Como serão os aviões e as viagens aéreas no futuro? As respostas para essas perguntas já estão sendo escritas por meio de projetos que podem alterar radicalmente os formatos de transportes aéreos como conhecemos atualmente. Algumas dessas ideias em desenvolvimento prometem deixar parte do público absolutamente deslumbrado, enquanto outra porção pode não gostar do que está por vir.
A indústria aeronáutica vem trabalhando para tornar os aviões mais rápidos e econômicos, ao passo que as viagens aéreas estão no caminho para se tornarem mais acessíveis ao público utilizando uma combinação de novas tecnologias de propulsão e aeronaves com mais assentos. E esse futuro não está tão distante, tanto que algumas dessas mudanças já poderão ser vistas a curto prazo.
Confira a seguir as principais mudanças e novidades que surgirão na aviação nos próximos anos. Você está preparado?
O retorno dos aviões comerciais supersônicos
Quando o Concorde foi aposentado em 2003 sem ganhar um substituto foi como se a humanidade tivesse regredido na aviação. Essa mudança de percurso, porém, será corrigida na próxima década com o surgimento de novos aviões comerciais supersônicos.
Os principais nomes que estudam essa vertente da aviação comercial são a Aerion Corporation e a Boom Technologies, ambas baseadas nos Estados Unidos. A primeira trabalha no desenvolvimento de um jato executivo supersônico, o Aerion AS2, capaz de transportar até 12 ocupantes e voar a Mach 1,4 (cerca de 1.730 km/h). Já a segunda empresa está projetando um modelo comercial para 55 passageiros e com velocidade máxima de Mach 2,2 (2.355 km/h).
Apesar de ainda estarem na fase embrionária dos projetos, as duas companhias já acumulam pedidos pelos jatos supersônicos da nova geração. O modelo da Boom, que vem sendo desenvolvido com apoio da Lockheed Martin, é o mais adiantado nessa questão, com mais de 70 unidades encomendadas.
As duas fabricantes também garantem que vão solucionar os problemas que acompanharam a carreira do Concorde, como o altíssimo consumo de combustível e o efeito do “sonic boom”, o estrondo sônico gerado quando um avião voa em velocidade supersônica e que tem efeitos perigosos em regiões urbanas.
Segundo o cronograma das duas fabricantes, as novas aeronaves comerciais supersônicas chegarão ao mercado em meados até o final da década de 2020.
Táxis voadores
Apontados como uma solução para rápida mobilidade em grandes centros urbanos, táxis voadores prometem enfeitar a paisagem de importantes cidades no futuro. São pequenos veículos propostos para transportar de um a quatro passageiros. Não só isso, esses projetos têm em comum o uso de tecnologias de controle autônomo, capacidade de pousar e decolar na vertical e motorização elétrica.
Grandes nomes do mercado já estudam esse nicho, como o Uber, que trabalha em parceria com a Embraer para desenvolver um novo veículo, e a Airbus, que recentemente realizou o voo inaugural de seu primeiro táxi voador para um passageiro, o Vahana. Outro projeto do grupo europeu nesse novo filão é o CityAirbus, para quatro ocupantes.
Pequenos fabricantes também estão envolvidos nessa empreitada. Esse é o caso da E-Volo, da Alemanha, que já testou seu táxi voador, o Volocopter, em Dubai.
Além de precisarem cumprir uma série de etapas de desenvolvimento, a viabilização dos táxis voadores depende de uma severa mudança nos regulamentos aeronáuticos, que ainda não prevê operações aéreas com esse tipo de veículo. Apesar disso, os prazos já foram determinados e esses meios de transporte podem surgir a partir da segunda metade da próxima década.
Aviões com motorização híbrida e elétrica
Atualmente, o maior gasto das companhias aéreas é com combustível. O quanto um avião consome de querosene (ou outro combustível) é um dos fatores determinantes para definição do preço das passagens aéreas. Para fugir desse ciclo a solução é introduzir aeronaves equipadas com uma combinação de motores convencionais e elétricos, ou então totalmente elétricos, afinal de contas eletricidade ainda é mais barata do que qualquer combustível fóssil ou biocombustíveis.
Esforços nesses sentidos também já estão em andamento na indústria. O mais notório deles é o projeto E-Fan X, da Airbus. Trata-se de um protótipo baseado no jato BAe 146 equipado com motores turbofan convencionais e fans elétricos. Segundo o cronograma da fabricante, o primeiro voo do avião híbrido deve acontecer em 2020.
Outra iniciativa nesse sentido parte da startup Zunum Aero, dos EUA, que já conta com investimentos da Boeing e da companhia JetBlue. O plano da empresa é desenvolver uma família de “aviões verdes” para atuar na aviação regional, com aeronaves com capacidade entre 14 e 100 passageiros.
De acordo com a Zunum, uma aeronave com motorização híbrida ou elétrica pode apresentar custos operacionais até 80% menores do que os de aviões convencionais, além de outras benesses, como redução de ruídos e emissões de gases poluentes.
A exemplo dos táxis voadores, a aplicação dos aviões híbridos e elétricos na aviação comercial também depende da aprovação de órgãos reguladores. Se liberadas, essas novas aeronaves podem surgir no mercado a partir de 2030.
Aviões apertados
Apesar da insistência de parte do público mais conservador, viajar de avião não é mais algo glamouroso. Nos últimos 20 anos, a aviação comercial, em especial no Brasil, se tornou acessível para as classes menos favorecidas com ajuda de avanços tecnológicos, como o surgimento de motores mais econômicos e formas aerodinâmicas mais eficientes, e também com mudanças nas políticas das companhias, que passaram a oferecer serviços de baixo custo (as “low cost”).
A matemática nessa questão é simples: o custo de uma operação (sem considerar o lucro da companhia) é diluído com a venda das passagens aéreas. Logo, um avião configurado para transportar, por exemplo, 100 passageiros oferece bilhetes mais acessíveis comparado a uma aeronave similar, mas com capacidade inferior.
Esse movimento já começou no segmento das aeronaves narrowbody, os jatos comerciais com um corredor. A grosso modo, as fabricantes estão aproveitando projetos consagrados e ampliando o número de assentos em suas cabines.
O primeiro representante desse novo segmento a chegar ao mercado será o Airbus A321LR, versão baseada no novo A321neo projetada para transportar até 240 passageiros e com lançamento previsto para 2019. Já a Boeing prepara o 737 MAX 10 para 2020, o maior 737 de todos os tempos com espaço para 230 ocupantes, e o 737 MAX 200, uma variação do novo 737 MAX 8 que será configurada para transportar 200 passageiros – quase 40 ocupantes a mais que o modelo original.
Outra característica das aeronaves nesse nicho é a longa autonomia. Tanto o A321LR, como os novos 737 MAX, tem alcance acima dos 6.000 km, o suficiente para executar voos transatlânticos sem paradas para reabastecimento. Ou seja, esses aviões voarão por maiores distâncias levando mais passageiros, o que permitirá reduzir os preços de viagens internacionais e, muito provavelmente, tornar os voos mais desconfortáveis para os passageiros…
Passagens aéreas mais baratas
A introdução de aeronaves capazes de transportar mais passageiros e o desenvolvimento de tecnologias de propulsão mais eficientes tornarão a aviação comercial mais acessível do que nunca. O principal fator de redução nos preços das passagens aéreas será a diminuição da utilização de combustíveis fósseis ou mesmo seu abandono completo, com a chegada de aviões elétricos.
Até mesmo as empresas que estão desenvolvendo novos aviões comerciais supersônicos prometem oferecer custos competitivos. A Boom Technologies, por exemplo, afirma as passagens para viagens em seu jato supersônico terão valores similares aos de um voo de classe executiva em aeronaves convencionais.
A aviação executiva também está passando por um momento de mudanças que a torna mais acessível. A tendência nesse mercado são os voos compartilhados, modalidade que permite ao cliente reservar um voo executivo e seu destino e, em seguida, disponibilizar os demais assentos da aeronave para outros passageiros, diluindo os custos da operação. Esse tipo de serviço, que muitos chamam de “Uber da aviação”, já é oferecido em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil.
Veja mais: Conheça os aviões mais rápidos do mundo
Será que a Embraer não tem nada para o futuro ou a reportagem esqueceu da nossa Embraer orgulho dos brasileiros e exemplo de privatização!
Caro Marco, como está claro em uma parte do texto, nós não esquecemos da Embraer…