Quando o ‘Bear’ (Urso) decolou pela primeira vez em novembro de 1952, Joseph Stalin ainda era o premiê da União Soviética, embora já bastante adoentado. A Guerra Fria começava a tomar contornos graves e o guerra entre as Coreias colocava russos e americanos em conflito no Sudeste Asiático.
Sete meses antes, os Estados Unidos haviam realizado o voo inaugural do B-52 Stratofortress, o mais impressionante bombardeiro estratégico então criado. O Tu-95 era, portanto, uma resposta à altura aos seus rivais, mas com soluções originais.
Em vez dos pouco eficientes turbojatos, o gigantesco Tupolev ostentava motores turboélices que acionavam hélices contrarotativas. Possuía um conjunto de trens de pouso tão elevado que fazia o avião parecer uma garça.
E, assim como o B-52, também o ‘Bear’ (nome dado pela OTAN) se transformou numa plataforma versátil, robusta e extremamente resistente. Prova disso é que no sábado, 22, a UAC (grupo estatal que controla quase todas as fabricantes de aviões russas) fez voar o TU-95MSM, a mais recente versão da aeronave.
O turboélice é uma atualização profunda no projeto e que recebeu novos equipamentos como os novos radar Novella-NV1.021 e o complexo de defesa aerotransportada Meteore-NM2. Além disso, o Tupolev passou a ser equipado com um sistema de exibição de informações SOI-021 e um novo sistema de controle de armas, além de motores Kuznetsov NK-12MPM aperfeiçoados.
A aeronave decolou da fábrica da Beriev em Taganrog e realizou um voo com duração de 2 horas e 33 minutos. Segundo Yuri Slyusar, CEO da UAC, o Tu-95MSM será capaz de transportar oito mísseis estratégicos em vez de quatro: “Foi possível transportar oito em vez de quatro mísseis, ou seja, aumentar a carga útil de suas armas em duas vezes e estender consideravelmente a vida útil da aeronave”, explicou à agência TASS.
A Força Aérea da Rússia, no entanto, não revela quantos Tu-95 serão convertidos para o novo padrão. Atualmente, o país opera uma frota de cerca de 40 desses aviões, que fazem parte da frota estratégica juntamente com os Tu-22M e Tu-160, que também estão sendo modernizados.
O ‘Bear’, entretanto, ainda é uma aeronave de desempenho imbatível em alguns aspectos. Em 2010, por exemplo, um Tu-95 estabeleceu o recorde mundial de voo sem escalas, percorrendo cerca de 30.000 km em 43 horas com 4 reabastecimentos aéreos.
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