Planador Perlan II vai tentar alcançar altitude recorde de 90.000 pés

Tentativa de novo recorde será realizada em El Calafate, na Argentina, região que reúne condições propícias para voos em grandes altitudes
(Airbus)
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O design avançado do planador Perlan II mais lembra o de uma nave espacial (Airbus)

A equipe por trás do planador Perlan II iniciou nesta quarta-feira (15) sua quarta temporada de voos com o objetivo de alcançar 90.000 pés (27.432 metros) de altitude sem utilizar nenhum tipo de motorização. O projeto, que tem apoio da Airbus, vem liquidando todos os recordes de planadores nos últimos anos e também contribui com pesquisas sobre o meio ambiente.

O Perlan II vai iniciar a nova fase de voos em Nevada, nos Estados Unidos. Já o teste de alta altitude ocorrerá no final deste ano em El Calafate, na região da Patagônia argentina, onde o planador com cabine pressurizada estabeleceu o recorde atual de 76.124 pés (23.202 m) em 2018.

O local escolhido pela equipe, próximo a Cordilheira dos Andes, é propício para o voo pois reúne ondas de montanhas estratosféricas e o vórtice polar, fenômenos climáticos que literalmente empurram a aeronave para o alto.

Se de fato alcançar 90.000 pés de altitude, o Perlan II será o dono do recorde absoluto de altitude para aeronaves com ou sem motor. A marca atual pertence ao antigo avião de espionagem Lockheed SR-71, que era capaz de voar a 85.000 pés (25.908 m).

A principal novidade incorporada ao planador para a nova temporada de voos é o sistema de “visualização de onda”, que pode ajudar os pilotos a encontrar com maior precisão as ondas de ar ascendentes necessárias para ganhar mais altitude. De acordo com a equipe do projeto, o equipamento mostra os prováveis locais onde o fenômeno ocorre com base em dados topográficos e meteorológicos.

Além de ter sido construído para quebrar recordes, o Perlan 2 também é uma plataforma de pesquisas científicas. O planador carrega equipamentos que colhem dados e realizam experimentos sobre mudanças no clima, efeitos da radiação solar em pilotos e aeronaves e voos em altitudes elevadas.

O Perlan 2 é construído quase que inteiramente com fibra de carbono (Thiago Vinholes)
O Perlan 2 é construído quase que inteiramente com fibra de carbono (Thiago Vinholes)

A equipe afirma que essas pesquisas podem auxiliar cientistas a entender melhor as condições climáticas e desvendar as complexidades aerodinâmicas em grandes altitudes, o que pode influenciar em projetos de novas aeronaves. O projeto também pode contribuir para o desenvolvimento de tecnologias avançadas capazes de ajudar os aviões a aproveitar as condições atmosféricas, como voar com melhor vento possível.

Esmagador de recordes

O antecessor do Perlan II, o modelo não-pressurizado Perlan I, quebrou o recorde de altitudes para planadores em 2006, quando atingiu 50.722 pés (16.069 m). Na ocasião, os pilotos realizaram o voo vestindo trajes pressurizados fornecidos pela NASA, semelhantes aos usados por astronautas.

A primeira versão do Perlan não tinha cabine pressurizada, por isso os pilotos usavam trajes semelhantes aos de astronautas (Divulgação)

Em 2017, desta vez com o Perlan II, a equipe alcançou a marca de 52.172 pés (15.900 m), e no ano seguinte elevou o recorde para 76.124 pés (23.202 m). Para os próximos anos, a equipe responsável pelo projeto planeja construir o Perlan III, cujo objetivo é superar os 100.000 pés (30.480 m) de altitude. Como comparação, jatos comerciais voam na faixa dos 40.000 pés (12.192 m).

O Perlan II é o planador mais avançado já desenvolvido. Construído quase inteiramente com fibra de carbono, o aparelho pesa 680 kg (vazio) e sua asa tem uma envergadura de 25 metros. O modelo decola com o auxílio de um avião rebocador que o transporta até a altitude de 40.000 pés, onde é liberado para “surfar” nas correntes de ar.

Veja mais: Tecnologia para criar aviões hipersônico avança para nova fase

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