Imagine um avião que seja capaz de transportar 350 toneladas de carga, ou 100 toneladas a mais do que o famoso Antonov An-225, o maior avião já construído. Certamente, teríamos em mente uma aeronave ainda maior, mas o modelo DL350 é bem diferente disso.
A aeronave é na verdade um drone de proporções gigantescas, porém, de concepção mais simples e leve que um avião convencional.
A ideia, juntamente com a versão menor DL200, foi apresentada pela empresa britânica Droneliner, que defende o uso de aeronaves autônomas para carga aérea.
Segundo a startup, os atuais aviões cargueiros são ineficientes por terem sido desenvolvidos para o transporte de passageiros originalmente. Suas fuselagens com seção circular não acomodam cargas de forma adequada e o manuseio também é caro e complexo.
Por essa razão, os enormes drones cargueiros apresentam uma fuselagem retangular com acesso dianteiro e traseiro, como em aeronaves militares de transporte.
O DL200, capaz de de transportar de 160 a 200 toneladas, possui dois pisos onde podem ser acomodados de 36 a 40 containers de material mais leve que os atuais. Já o maior DL350 pode receber de 70 a 80 containers em seus três andares e decolar com 300 a 350 toneladas de carga útil.
Em comum, os dois aviões têm autonomia 12.000 km, suficiente para atender a maior parte das rotas cargueiras de alta demanda.
O fato de não serem projetadas para suportar a vida tornam as aeronaves autônomas mais leves já que não há necessidade de pressurização e instalação de cockpit, entre outros sistemas e equipamentos.
Asas treliçadas
A configuração do DL200 e DL350 faz uso de tecnologias em desenvolvimento atualmente e aí talvez resida o aspecto frágil do projeto.
A aeronave se apoia no conceito Truss-Braced Wing (asas treliçadas), que a NASA irá avaliar em voo em um MD-90 adaptado pela Boeing. São asas extremamente finas, apoiadas por escoras diagonais, que poderiam oferecer uma economia de combustível de cerca de 30%.
No entanto, o projeto ainda está em sua fase inicial e precisa ser colocado à prova. A empresa, no entanto, planeja instalar pequenos dispositivos nas pontas das asas e estabilizadores que aproveitam as vórtices do ar para gerar eletricidade.
Outra inovação nos drones é o uso de motores Ultrafan e GE9X, turbofans de altíssima razão de diluição e diâmetros enormes, mas apenas a unidade da GE está perto de entrar em serviço com o Boeing 777X.
O DL350 terá dois motores instalados em suportes na parte traseira da fuselagem enquanto o DL200 tem uma solução mais exótica, com um único motor na cauda.
Para torná-los mais eficientes, a Droneliner concebeu os drones de forma a voarem com SAF (Combustível de Aviação Sustentável) e hidrogênio. O plano é que as aeronaves executem várias tarefas utilizando um conjunto híbrido.
As aeronaves também apresentam um trem de pouso com 8 a 9 eixos de rodas instalados no bojo da fuselagem. Eles terão propulsão elétrica independente, novamente, para aumentar a eficiência da operação.
21 vezes mais econômicos que os atuais cargueiros
A Droneliner não divulgou ainda as dimensões dos dois aviões cargueiros autônomos mas é bastante provável que eles não excedam o tamanho de jatos como o Boeing 747 ou o Airbus A380 a fim de não exigirem mudanças nos aeroportos.
O peso máximo de decolagem do DL200 (350) é similar ao de um Boeing 777F enquanto o DL350 teria um peso de 600 toneladas, semelhante ao An-225.
A empresa afirma que os drones poderão oferecer uma eficiência tonelada/quilômetro até 21 vezes maior que aeronaves convertidas e não é por menos que a Droneliner coloca o DL200 e o DL350 como alternativas para o transporte marítimo.
Além disso, a Droneliner enxerga os aviões autônomos em aplicações militares, como alternativas aos pesados cargueiros em operação nas forças aéreas.
Falta apenas encontrar investidores dispostos a bancar os custos para transformar o que parece uma boa ideia em algo real. O desafio é tão grande quanto o tamanho dos drones.