Às 7 horas da manhã do dia 7 de dezembro de 1941, uma grande mancha surgiu na tela do primitivo radar operado pelo soldado Joseph Lockard, do Exército dos Estados Unidos, no Havaí. Prontamente, Lockard correu para avisar seus superiores e recebeu a seguinte resposta: “Hoje é domingo. O que você está vendo talvez seja uma fortaleza voadora B-17 que vem da Califórnia”. Após 55 minutos do alerta, centenas de aviões do Japão invadiram a baía de Pearl Harbor e iniciaram uma das mais devastadoras ações militares da história.
Relatórios dos EUA, ainda ausente da Segunda Guerra Mundial em curso na Europa e Ásia, já haviam indicado a ameaça do Japão. Porém, nem o mais pessimista dos especialistas norte-americanos previu um ataque como o da magnitude realizado a base em Pearl Harbor, onde estava estacionada a “Frota do Pacífico” da Marinha dos EUA.
O ataque a base americana, localizada na ilha de Oahu, foi realizado pela Marinha Imperial do Japão, na época uma das mais poderosas do mundo, e elaborado pelo Almirante Yamamoto, considerado um dos maiores estrategistas militares de todos os tempos. A ação começou a ser planejada em janeiro de 1941 e boa parte das informações sobre os alvos foi adquirida por espiões japoneses que atuavam no Havaí.
Para Yamamoto, o ataque a Pearl Harbor era uma espécie de “pré-guerra”. O objetivo era aniquilar a capacidade de reação das forças armadas dos EUA no Oceano Pacífico, para então aumentar sua expansão territorial pela Ásia sem enfrentar resistência de exércitos modernos.
O Japão estava em guerra com a China desde 1937 (Guerra Sino-Japonesa) e o próximo passo era a conquista de territórios ultramarinos controlados por nações europeias ou pelos EUA, muitos deles com vastas reservas de petróleo. E isso de fato aconteceu, como a invasão da Malásia, então uma colônia britânica, e das Filipinas, na época território norte-americano. Esses dois ataques aconteceram já no ano seguinte a ação em Pearl Harbor.
Tora! Tora! Tora!
No dia 26 de novembro de 1941, uma frota com seis porta-aviões com mais de 440 aviões embarcados partiu do norte do Japão com as proas apontadas para o Havaí. À frente deles, dezenas de submarinos e cruzadores abriam o caminho pelo Pacífico. Encontrar um navio dos EUA nesse momento poderia comprometer a execução da missão, cujo principal elemento de ataque era o fator surpresa. Outra precaução era o silêncio total nos rádios, para evitar a interceptação das mensagens.
A frota japonesa navegou sem nenhum contratempo até se posicionar ao noroeste do Havaí, a cerca de 600 km da costa, e os primeiros aviões decolaram no breu da madrugada. Os grupos eram formados por torpedeiros Nakajima B5N “Kate”, bombardeiros Aichi D3A “Val” e os temidos caças Mitsubishi A6M “Zero”, que os militares dos EUA conheciam apenas pelo nome…
A primeira leva era formada por 183 aeronaves, com objetivos específicos de atacar embarcações no porto e instalações militares na ilha. No rádio estava autorizado apenas uma única mensagem: “Tora! Tora! Tora!”. Esse era o código que autorizava os aviadores japoneses a iniciarem o ataque sobre Pearl Harbor. A ordem foi enviada após o voo de reconhecimento de Mitsuo Fuchida, líder do primeiro grupo de ataque, que relatou as condições favoráveis ao porta-aviões Akagi – também estavam na ação neste dia os porta-aviões japoneses Hiryu, Kaga, Shokaku, Soryu e Zuikaku.
Em poucos minutos, alguns dos maiores navios da marinha americana estavam em chamas ou começando a afundar. O pior ataque foi contra o cruzador USS Arizona, que explodiu violentamente após uma bomba alcançar seu depósito de munições, matando 1.177 de seus tripulantes. O primeiro grupo ainda atacou prédios oficiais e até mesmo metralou automóveis que transitavam pela ruas.
Todo o comando americano no Havaí foi pego de surpresa, por isso não houve nenhuma reação no primeiro momento. Enquanto isso, os porta-aviões japoneses já haviam lançado a segunda onda de aviões, com mais 171 caças e aeronaves de ataque ao solo.
As missões do segundo grupo eram continuar com o castigo as embarcações militares e atacar aviões americanos estacionados em três aeródromos pelo Havaí, em Ford Island, Barbers Point e Kaneohe. Entre uma onda e outra, porém, alguns poucos caças P-36 e P-40 dos EUA conseguiram decolar, mas ofereceram pouca resistência aos japoneses. Bombardeiros SBD Dauntless embarcados no porta-aviões USS Enterprise, distante da zona atacada, também prestaram apoio, mas sem sucesso.
Terceira onda é cancelada
Ao receber os primeiros relatos sobre aeronaves japonesas abatidas na missão, o Almirante Nagumo, líder da força tarefa de ataque, ordenou que o envio da terceira onda de aviões fosse cancelada. Os objetivos da terceira e última surtida eram destruir os reservatórios de combustível, arsenal de bombas e torpedos e o estaleiro de Pearl Harbor. No entanto, os japoneses já haviam perdido o fator surpresa.
A partir dos ataques da segunda onda, as baterias de artilharia anti-aérea dos EUA ficaram mais eficientes e o outro perigo eram os caças. Dois P-40, por exemplo, reivindicaram o abate de sete aeronaves do Japão nesse dia, após decolarem sem autorização de oficiais americanos – parte dessa história é contada no filme “Pearl Harbor”, mas com o nome dos personagens trocados.
A decisão de Naguno em cancelar o terceiro ataque ainda tinha mais três fundamentos. Os pilotos do último ataque tinham menos experiência em combate e os porta-aviões americanos, cuja destruição era um dos objetivos vitais da missão, não foram encontrados – as embarcações, três delas, navegavam distantes de Pearl Harbor nesse dia. Por último, o comandante japonês temia enfrentar resistência no retorno ao Japão e para isso precisaria poupar o combustível dos aviões para uma eventual proteção.
Cinco meses depois, forças japonesas tentaram um segundo ataque contra os alvos “esquecidos” no Havaí, a Operação K com hidroaviões de longo alcance, mas a missão acabou frustrada pelo mau tempo.
Submarinos em Pearl Harbor
Navegando impunemente até cerca de 19 km de Pearl Harbor, submarinos japoneses chegaram a zona de ataque antes mesmo das aeronaves. Às 6h37 daquele dia, o navio USS Ward atacou e afundou um mini-submersível da marinha do Japão. Ou seja, o primeiro tiro no ataque a Pearl Harbor foi dos EUA e a primeira morte, no lado do Japão. Ao todo, os japoneses usaram cinco submarinos no ataque. Todos foram perdidos – quatro foram atacados e um capturado.
O ataque a Pearl Harbor destruiu ou danificou 21 embarcações militares, 347 aeronaves e deixou 2.403 mortos e outros 1.178 feridos no lado americano. Já o Japão perdeu 29 aviões e 64 tripulantes morreram durante a ação. A investida surpresa colocou o poder militar dos EUA de joelhos na região da Ásia e Pacífico, permitindo o forte avanço japonês nos dois anos seguintes do conflito.
Depois de ter uma de suas principais bases militares arrasadas, no que o presidente dos EUA na época, Franklin D. Roosevelt, definiu como o “dia da infâmia”, o país declarou guerra ao Japão e as forças do Eixo, decisão que mudou o curso da guerra a favor dos Aliados.
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Segundo o livro “Day of Deceit” do Robert B. Stinnet, Roosevelt sabia de toda a ação, e deliberadamente “deixou” que os japoneses atacassem Pearl Harbor, para ter um motivo para entrar em guerra com os países aliados
O comandante Isoroku Yamamoto, conhecia muito bem a capacidade industrial americana (foi adido em Washington DC), sendo assim, o plano dele era lançar um ataque surpresa e depois fazer um armistício com os americanos, mantendo o território na Manchúria e sudeste asiático. Ele sabia que uma guerra longa (como aconteceu) levaria inevitavelmente a derrota do Japao