Após mais de sete anos de espera, um tribunal da comunidade de Créteil, no sul de Paris, condenou um piloto marroquino por ter decolado do Aeroporto de Orly com um vazamento de querosene detectado na APU, a unidade auxiliar de potência, espécie de “motor de partida” de uma aeronave.
O voo entre Paris e Casablanca ocorreu em agosto de 2010 com um avião não revelado da companhia Royal Air Maroc. Ao ser reabastecido para retornar para o Marrocos, a equipe de solo avistou um vazamento de combustível vindo da cauda do avião onde fica a APU e alertou o comandante da aeronave. O piloto teria então descido para averiguar o problema mas o considera temporário. Em vez de suspender o voo, ele apenas optou por relatar o ocorrido no livro de bordo e deu partida no jato utilizando o equipamento, para espanto dos funcionários do aeroporto. Em seguida desligou a APU e iniciou o taxiamento – o voo seguiu sem problemas.
O fato, no entanto, motivou o Ministério Público de Créteil a processar o piloto por ter colocado os 80 passageiros, além da tripulação, a um risco desnecessário, afinal era possível dar partida no Airbus com unidades de potência de solo, as chamadas GPU. Segundo relatos da imprensa francesa, o piloto de 51 anos considerou que estava respeitando as instruções ao desligar a APU antes da decolagem.
“Oitenta pessoas sentadas em 15.000 litros de querosene, ele deveria ter dado partida na aeronave de outra forma”, disse o promotor do caso que pediu pela suspensão de voo do marroquino por cinco anos além de um ano de reclusão. O tribunal local, no entanto decidiu multar o piloto em 10 mil euros (cerca de R$ 38 mil), uma pena muito mais branda. Ele havia sido julgado à revelia anteriormente e detido quando pousou na cidade de Nantes, oeste da França, em março, mas alegou que não estava ciente do processo e pediu um novo julgamento.
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