Diante da iminente aprovação do acordo Boeing-Embraer pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômico), o professor da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marcos Barbieri, alerta que a operação atende somente aos interesses comerciais da gigante norte-americana.
Na avaliação de Barbieri, a crise da Boeing agrava ainda mais as perspectivas deste acordo, dado que a principal atividade, não apenas da Embraer, mas do conjunto da indústria aeronáutica brasileira, será transferida para uma empresa que vem apresentando sérias deficiências técnicas, com resultados negativo sobre as vendas e, consequentemente, sobre a situação financeira da empresa. Veja a entrevista a seguir:
O sr. afirma que o acordo Boeing-Embraer é uma operação de aquisição (parcial), enquanto o acordo Airbus-Bombardier é uma joint-venture. Por que?
No caso do acordo entre a Airbus e Bombardier, esta última, junto com o governo de Quebec, sócio do programa CSeries, negociou em melhores termos para manter a capacidade de controle da empresa. A Bombardier manteve 49,9% de sua participação acionária no acordo comercial, enquanto a Airbus angariou 50,1%. No entanto, mais do que a proporção, o mais importante é como se dará o controle da operação. A companhia canadense terá sete pessoas em seu Conselho de Administração: do total, quatro indicações serão realizadas pela Airbus, duas pela própria Bombardier e uma pela província de Quebec. No caso brasileiro, entretanto, temos a seguinte situação: a Boeing passará a ser detentora de 80% da divisão Comercial da Embraer, que terá apenas um integrante no board – sem direito a voto.
A Embraer seria capaz de sobreviver no mercado sem juntar-se à Boeing?
Nos últimos anos, a Embraer lançou novas aeronaves nos três segmentos de mercado em que atua (Comercial, Executiva e Defesa e Segurança). Particularmente a nova família de jatos comerciais E2 e o novo avião de transporte militar KC-390 apresentam ótimas perspectivas de vendas – não por acaso, as aeronaves visadas pelo acordo com a Boeing. Com relação aos concorrentes da aviação comercial, observa-se que as aeronaves chinesas e russas, além de defasadas tecnologicamente, visam os respectivos mercados internos. Os japoneses estão enfrentando grandes dificuldades em tornar o MRJ (atual SpaceJet) operacional. Em suma, o concorrente efetivo continua sendo a Bombardier, agora parceira da Airbus. Apesar da competência técnica do CSeries, a companhia canadense se endividou e passou a depender de uma injeção muito forte de recursos para sua própria sobrevivência. Desta forma, a Airbus veio socorrê-la. Diferentemente da situação da Embraer, cujos aviões comerciais já eram líderes de mercado. Além disso, a Embraer poderia aproveitar a crise da Boeing para ampliar as vendas, aumentar o caixa e investir em novas tecnologias. Exatamente o oposto, a Embraer como conhecemos, uma empresa integrada e competitiva, deixa de existir caso este acordo com a Boeing seja efetivado.
Como o senhor vê o futuro da Embraer após o acordo comercial?
A área comercial da Embraer passará a fazer parte da cadeia de produção e suprimentos da Boeing, tornando-se apenas uma parte da engrenagem comandada por Seattle, que decidirá o que fazer, produzir e desenvolver. A Embraer surgiu como uma empresa integrada (civil-militar). Com esta operação estamos vendo a desintegração da empresa, indo em uma direção contrária ao padrão de concorrência mundial caracterizado pelo crescimento, diversificação e integração. Quanto a divisão Executiva, a Embraer possui problemas de lucratividade e até prejuízos financeiros. Apesar da excelência de seus aviões, a empresa brasileira não está entre as líderes do segmento (Bombardier, Dassault e Gulfstream) e suas principais unidades produtivas estão situadas no exterior. Por fim, a área militar da Embraer, depende fundamentalmente dos investimentos públicos, que vem passando por severas restrições.
A divisão de Defesa & Segurança da Embraer possui um elo umbilical com o Estado Nacional. A desintegração da empresa poderá eliminar a sua capacidade tecnológica dual?
O elo será perdido entre as duas áreas. Não haverá mais transbordamento tecnológico da esfera militar para a civil. O mesmo engenheiro da Embraer que está desenvolvendo um projeto de aeronave civil hoje pode estar desenvolvendo uma aeronave militar amanhã. Não há como cindir equipes e laboratórios que trabalham de forma integrada sem grandes perdas e custos.
Em crise, como a empresa americana poderá dar continuidade aos investimentos para evoluções nos E-Jets?
As empresas transnacionais concentram suas atividades de desenvolvimento nos países sedes. No caso da Boeing, isto deverá ser reforçado, pois a empresa estadunidense precisa recuperar sua capacidade de engenharia com urgência. A própria aquisição da competência de engenharia da Embraer faz parte desta estratégia de recuperação da Boeing. No entanto, apesar de vantajosa para Boeing, esta estratégia implica no desmonte da capacidade de desenvolvimento da Embraer, cujas principais competências de desenvolvimento deverão ser transferidas para os EUA. Além disso, o possível agravamento da crise financeira da Boeing deve impactar negativamente os investimentos da unidade brasileira, ainda que para mantê-la essencialmente como uma unidade de produção e não de desenvolvimento.
O interesse da Boeing sobre a Embraer também reside na sua engenharia?
O ativo mais valioso que a Embraer possui é a competência técnica e o dinamismo de sua engenharia e desenvolvimento, reconhecidos mundialmente. Somado a isso, está a inteligência de mercado em lançar produtos certos no momento adequado. A meu ver, o grande problema do acordo é o comprometimento da área de desenvolvimento. Sendo assim, o interesse da Boeing não reside apenas na área comercial da empresa brasileira, mas também na capacidade de sua engenharia. A Boeing possui pouco dinamismo inovativo – vide os atuais problemas técnicos do 737 MAX. Querem, portanto, se apropriar da competência da Embraer.
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UMA OPINIÃO VINDA DE UM ECONOMISTA COM TENDENDIAS POLITICAS LIGADAS AO CIRO GOMES NÃO É BASE PARA A FORMAÇÃO DE UMA MATÉRIA….
Entendo…a Boeing é uma empresa pouco desenvolvida, e que precisa dos engenheiros da Embraer pra decolar… concorrência chinesa e japonesa não assustam, somos melhores que eles…sei…a vida vai além do que os próximos cinco anos, num universo altamente competitivo, Kodak e Nokia que o digam…
É muita ingenuidade, para não usar outro adjetivo, que alguém acredite que qualquer negócio com os EUA seja, no minimo, igualitario para ambos os paises. Os EUA não fazem nada se não tiverem vantagens, e as vantagens que eles querem. Ainda desejo que o acordo sobre Alcântara não se concretize, assim como esse da Embraer. Somos capazes de nos desenvolver sem o patronato de outros países. Vamos fazer mais e falar menos senhores políticos e empresários. Você pode não concordar, mas isso é democracia.
É da Unicamp, precisa dizer mais???
Com todo o respeito ao professor, mas algumas das informações ditas por ele estão equivocadas. E se ele analisar buscar as informações dos últimos pedidos do E2 frente aos A220, a Embraer está perdendo mercado. Mas eu sou somente um leitor, e meu entendimento é que o barzinho do Zé da esquina não vai poder comercialmente contra uma grande rede de Supermercados. Desculpe a falta de proporção, mas você vai entender a ideia.
Como disse, sou somente um simples leitor e essa é a minha visão.
Opinião míope deste economista, sem analisar o mercado a longo prazo e, sem conhecer a fundo o mercado mundial de aviação e seus concorrentes. Se a Embraer não fizer esta parceria com a Boeing, então, estará fadada a ter o mesmo fim que outras grandes e famosas fabricantes
Pior é que tem baba ovo de americano que diz que o negócio foi bom. O Brasil é um país de dimensão continental e precisa ter a sua própria tecnologia.
Não podemos o tempo todo exportar só matéria prima.
A Embraer pertence aos seus acionistas, principalmente fundos europeus.
O Brasil não merece uma empresa como a Embraer. Somos uma vergonha mundial.
O livre pensar é como uma ficção, eu crio a situação que eu quero.
Imaginem se a Embraer não tivesse sido privatizada, teria quebrado com tanta roubalheira do governo Petista. Teria virado pó!
A realidade ficou de fora dos comentários do professor. O poder de comercialização da Boeing é milhares de vezes maior do que a da Embraer. Assim que a Boeing resolver os problemas do 737Max, tudo voltará ao normal e poderão se dedicar aos aviões da Embraer. A Embraer ficou com apenas 20% das ações da linha dos Jatos mas vai receber o valor equivalente aos 80%. Não vendeu “de graça” professor! Com esse dinheiro em Caixa dá para tocar muitos projetos de interesse dela e do Brasil.
Eu fico desanimado ao ver as opiniões na entrevista e nos comentários. A Airbus assumiu o controle da Bombardier para atingir a Boeing, e a Bombardier aceitou o acordo para eliminar a Embraer como concorrente e sobreviver. É por este motivo que os europeus estão demorando para dar seu de acordo.
A Embraer apesar de sua excelência em engenharia e em desenvolvimento de mercado, não tem bala na agulha para sustentar a concorrencia em bases iguais. Tanto a Boeing como a Airbus fazem lobby dos seus produtos no mercado. A Embraer estaria concorrendo contra um Leviatan e não contra a Bombardier. É só ver a alavancagem que os aviões da Bombardier tiveram depois do acordo. Como não tenho a “autoridade acadêmica” do entrevistado, não posso falar sobre cláusulas do acordo, que não li, mas, acredito que existam algumas que garantam a existência da Embraer como entidade produtiva no Brasil bem como a proteção de seu quadro de engenheiros. Quanto à sobrevivência da divisão militar, e da aviação executiva, tudo depende da excelência gerencial para manter a empresa viva e do comportamento do mercado no caso da divisão executiva e do governo brasileiro no caso da divisão de produtos militares. Não acredito que a embraer neste contexto sobreviveria sem uma subvenção alta do governo ou uma absorção pela Boeing.
Eu penso que o fato de alguem ser um professor da Unicamp não o impede de falar bobagem, e francamente não concordei com os argumentos apresentados na entrevista.
Não entendi a colocação do Sr. Paulo Esteves: o Brasil é uma vergonha mundial ? Qual a razão de tamanho veneno ?
Vergonha seria vermos a Embraer sucumbir e a Bombardier vendendo os A220 aos montes. Azul e a Jet Blue já disseram que vão encomendar algumas dezenas deles. Aliás, estas duas empresas não possuem um brasileiro no comendo ? Por que não perguntar a ele qual a razão da súbita mudança Embraer por Airbus ?
O que o Brasil tem que fazer é criar uma nova empresa para montar aviões que caiam no gosto das operadoras. Que comece com um turbo hélice para 50 lugares.Foi assim que tudo começou: Bandeirantes, Brasília, etc.
Lógico que queremos empresas brasileiras produzindo e gerando recursos de ponta mundialmente. Mas contra os fatos não há argumentos. Cenário atual requer parceria. Caso a Embraer não fizesse esse negócio, a Boeing iria fazer com outra ou criaria seu próprio modelo. A culpa foi da Bombardier que teve o olho maior que a barriga e criou um produto que para atingir o break even teria que vender 2000 aeronaves. Ou seja nunca conseguiriam. Isso colocou a Embraer frente a frente com a Airbus. Sem chance. As duas estão comprando os fornecedores. As matérias primas para a Embraer seriam mais caras e com prazos mais longos. Enfim, e a lei de mercado. Pode mais quem tem mais bala na agulha. Se tivéssemos um governo que investisse na empresa como os EUA talvez a empresa teria mais fôlego. Quem sabe um dia a Boeing não devolva a Embraer.
Até hoje não entendi porque não houve, por parte da Embraer, uma negociação em relação a porcentagem de cada uma, visto que, da maneira como está (80 boing, 20 embraer) fica praticamente inviável a continuidade da Embraer.
O Brasil é grande exportador de nadegas é incapaz de gerir negócios. Povo sem identidade é incapaz de andar com as próprias pernas
Opinião de um esquerdista.
O entrevistado é especialista no assunto. No entanto, os comentaristas que defendem a entrega da Embraer são inteligentíssimos, brilhantes. Aqueles que querem manter o controle brasileiro da Embraer são membros da Al-quaeda, querem derrubar os EUA. Isso é uma vergonha! Uma piada sem nenhuma graça.
Parei de levar a sério no “professor da UNICAMP”
Posso ser leigo no assunto, mas a Boing há algum tempo atrás comprou a McDonnell Douglas dos famosos DC 10.
Absorveu seus clientes, pegou seus melhores funcionários, eliminou fábricas, isso de uma empresa Americana.
É certeza que daqui vc alguns anos teremos uma vaga lembrança do era a Embraer.
Da mesma maneira que a compra da divisão de jatos da Bombardier atendia somente aos interesses da Airbus e este “economista” de ideologia comunista nem se pronunciou. Será por que o assunto não interessava ao seu partido? Vivemos em um mundo capitalista, graças a Deus. O comentário do Alex Xavier diz tudo: quem “mexeu” com o mercado foi a Bombardier, portanto, se há algum culpado foi ela. E que os esquerdistas que adoram uma empresa estatal que procurem tirar “satisfações” com ela, quer dizer, com a Airbus.
Bom, eu sou da aviação a 28 anos, e…..bom não entedo nada do assunto neh, deixa o assunto para os ” especialistas”.. ahahahaha…a gente lê cada uma viu ?
Professor, antes de falar sobre como seria a Embraer sem essa venda a Boeing, sugiro que olhe o número de aeronaves (E2 e KC-390) que foram realizadas nos últimos anos. Estamos perdendo mercado para o A220 por não possuirmos o mesmo suporte oferecido pela gigante Airbus.
Ai ai. Nossas universidades estão cheias de militantes de esquerda que fazem seus alunos e pupilos enxergarem os EUA como um país expropriador, ladrão e malvado.
O interessante é que a esquerda brasileira, quando no poder, doou dinheiro para ditaduras esquerdistas na maior cara de pau, quebrou estatais e fundos de pensão sem dó nem piedade.
Mas, para onde vão os professores que ganham dinheiro público e seus pupilos, gastar o dinheirinho capitalista pago para sustentar entes esquerdistas? para os EUA, passear na disney e comprar I-Phone de última geração. Preferencialmente na classe executiva de um Boeing.
Pessoal a mais pura verdade é que a Embraer ao longo dos anos se tornou um cabine de emprego de pessoas incompetentes houve uma epoca que a cada 3 funcionários havia um supervisor
A empresa vinha amargando varios resultados negativos por falta de gestão e também por pura incompetência
Tive o orgulho de trabalhar com o Sr Maurício Botelho que era exemplo depois dele somente aventureiros oportunistas
A Embraer se tornou um celeiros de pessoas mau intensiknadas que não se dedicam e só querem suga até a última gota da empresa
Espero que o governo não injeti mais dinheiro para esse bando principalmente para não haver mais caso de su suborno para vencer licitações Embraer na verdade uma vergonha nacional
E INCRÍVEL COMO TEM GENTE Q ACRETIDAR . Q A BOEING VAI SALVA R A EMBRAER RSSSSS , A TECNOLOGIA E 195-2 SÓ E ALCANÇADA DO MODE 777 MAX , SEM CONTAR COM OS EMBARAÇOS 737MAX , E TODAS AS EMPRESAS Q BOIENG COMPROU , TODAS AS UNIDADES FORAM FECHADAS E OS FUNCIONÁRIOS , MANDADO EMBORA . OQ VC ACHAM Q VAI ACONTECER COM EMBRAER , PENSEI Q COM BOSONAURO IRIA DEFENDER ESSE PATRIMÓNIO NACIONAL , E ENTREGOU POR PREÇO DE AVIÃO BANDEIRANTE, BOLSONARO , PUXA SACO DE TRUMP.
o professor-economista, explicou a coisa de forma simples e clara: os canadenses fizeram um acordo ganha-ganha com os europeus, e os brazucas fizeram um acordo caracu com os yankees. e tem aculturado que acha que fizemos bom negócio.
o grande problema desse acordo é que a Boeing disse que seria ou isso ou aquilo e os acionistas aceitaram. Não apareceu ninguém pra fazer uma contra proposta mais igualitária. Se foi possível no caso da bombardier, seria no caso da Embraer. Agora só espero que não aconteça da Boeing Brasil pegar dinheiro do BNDES, por que se pegar, pode fecar as portas desse país, pois vai ser viralatismo até dizer chega.
A indústria aeronáutica é concentrada em poucos fabricantes, fenômeno este que não começou com a aquisição de 80% da Embraer pela Boeing. Se verificarmos o que aconteceu nos últimos 30 anos, a maioria das empresas fabricantes de aviões foi absorvida ou encerraram as atividades na Europa e América do Norte. Inclusive algumas que atuam na área das aeronaves para uso militar também foram absorvidas por outras empresas. Muito semelhante com o que ocorreu com a indústria automobilística em vários países.