O que faz o WC-135R, jato militar dos EUA que voou pela costa brasileira nesta semana?

Aeronave derivada do antigo Boeing 707 é usada para coletar amostras da atmosfera em busca de resíduos radioativos de explosões nucleares
Farejador de radiação: a USAF opera o WC-135 desde 1963 (USAF)

Conhecido como “The Sniffer” (O Farejador, em inglês), um jato WC-135R Constant Phoenix da Força Aérea dos EUA (USAF) realizou um voo pela costa brasileira nessa segunda-feira (16). A aeronave, que serve para coletar amostras da atmosfera em busca de resíduos radioativos, foi uma das mais rastreadas do dia na plataforma Flightradar 24.

O jato da USAF, que voou usando a identificação MILLR36, partiu do aeroporto de San Juan, em Porto Rico, às 11h (horário de Brasília) e rumou para o sul em direção a costa do Brasil. Após cerca de oito horas e meia de voo, a aeronave deu meia volta quando sobrevoava o litoral na região norte do Estado do Rio de Janeiro e iniciou a viagem de retorno ao seu ponto de origem no Caribe. Ao todo, o avião permaneceu voando por 17 horas e 34 minutos.

A missão do WC-135R pela costa brasileira foi operada pelo 45º Esquadrão de Reconhecimento da USAF, que fica baseado em Offutt, no estado do Nebraska, nos EUA. O que o avião estava fazendo tão longe de casa ainda é desconhecido – cabe destacar que em nenhum momento o aparelho entrou no espaço aéreo brasileiro.

O modelo que executou o longo voo é um aviões mais antigos da frota da USAF, com 63 anos de utilização. A despeito da idade avançada, a aeronave foi modernizada recentemente – outros dois aparelhos passam atualmente pelo mesmo processo. O WC-135R é derivado do C-135B Stratolifter, que usa a plataforma do antigo jato comercial Boeing 707.

Farejador de radiação

O WC-135R é equipado com sensores para detectar e medir o grau de ameaça de partículas radioativas na atmosfera. A fuselagem da aeronave também conta com proteções especiais para proteger os tripulantes (até 33 pessoas) dos resíduos tóxicos. O modelo ainda possui alguns equipamentos semelhantes ao do RC-135, jato de reconhecimento de longo alcance da USAF.

A aeronave é empregada em missões de rotina ao redor do mundo em apoio ao Tratado de Proibição Limitada de Testes Nucleares firmado em 1963 entre 113 países (o Brasil é um dos signatários). No entanto, é nos momentos de crise que o WC-135R prova o seu valor.

A USAF já operou um total de 14 aeronaves WC-135; frota atual conta com três aparelhos (Ken H/Creative Commons)

Ao longo de sua carreira operacional, o avião “farejador de radiação” dos EUA foi destacado para diversas partes do globo para analisar as condições atmosféricas em regiões onde ocorreram testes de bombas atômicas ou acidentes radioativos, como os ocorridos nas usinas nucleares em Chernobyl, na Ucrânia, e Fukushima, no Japão.

As proximidades da Coreia do Norte é um dos locais onde o WC-135R é empregado com maior frequência, geralmente após um teste nuclear promovido pelo regime de Kim Jong-Un. O Irã e a China também são “alvos” recorrentes do Constant Phoenix. Não há registros conhecidos de passagens anteriores da aeronave em voos tão próximo ao território brasileiro.

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  1. Poucos conhecem no norte fluminense o laboratório de estudos e testes atômicos localizado próximo ao povoado de gargaú.

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