar das alterações, o modelo específico para a aviação regional norte-americana, o M100 (ex-MRJ70), ainda amarga a falta de pedidos.
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