Na década de 1950, após o fim da II Guerra Mundial e durante o período de polaridade da Guerra Fria, a União Soviética encontrava-se em plena expansão. Os militares soviéticos necessitavam de meios de transporte eficazes que poderiam auxiliá-los na locomoção da infantaria, de ajuda humanitária e dos novos tanques BMD para lugares estratégicos. Os An-8 e An-12, já em funcionamento, não eram capazes de atender propósitos maiores, sendo necessário um novo e grandioso projeto.
Após quase 10 anos de desenvolvimento, em 27 de fevereiro 1965, na Tashkent State Aircraft Factory, no Uzbequistão, o Antonov An-22 – originalmente intitulado An-20 – fez seu voo inaugural. Meses depois, o novo gigante soviético foi uma das estrelas do Paris Air Show de 1965, apresentado como uma exibição de força e avanço tecnológico da URSS na indústria aeronáutica.
Chamado pelos soviéticos de “Antei” (da mitologia grega, o filho gigante dos deuses Poseidon e Gaia) – e designado na OTAN como “Cock” -, o An-22 conta com quatro motores turboélices Kuznetsov NK-12MA, todos com hélices contrarrotativas e potência suficiente para elevar o avião com peso máximo de 250 toneladas de carga (incluindo 80 ton de carga) e percorrer em torno de 5.000 km. O compartimento de carga do avião tem 33 m de comprimento e capacidade volumétrica de 639 m³.
A tripulação técnica dessa aeronave é composta por cinco ou seis tripulantes, sendo dois ou três pilotos, um navegador, um operador de rádio e um engenheiro de voo. Ainda há a possibilidade de transportar 28 passageiros. É importante ressaltar que a cabine do avião não é pressurizado em todos os ambientes. O compartimento de carga, por exemplo, não conta com essa funcionalidade.
Apesar do tamanho impressionante e peso avantajado, estrutura do An-22 foi desenvolvida para operar em pistas curtas, acidentadas e, inclusive, sem pavimentação, necessitando apenas de uma extensão de 1.300 m para a decolagem e 800 m para a aterrissagem. Com um robusto trem de pouso e pneus com pressão é ajustável, é possível utilizar esse avião em variados tipos de solo.
Demonstrando alta disponibilidade operacional e um excepcional compartimento de carga, o super cargueiro da Antonov era uma peça essencial na capacidade de mobilização das forças soviéticas, possibilitando o transporte rápido de grandes contingentes militares e equipamentos pesados por grandes distâncias.
Duas caudas
Conhecida como cauda H, esse arranjo consiste em dois lemes de direção unidos por um estabilizador. Essa configuração auxilia na redução de restrições de altura da aeronave (se tivesse apenas um estabilizador horizontal ele seria muito mais alto), além de melhorar o controle da aeronave em velocidades mais baixas ao gerar maior sustentação. Outro avião que repete essa composição com o mesmo propósito é o An-225 Mriya, o maior avião do mundo.
Recordes
O An-22 detém até hoje o título de maior avião turboélice do mundo. Por um breve período no passado, o quadrimotor soviético ocupou a posição de maior avião do planeta. Ainda no final dos anos 1960, a aeronave foi superada pelo Boeing 747 e o cargueiro militar Lockheed C-5 Galaxy.
Em mais de 50 anos de carreira, o An-22 bateu 14 recordes na aviação. O mais impressionante deles foi o transporte de 100 toneladas de blocos de metal a uma altitude de 25.000 pés (7.620 metros), um feito único entre aviões impulsionados por motores turboélice.
Havia ainda a ideia de adequar o An-22 para operar no transporte aéreo comercial de passageiros. A proposta sugeria acomodar mais de 700 pessoas no avião, que teria a cabine dividida em dois andares. Mesmo com uma estrutura capaz de executar essa função, a Antonov não avançou com o plano.
Os últimos gigantes
Os dados divulgados pela Antonov registram a construção de 68 unidades do An-22, entre 1963 e 1975, todas originalmente encomendadas para equipar a força aérea da URSS e posteriormente herdadas pela Rússia. Com o alto custo de manutenção, a maioria dessas aeronaves já está fora de serviço. Em 53 anos de carreira, o avião somou nove acidentes, sete deles com vítimas fatais.
A força aérea da Rússia ainda possui cinco aparelhos em serviço. Um único An-22 (modelo com matrícula UR-0907) também voa com a Antonov Airlines, a companhia aérea de carga do grupo ucraniano Antonov Company.
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Eu acho que o An 225 tem aquela configuração de cauda para melhorar o controle de leme, por causa da turbulência gerada pelo ônibus espacial Buran, transportado sobre sua fuselagem. O Jumbo da Nasa destinado a transportar ônibus espaciais também teve o leme modificado, com a mesma finalidade.
Venho sempre a esta coluna.
Não sou aficcionado por aviação, mas sou absolutamente e permanentemente pasmo com tecnologia.
Para explicar isso, ainda me espanto com a TV de tubo de raios catódicos, que foram descartados sem serem completamente compreendidos. A conversão da imagem em pulsos elétricos para a transmissão e a desconversão feita pela TV de nossa casa, ainda tento entender.
Agora, imagine entender essa tecnologia aparentemente ilimitada de erguer grandes máquinas do chão, fazê-las voar de um lugar para outro… eu piro…