Após dez anos, a Infraero voltará a promover uma reforma na pista principal do Aeroporto de Santos Dumont. A obra, que levará um mês para ser realizada, começará no dia 12 de agosto com previsão de reabertura em 12 de setembro. Enquanto isso, a pista auxiliar continuará funcionando, mas com restrições já que não comporta jatos de grande porte que operam lá. Essa situação, no entanto, permite em tese que a Gol explore sozinha a ponte aérea Rio-São Paulo do Santos Dumont caso resolva remanejar seus jatos 737-700 para o lugar do -800, utilizado na rota.
A razão é que apenas as aeronaves da classe 3C poderão utilizar a pista auxiliar, entre elas o Embraer E195, Airbus A318 e o citado 737-700 – além, é claro, de turbo-hélices como o ATR-72. Como a Azul não opera na ponte e a Avianca está suspensa resta apenas a Gol, que já voa com esse avião para destinos a partir de Santos Dumont.
Coincidência ou não, a Gol ainda não decidiu qual será sua estratégia durante o mês de interdição. Em nota à imprensa nesta semana, a empresa afirmou que “comunicará as alterações na malha assim que tiver o plano definido. A companhia ressalta que aguarda a administração aeroportuária confirmar o período de obras por meio de documentação oficial”.
Na já disputada ponte aérea ter um mês de exclusividade enquanto sua concorrente voa para o Galeão não é uma oportunidade para se jogar fora. A LATAM já confirmou que transferirá todos os seus voos do Santos Dumont para o aeroporto internacional a fim de”garantir a segurança de suas operações durante o período das obras”, segundo nota – a companhia utiliza o Airbus A319, seu menor avião atualmente.
Já a Azul, que em tese também poderia permanecer com seus jatos da Embraer no Santos Dumont, optou por manter apenas os voos realizados com o turbo-hélice ATR-72 para São José dos Campos, Ribeirão Preto e Campos dos Goitacazes. A Passaredo, que também voa com o ATR, não se manifestou, porém, deve continuar operando no aeroporto central.
A concessionária RioGaleão, que opera o aeroporto internacional, garantiu que receberá os passageiros com conforto e eficiência. Atualmente, o Terminal 1 encontra-se parcialmente desativado devido à baixa demanda do aeroporto.
Embora seja possível remanejar alguns voos para liberar os 737-700 para a ponte aérea não se sabe até que ponto essa estratégia pode prejudicar outras rotas. Mas a atração do Santos Dumont para os passageiros não é algo a ser desprezado. Embora o Galeão não seja tão distante, vários fatores são favoráveis ao aeroporto central.
Resta saber se um possível acordo de cavalheiros possa surgir em que nenhuma delas opte por levar jatos para lá. Certamente, com menos voos os trabalhos na pista principal poderão ser realizados de forma mais tranquila.
Pista curta
Santos Dumont foi aberto em 1936 como o primeiro aeroporto civil do país e passou a operar a ponte aérea Rio-São Paulo em 1959. Antes disso, sua pista foi ampliada para mais de 1.300 metros de extensão, mas o terminal perdeu espaço para o Galeão, que passou a receber os voos internacionais com aeronaves maiores.
Embora tenha ganhado uma segunda pista paralela, ela é tão próxima da principal que sua função acaba sendo bastante restrita sobretudo depois que os jatos de passageiros substituíram os Electras em 1991.
Reformado em 2000, o aeroporto carioca permanece como um dos mais movimentados do país, mas as operações de grandes jatos exigem alguns procedimentos especiais. Recentemente, a LATAM realizou um voo de teste com o A320.
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