A primeira versão (-100) do Boeing 737, lançada no final dos anos 60, tinha um alcance de cerca de 3 mil km. Isso significa dizer que o jato de passageiros mais vendido da história tinha uma capacidade teórica de voar entre o Rio de Janeiro e Manaus sem escalas. Na prática seria pouco provável que operasse numa distância tão grande. Meio século depois, o novo 737 MAX 8, da Norwegian Air, realizou o que seria impensável naquela época: decolou de Edimburgo, capital da Escócia, e pousou horas depois em Hartford, no estado americano de Connecticut, marcando assim o primeiro voo regular transatlântico do modelo.
Essas cidades são separadas por cerca de 5 mil km de distância em linha reta, ou seja, 67% a mais que a rota Rio-Manaus. A iniciativa da Norwegian não é isolada. O 737 MAX, com seu alcance aprimorado, passou a ser uma opção para trechos em que a demanda não justifica a utilização de aeronaves maiores – a capital de Connecticut, por exemplo, não chega a ter 130 mil habitantes. Os jatos da companhia norueguesa levam até 189 passageiros com um serviço e espaço interno mais restrito, porém, com preços mais acessíveis.
A possibilidade de voar num 737 em rotas sobre o Oceano Atlântico não deve se restringir às companhias aéreas low-cost. A gigante United Airlines já admitiu que pode utilizar seus 737 MAX entre os Estados Unidos e a Europa, mas não num curto prazo: “Não temos pressa em colocar o 737 para voar no Atlântico, é algo que vamos olhar para o médio a longo prazo”, revelou Andrew Nocella, chefe de operações da empresa a analistas.
No limite
A United é maior cliente da nova e maior versão do 737, a MAX 10, com 100 unidades anunciadas durante o Salão de Le Bourget, em junho. A companhia americana também converteu sua encomenda original do modelo para a versão MAX 9. Para ela, ter um avião de fuselagem estreita voando sobre o Atlântico é algo comum desde que o 757 passou a cobrir algumas rotas.
Mas há quem ache que o 737 voando distâncias tão grandes não é um bom negócio. A agressiva companhia Ryanair, também cliente do aparelho, descartou essa possibilidade por considerar seu alcance ainda restrito para se encaixar na estratégia da empresa: “O 737 Max não ampliará nossa gama de operações”, reconheceu Michael O’Leary, presidente da companhia.
Só o fato de pensar que hoje é possível que um avião nascido para rotas de curta distância assumir a tarefa que antes era reservada a aviões multimotores não deixa de ser um assombro. Sim, o 737 já voa pelo Atlântico há anos, mas nas versões anteriores isso só era possível com restrições de peso e desempenho a fim de compensar a autonomia menor. Agora isso não é mais um grande problema.
Veja também: O fim dos aviões quadrirreatores
Oi Ricardo,
Parabens pelo seu site, eh muito profissional informativo e eu o acesso todos os dias espeando por novas materias!
Em relacao a esse post sobre os voos transatlanticos com o 737, na verdade a algum tempo a canadense WestJet ja voa de Dublin para St. John em um 737 durante a alta temporada no verao. Nao sei se por isso nao seria considerado um voo regular.
Abracao
O 737 MAX não é o primeiro 737 a comprir rotas regulares entre a Europa e os EUA!! Companhias como a Lufthansa e a SAS já usaram ou usam o 737-700/800 nessas rotas. A diferença é a configuração interna, tanto a LH (desde 2007) como a SAS usavam config full Business Class nas rotas por causa da limitação de peso…
Poxa, Natale, vou discordar de você. Como o peso não limita o desempenho do avião? A SAS, que você citou, levava 44 passageiros nessa configuração. Num cálculo simples, são pelo menos 3 toneladas. Já o voo da Norwegin pode decolar com 189 passageiros, algo como 13 toneladas. Ou seja, são 10 toneladas a mais que influenciam o desempenho da aeronave, sem dúvida.
Abraços!