O banco internacional Barclays, que também atua como agência de risco no mercado financeiro, rebaixou a classificação das ações da Boeing após colher os resultados de uma pesquisa sobre a aceitação do 737 MAX pelo público. A instituição descobriu que muitas pessoas evitarão voar “por um longo período” na aeronave depois que ela for liberada para voar novamente.
“Para avaliar a percepção do 737 MAX, ouvimos 1.765 viajantes na América do Norte e Europa com uma ampla mistura de faixas etárias, níveis de renda e frequências de viagens aéreas”, informou o Barclays em uma nota aos investidores.
“Metade não voará no MAX no por um ano ou mais”, apontou a instituição. “Se fosse dada a opção entre um 737 MAX e outro tipo de aeronaves em voos idênticos, 52% escolheriam o outro tipo de aeronave.”
Agências de aviação no mundo todo, incluindo a ANAC no Brasil, ordenaram o aterramento da aeronave MAX em março, após o acidente com um 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines, na Etiópia. Esse desastre aconteceu cinco meses após a queda de um avião do mesmo tipo da Lion Air, na Indonésia. Os dois acidentes deixaram um total de 346 mortos.
A Boeing está trabalhando atualmente em uma atualização de software para o 737 MAX. A fabricante espera que a modificação resolva os problemas de controle em voo, que é apontado como a causa central dos desastres. O CEO da Boeing, Dennis Muilenburg, disse durante a teleconferência em abril, que a empresa está trabalhando com o FAA (a “ANAC” dos Estados Unidos) na certificação do avião modificado e que o próximo passo, “no curto prazo”, é retomar as operações comerciais com o jato.
Apesar do otimismo do CEO da Boeing, o Barclays está convencido. “Esperamos que a recuperação da produção do 737 MAX demore mais do que o esperado. A taxa de produção será mais lenta do que o previsto, já que acreditamos que é improvável que as companhias aéreas recebam as aeronaves tão rapidamente quanto antes do aterramento”, aponta o informe do banco.
Em meio as incertezas sobre o retorno do 737 MAX, o Barclays reduziu a meta de preço das ações da Boeing de US$ 417 para US$ 367 por ação.
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