O avião que bateu no arranha-céu Empire State em 1945
Muito antes do ataque terrorista ao World Trade Center em 2001, um avião já havia atingido um edifício em Nova York

A cidade de Nova York amanheceu no dia 28 de julho de 1945, um sábado, com um intenso nevoeiro que cobria praticamente toda a cidade. Por volta das 9 horas da manhã o Tenente-Coronel William Smith no comando de um bombardeiro North American B-25 Mitchell do Exército dos Estados Unidos (USAAF), que vinha de Boston, iniciou sua aproximação para pousar no aeroporto de Newark, em Nova Jersey, onde buscaria seu oficial comandante.
Ao sobrevoar o aeroporto de LaGuardia, o piloto pediu um relatório meteorológico à torre de controle devido às péssimas condições de visibilidade na região. Os operadores em LaGuardia pediram ao piloto que aterrissasse ali mesmo, mas Smith solicitou e recebeu permissão para continuar até Newark. Segundo relato da revista Time na época, a última transmissão de rádio de LaGuardia com o B-25 soou quase como um mau presságio: “De onde estou sentado, eu não consigo ver a parte de cima do Empire State Building”, teria dito um operador de voo.
Smith inciou os procedimentos de descida e entrou na densa névoa para tentar encontrar uma posição de melhor visibilidade abaixo das nuvens. Neste momento, o avião já voava bem no meio de Manhattan, e quando o piloto se deu conta estava entre os enormes arranha-céus da cidade. E pior, seguia de encontro ao New York Central Building. O comandante do B-25 fez um brusco desvio para oeste para evitá-lo, mas a manobra colocou o avião em rota de colisão direta com o Empire State.
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Inaugurado em maio de 1931, o Empire State era o edifício mais alto de Nova York e também do mundo, com 102 andares e 380 metros de altura, posição que se manteria por 41 anos, até a conclusão da torre norte do World Trade Center, em 1972.
Ao ver a enorme silhueta do prédio à frente, Smith desesperou-se, empurrou os manetes dando potência total aos dois motores e puxou o manche para trás no intuito de ganhar velocidade e altura. Mas já era tarde demais…
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Exatamente às 9 horas e 49 minutos daquela manhã, o B-25 de 10 toneladas despedaçou-se na face norte do Empire State Building, de frente para a Rua 34. A aeronave entrou direto no 79º andar, onde ficavam os escritórios do National Catholic Welfare Coucill, abrindo um enorme buraco de 5,5 por 6 mentros entre os 78º e 80º andares.
Com o impacto, a gasolina de alta octanagem do B-25 explodiu. As chamas invadiram o edifício, chegando até os corredores e escadarias do 75º andar. Um dos motores do avião atravessou o 79º andar e foi cair do outro lado do prédio, atingindo uma pequena construção na Rua 33.
O outro motor caiu pelo poço do elevador e bateu em cima de um dos elevadores. Os cabos arrebentaram e ele começou a cair vertiginosamente. A queda, porém, foi retardada por dispositivos de segurança e as duas mulheres que estavam dentro do carro sobreviveram. A ascensorista Betty Lou Oliver mais tarde foi citada no Guinness Book como sobrevivente da maior queda de elevador da história (o elevador despencou por 75 andares até parar).
Mais destroços ainda caíram nas ruas abaixo do edifício, apavorando os pedestres. Outros pedaços da aeronave também acertaram o terraço do quinto andar e mais uma parte ficou pendurada no buraco feito pelo impacto do B-25.
O fogo foi apagado 40 minutos depois e os restos mortais das vítimas e os destroços foram removidos durante o final de semana. O acidente matou 14 pessoas, sendo 11 trabalhadores do escritório e três tripulantes do B-25. Outras 26 pessoas ficaram feridas.

A estrutura do Empire State Building não foi prejudicada e já na segunda-feira subsequente foram iniciados os trabalhos de reformas e alguns andares foram liberados para funcionários e o público. Em poucas semanas o edifício já estava totalmente reparado.
Quando o WTC foi concluído, o Empire State Building perdeu o posto de edifício mais alto de Nova York, mas 28 anos depois, em 11 de setembro de 2001, dois Boeing 767-300 atirados por terroristas da Al Qaeda contra as torres gêmeas, que desabaram.
Com o desastre, o Empire State voltou a ser o prédio mais alto da cidade até a conclusão do “One World Trade Center”, de 546 metros de altura, em 2014.
Alguns meses depois do acidente com o B-25, em 20 de maio de 1946, um C-45 Beechcraft da USAAF atingiria o 58º andar do Trump Building, outro antigo arranha-céu de Nova York.
O acidente causou a morte dos cinco ocupantes da aeronave e obrigaria a administração do Empire State e dos demais edifícios de Manhattan a instalar um sistema anticolisão de aviões composto por um radiofarol e luzes de balizamento sobre a torres.