O jato E195-E2 pode cobrir 99,6% das rotas do A220, diz chefão da Embraer

Segundo Arjan Meijer, aeronave brasileira tem a vantagem de consumir 10% menos combustível que rival da Airbus
Os E2 usam o PW1900G, uma versão do GTF
Os E2 usam o PW1900G, uma versão do GTF (Dylan Agbagni)

Arjan Meijer, CEO da divisão de aviação comercial da Embraer, concedeu uma entrevista bastante esclarecedora ao site Money, da Polônia. A fabricante brasileira está negociando com a LOT, principal companhia aérea do país, uma volumosa encomenda de jatos E2 para substituir os 40 E-Jets de primeira geração atualmente em serviço.

Questionado sobre o sucesso do Airbus A220, anteriormente o C Series, da Bombardier, Meijer saiu-se como uma interessante analogia. “O Airbus A220 realmente tem um alcance maior. Mas é um pouco como carros esportivos – você pode dirigi-los mais rápido, mas essa não é a solução quando você quer levar seus filhos para a escola e fazer compras todos os dias”, disse o executivo.

Ainda segundo ele, o E195-E2 é capaz de cobrir 99,6% das rotas operadas pelo A220, mas com cerca de 10% a menos de consumo de combustível – Arjan Meijer não explicou qual variante do Airbus ele se referia.

Sobre uma possível versão de longo alcance dos E2, o CEO não a descartou, porém, considera que a nova geração de jatos regionais é lucrativa para rotas de até 5 horas de duração.

Arjan Meijer, CEO da divisão de aviação comercial (Embraer)

Meijer deu detalhes curiosos sobre as negociações para venda de aeronaves comerciais, da qual vê semelhanças com o mercado de automóveis: “A principal diferença é que no mercado automotivo, a escolha é muito maior”, disse.

De acordo com o holandês, o aspecto mais importante na escolha de um avião de passageiros é o chamado VPL (Valor Presente Líquido), que é o que o operador ganhará com o equipamento durante sua operação.

Ele explicou que o processo de venda pode levar de seis a 18 meses, embora em alguns casos isso demore ainda mais tempo. “É como ir a uma concessionária [de automóveis] de vez em quando para ver, tocar, experimentar sua poltrona, perguntar sobre algo e pensar sobre isso. No nosso caso, essas reuniões são realizadas em feiras aéreas e, às vezes, na sede da empresa”.

E170 da LOT: companhia é cliente da Embraer (Adrian Pingstone)

Arjan Meijer ressaltou que no caso de companhias aéreas menores o assunto costuma ser estressante por ser um processo realizado a cada 10 ou 15 anos e muitas vezes quem participou da encomenda anterior não trabalha mais na empresa.

Por fim, o chefe executivo enxerga uma grande oportunidade para os E190F e E195F, versões de passageiros convertidas para carga. Para ele, antes da pandemia, os aviões cargueiros estavam desaparecendo do mercado de conexão em hubs, por conta do uso dos porões de aviões de passageiros.

Agora, com o comércio eletrônico em alta, tem sido necessária agilidade das operadoras, que precisam voar para mais perto dos clientes, o que abre uma enorme oportunidade para o programa P2F da Embraer.

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  1. Com orgulho, que leio ESSAS reportagem. Avante EMBRAER. FOI BOM VC NÃO TER SIDO VENDIDA PARA A BOING

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