Onde foi parar o jato MD-11 da Varig que trouxe Senna após o acidente em Ímola?

Trijato da McDonnell Douglas voava com o prefixo PP-VOQ e realizou o voo entre Paris e São Paulo com o corpo do piloto brasileiro há 30 anos
MD-11 PP-VOQ, que trouxe o corpo de Ayrton Senna ao Brasil em 1994
MD-11 PP-VOQ, que trouxe o corpo de Ayrton Senna ao Brasil em 1994 (Aero Icarus)

No dia 4 de maio de 1994 um voo pousava pela manhã no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, carregado de tristeza e consternação. A aeronave McDonnell Douglas MD-11 de prefixo PP-VOQ operada pela Varig foi usada para trazer o corpo de Ayrton Senna, maior lenda do automobilismo brasileiro e um esportista admirado em todo mundo.

Senna havia sofrido um acidente gravíssimo no Grande Prêmio de Fórmula 1 de San Marino, em Ímola, no domingo, 1º de maio, e não resistiu aos ferimentos em sua cabeça, falecendo minutos depois no Hospital de Maggiore, em Bolonha.

Em um clima de choque e indignação que paralisou o Brasil, o piloto deixou a Itália em direção à Paris num avião fretado e depois embarcou no voo da Varig em Paris com destino a Guarulhos.

Como conta o jornalista Flávio Gomes, o caixão de Senna foi acomodado na classe executiva da aeronave que foi adaptada para recebê-lo. Lá apenas algumas pessoas próximas a ele, como o narrador Galvão Bueno, permaneceram.

MD-11 PP-VOQ, que trouxe o corpo de Ayrton Senna ao Brasil em 1994
O MD-11 chegou à Varig em 1991 e foi um dos primeiros do tipo operados pela companhia aérea (Aero Icarus)

O MD-11 chegou à Guarulhos e foi recebido com honras de estado em meio ao luto dos brasileiros, que viram um dos seus poucos heróis partir de forma chocante.

O marcante voo da Varig completou 30 anos neste sábado e nesse tempo a própria companhia aérea desapareceu, mas e quanto ao jato que realizou o último voo de Senna?

O piloto era conhecido por sua paixão por velocidade e flertou com a aviação durante toda sua carreira, seja pilotando seu BAe 125-800 ou pegando uma carona em caças da Força Aérea Brasileira (FAB).

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Longa carreira como cargueiro

Diante disso, Airway quis saber o destino do MD-11 PP-VOQ e a aeronave ainda “vive”, transformado em cargueiro, embora sem voar há vários anos.

O último registro de voo conhecido do widebody foi entre os aeroportos de Mojave, na Califórnia, e Shreveport, na Luisiana, ambos nos EUA.

O MD-11 já como N435KD, pertencente à Western Global Airlines
O MD-11 já como N435KD, pertencente à Western Global Airlines (Airwolfhound)

O MD-11, que pertence desde 2013 à empresa Western Global Airlines, pousou no local em 2020 e lá não saiu, aparentemente. No aeroporto, a empresa cargueira mantém um grande hangar de manutenção, onde existiam alguns aviões do modelo parados, segundo imagens de satélite recentes.

A Western Global opera 19 aeronaves próprias dos modelos MD-11 e também Boeing 747 cargueiros, prestando serviços para outras companhias aéreas.

O hangar da Western Global no Aeroporto Shreveport com dois MD-11 em seu pátio
O hangar da Western Global no Aeroporto Shreveport com dois MD-11 em frente: último registro de voo (GE)

Com capacidade para transportar até 90 toneladas de carga, o MD-11 tem encontrado uma sobrevida na aviação comercial após ser sacado de voos de passageiros, a despeito da sua boa imagem.

Derivado do famoso DC-10, o MD-11 PP-VOQ foi um dos primeiros recebidos pela Varig em dezembro de 1991 e voou com a companhia aérea brasileira até 2000.

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A aeronave foi convertida para carga pela Gemini Cargo com a qual voou até 2008, quando foi repassada à World Airways e cinco anos depois para a Western Global.

Ironia do destino, o último decolagem do MD-11 que um dia foi o PP-VOQ ocorreu num 3 de maio, exatos 26 anos após a partida do voo final de Ayrton Senna.

 

 

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