Plano de recuperação da australiana Qantas dá fim ao 747 e envia os A380 para o deserto

Companhia aérea anunciou medidas duras para sair da crise causada pela pandemia do coronavírus como retirar de serviço 75% da frota por pelo menos um ano
Durante a pandemia, Airbus A380 da Qantas ficaram guardados no deserto da Califórnia (Peter Lavender)
Airbus A380 da Qantas ficarão três anos guardados no deserto da Califórnia (Peter Lavender)

As medidas de contenção de custos anunciadas pela companhia aérea Qantas nesta quinta-feira, 25, dão bem ideia do abismo que o setor de transporte aéreo está no momento. Empresa de bandeira da Austrália, a Qantas não teve outra alternativa a não ser encolher e muito.

Sua frota de aeronaves, que hoje possui 133 unidades, só manterá cerca de 30 aparelhos voando. Os demais serão armazenados por pelo menos um ano, afirmou a empresa, entre eles os 12 Airbus A380, que serão enviados ao deserto do Mojave, na California, até 2023.

A sorte do gigante da Airbus, que ainda é visto como viável pela empresa, é bem melhor que a dos Boeing 747-400 da Qantas. Seus seis Jumbos restantes estão definitivamente aposentados, seis meses antes do previsto.

Encomendas adiadas

A Qantas revelou que reduzirá sua malha de longo alcance, que ficará a cargo de alguns jatos 787-9 e A330. A companhia aérea também confirmou que as encomendas pendentes do Dreamliner e do A321neo terão as entregas adiadas, embora não tenha revelado um prazo. O plano prevê um dispêndio de US$ 1 bilhão nos próximos 12 meses, mas que se refletirá numa economia de US$ 15 bilhões em três anos.

Como é de praxe na comunicação corporativa, o CEO da Qantas, Alan Joyce, garantiu que “o Grupo Qantas entrou nesta crise em uma posição melhor do que a maioria das companhias aéreas e temos algumas das melhores perspectivas de recuperação, principalmente no mercado doméstico”.

Joyce, no entanto, admitiu que isso significará “tornar-se uma companhia aérea menor no curto prazo” e que se adaptar à nova realidade obrigou a empresa a tomar “algumas decisões muito dolorosas como as perdas de empregos que anunciamos hoje” – serão 6 mil funcionários demitidos de um total de 21 mil.

Projeto Sunrise na geladeira

A pandemia pegou a Qantas em meio a um projeto ambicioso, o Sunrise (nascer do sol), que pretendia lançar rotas de ultra longo alcance entre Sydney e Melbourne e destinos como Nova York e Londres sem escalas.

A empresa realizou voos de testes no início do ano para analisar formas de tornar a viagem o menos desgastante possível. Antes de suspender o projeto, a Qantas havia apontado o A350-1000 como aeronave preferida para realizar esses voos, que envolvem distâncias de até 17.000 km.

A Qantas encerrou as operação com seus 747-400 seis meses antes do previsto e utilizará o 787 e o A330 (foto) nas rotas de longa distância (Simon Sees)

Veja também: Air France comfirma voo de despedida do A380 para sexta-feira

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