A categoria dos turboélices comerciais pode receber novidades interessantes nos próximos anos. A empresa alemã Deutsche Aircraft divulgou nesta semana detalhes adicionais sobre o D328eco, projeto que é uma reedição do modelo regional Dornier D328, produzido entre 1991 e 2000.
A Deutsche Aircraft é afiliada à 328 Support Services, companhia especializada no suporte e manutenção do D328 e que detém os direitos de produção da aeronave.
Prestes a renascer, o modelo reformulado D328eco terá a fuselagem alongada para aumentar a capacidade de passageiros e, como indica o nome do avião, será uma máquina de baixo impacto ambiental, embora ainda não se trate de uma aeronave com motorização híbrida ou elétrica.
Segundo a empresa alemã, o novo turboélice é projetado com 23,3 metros de comprimento, ou cerca de 2 m a mais do que o D328 original. Com esse porte, o avião poderá embarcar até 47 passageiros, 10 a mais que o modelo da primeira geração.
Na parte mecânica, os alemães propõem utilizar os motores Pratt & Whitney PW127S movidos por combustível sustentável – o D328 original usa os motores Pratt & Whitney PW119B. A empresa ainda adiantou que a cabine de comando da aeronave será equipada com aviônicos de última geração e o D328eco é pensado para operações “single pilot” (comandado apenas por um piloto).
“Apesar da crise (do coronavírus), o trabalho continua a todo vapor no D328eco”, informa a companhia, acrescentando que o avião deve chegar ao mercado em 2025. O projeto é financiado pelo governo alemão, que está investindo alto em soluções de transporte com zero emissão de carbono.
A empresa alemã acredita que a pandemia da Covid-19 vai trazer novos hábitos para a aviação no longo prazo, entre eles o aumento na demanda por viagens de curta distância nas quais o uso de jatos muitas vezes é inviável.
“O D328eco oferecerá uma solução alternativa e ecoeficiente nos mercados de aeronaves regionais e multifuncionais com menos de 50 assentos”, cita a Deutsche Aircraft. “Isso abrirá o caminho para a emissão zero nos próximos 15 anos.”
“Os hábitos de viagem e as demandas das companhias aéreas mudarão”, afirma a empresa. “As operações hub-and-spoke (voos de conexão de regiões menores com grandes hubs) tradicionais em grande escala serão reestruturadas conforme a demanda por transporte de curta distância, ponto a ponto e de baixa emissão crescer.”
A empresa ainda acrescentou que as companhias aéreas irão “redimensionar suas frotas para acomodar aeronaves menores, mais eficientes e mais ecologicamente corretas”.
Outra fabricante que também espera por essa movimentação no mercado pós-pandemia é a Embraer. Nos últimos meses com a recuperação gradual do mercado, a empresa já está sentindo essa readequação das empresas aéreas e os jatos regionais brasileiros têm as maiores taxas de reativação do setor. Com a demanda baixa do momento, aviões menores são mais produtivos.
O redimensionamento de frotas e o aumento esperado na demanda por rotas curtas também pode abrir oportunidades para o novo turboélice para até 100 passageiros planejado pela Embraer. Outra carta da empresa brasileira é o STOUT, um projeto de avião com motorização híbrida-elétrica com capacidade para cerca de 30 ocupantes.
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