Derivado do F.28, o jato regional Fokker 100 surgiu nos anos 80 como uma tacada certeira da fabricante holandesa para ocupar um nicho de mercado abaixo dos aviões da Boeing, Airbus e McDonnell Douglas.
Como capacidade para até 122 passageiros, o avião de passageiros oferecia um bom conforto, tecnologia avançada, eficientes turbofans Tay fornecidos pela Rolls-Royce, e uma configuração que o tornava capaz de operar em aeroportos sem grande infraestrutura.
Exemplos disso, são a altura dos porões de carga, que dispensava o uso de equipamentos para manusear bagagens, uma escada retrátil na porta dianteira e a capacidade de decolar de pistas de até 1.600 metros.
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Não demorou para que a Fokker conseguisse fechar contratos significativos, inclusive com a American Airlines (75 jatos) e USAir (40 aviões), com a estreia em serviço ocorrendo em abril de 1988 por meio da Swissair.
Nos anos seguintes, a produção cresceu e em 1991 70 dessas aeronaves estavam operando, com mais de 230 pedidos pendentes. Um desses clientes era a TAM, que desde 1990 voava com o Fokker 100 em rotas antes operadas por turboélices.
A companhia aérea expandiu sua frota rapidamente enquanto levada o Fokker 100 para outros destinos e até fretamentos no exterior.
Queda e falência
Animada com a boa demanda, a Fokker passou a pensar em expandir a família, com projetos de um jato menor (Fokker 70) e um maior (Fokker 130).
No entanto, a empresa holandesa preferiu priorizar a variante de menor capacidade, voltada a substituir os Fokker F.28 existentes.
Mas o Fokker 70, com um custo operacional mais alto, fracassou em meio aos problemas financeiros da companhia.
Em outubro de 1996, um grave acidente com o Fokker 100 PT-MRK da companhia aérea brasileira TAM manchou a reputação da aeronave. O jato caiu logo após a decolagem porque um reversores abriu em voo, após uma falha elétrica.
No ano seguinte veio o golpe final, com a falência da Fokker, uma fabricante lendária, mas que não resistiu à competição do final do século na aviação.
Ainda popular em alguns países
Os Fokker 100, entretanto, seguiram voando, mantidos por uma rede de suporte que inclui empresas que sobreviveram ao ocaso da fabricante.
A despeito da produção encerrada com 283 aeronaves concluídas, o jato permaneceu em atividade com companhias aéreas importantes.
Em 2024, perto de completar 40 anos do voo inaugural, havia ao menos 66 Fokker 100 ativos no mundo. Dois terços desses aviões voam na Austrália, incluindo a Qantas, maior companhia aérea do país.
É, entretanto, uma quantidade de aeronaves bem menor do que existia em serviço há oito anos, quando AIRWAY fez um levantamento semelhante.
Confira onde voavam os Fokker 100 em maio de 2024:
Air Niugini (Papua New Guinea) – 4 Fokker 100
A companhia aérea da ilha paradisíaca opera alguns dos jatos mais antigos do tipo e já teve incidentes graves com alguns deles. Essa situação deverá mudar em breve após a chegada de novos Airbus A220.
Alliance Airlines (Australia) – 23 Fokker 100
A australiana Alliance Airlines é a maior operadora do jato no mundo, com 23 aeronaves ativas, além de 10 Fokker 70. Tem ainda cinco jatos holandeses estacionados, mas está reforçando a frota com os Embraer E-Jets ultimamente.
Iran Air (Irã) – três Fokker 100
A maior companhia aérea do Irã mantém três Fokker 100 em serviço, mas chegou a ter 20 deles na frota.
Iran Aseman (Irã) – três Fokker 100
A pequena transportadora iraniana tem quatro jatos, mas três ativos, em meio à sua frota que inclui o Boeing 737-400, o ATR 72 e um A340-300.
Karun Airlines (Irã) – três Fokker 100
A Karun é uma “nova” operadora do Fokker 100, tendo recebido seus aviões a partir de 2018.
Kish Airlines (Irã) – um Fokker 100
A Kish tem como aeronave principal o MD-80, do qual tem sete jatos, mas há um único Fokker 100 disponível também.
Premier Airlines (South Sudan) – um Fokker 100
A pequena companhia aérea africana tem um Fokker 70 e um Fokker 100 em operação e que voam para destinos como Nairobi, Mogadishu e Juba.
QantasLink (Australia) – 15 Fokker 100
O braço regional da Qantas é o segundo maior operador do jato holandês, com 15 aviões, aproveitando a parceria com a Alliance.
Qeshm Airlines (Irã) – dois Fokker 100
Com apenas 10 aeronaves, a Qeshm voa com dois Fokker 100 e três Avro RJ100, um rival do avião holandês.
Skyward Express (Kenya) – três Fokker 100
Outra pequena operadora africana, que tem três Fokker 100 e um Fokker 70.
Skippers Aviation (Austrália) – dois Fokker 100
Companhia aérea regional sediada em Perth, no oeste da Austrália, a Skippers opera nove turboélices e dois Fokker 100.
Virgin Australia Regional (Austrália) – três Fokker 100
A Virgin já está em processo de aposentadoria de seus Fokker 100, que estão sendo substituídos pelos Boeing 737-700 provisoriamente. O plano, no entanto, é operar aeronaves de nova geração como o A220-100 ou o E190-E2.
Centre D’essais En Vol (França) – dois Fokker 100
O governo francês mantém dois jatos para ensaios em voo de equipamentos eletrônicos.
Slovak Government (Slovakia) – dois Fokker 100
Uma utilização incomum, o governo da Eslováquia tem dois jatos em configuração VIP.
Tive a horrível experiência de voar num desses em 1997.
Tive somente uma experiência, saindo de Congonhas pela pista auxiliar, indo a Viracopos e depois a Cuiabá. Foi um vôo normal, sem turbulências naquela noite, bem tranquilo.
Voei umas 3 vezes com o F-100 quando eles eram operados pela OceanAir. Comparado aos aviões da época, tive a impressão de que essa configuração de motores na cauda deixava a cabine mais silenciosa. Porém da última vez que voei, acabei ficando na última fileira e, aí o que salvou, foi um fone de ouvido intra auricular para reduzir o ruído!
Mas sinto saudades dessas aeronaves voando nos céus do país, do seu característico “canto” dos motores. Sempre sabia que era um deles passando por cima de casa, decolando de SBCT.