Primeiro avião produzido pela Airbus, o A300 inaugurou uma nova era da aviação comercial quando estreou no mercado em 1974 com a Air France. O jato projetado pelo grupo europeu foi a primeira aeronave de fuselagem larga (wide-body) impulsionada somente por dois motores enquanto os demais produtos nesse segmento ainda precisavam de três ou quatro motores para voar.
Bem mais econômico que um trimotor e mais ainda comparado aos quadrimotores, o A300 foi uma aeronave muito versátil em seu auge. Além de versões de passageiros, o jato pioneiro da Airbus também teve variantes de transporte militar e reabastecimento aéreo.
Mais adiante, à medida em que deixavam a aviação comercial, grande parte dos aparelhos foi convertida em cargueiros, função na qual o avião europeu ainda é amplamente utilizado, com mais de 200 unidades em serviço. Os maiores operadores do A300 cargueiro são a FedEx, com 67 aviões em serviço, e a UPS, com 52 aparelhos na frota.
No Brasil, um total de sete jatos A300 foram operado pela companhias Varig (dois aparelhos), Cruzeiro do Sul (dois) e a VASP (três) entre 1979 e 2005. Apesar do porte avantajado e capacidade para cerca de 300 passageiros, esses aviões eram operados basicamente em rotas domésticas, algumas delas partindo inclusive do aeroporto de Congonhas, terminal que por questões de segurança hoje é proibido de receber jatos de fuselagem larga.
O A300 ainda deu origem ao modelo A300-600, o primeiro avião comercial equipado com comandos fly-by-wire, depois do Concorde, e o exótico cargueiro Beluga, usado para transportar componentes entre as fábricas da Airbus na Europa. Outra variante da série foi o A310, modelo com fuselagem mais curta e alcance ampliado.
Passados 45 anos de sua estreia, o A300 hoje é uma avião raro de ser ver no transporte de passageiros e apenas um punhado deles ainda cumpre essa atividade. Das 561 unidades produzidas pela Airbus entre 1971 e 2007, apenas 24 exemplares (ou talvez até menos) são considerados ativos na aviação comercial, segundo dados do Airfleets.
Exceto por um modelo, utilizado pelo governo do Iraque no transporte de passageiros, todos os demais 23 A300 em operação na aviação comercial residem em um único país: o Irã.
Mas isso não é apenas uma coincidência. Devido às sanções econômicas impostas pelos EUA ao país no Oriente Médio, as empresas iranianas não conseguem adquirir aviões novos e por isso mantém frotas já um tanto envelhecidas. Conheça a seguir as companhias aéreas que ainda utilizam o A300 no transporte de passageiros.
Mahan Air
Banida recentemente de voar para a Itália sob a acusação de envolvimento com terroristas, a Mahan Air é atualmente o maior operador comercial do Airbus A300. A companhia iraniana possui 11 unidades do jato, adquiridos de segunda mão entre 2009 e 2014.
Exceto por um aparelho, todos os A300 da Mahan Air vieram da Lufthansa e têm idades entre 28 e 32 anos. O modelo mais novo em serviço com a empresa foi adquirido da Kyrgyz Airways, do Quirguistão, e soma 17 anos de carreira.
Iran Air
Principal companhia aérea do Irã, a Iran Air opera ao menos cinco jatos A300 no transporte de passageiros. Cabe destacar que os números sobre aeronaves comerciais ativas no Irã, um país extremamente fechado, são um tanto nebulosos e passíveis de questionamentos.
A Iran Air, por outro lado, opera uma frota considerável de A300 no segmento de carga, com oito aeronaves. Ao contrário da Mahan Air, que comprou aviões usados, a empresa aérea de bandeira do Irã conseguiu adquirir alguns modelos “zero km” diretamente com a Airbus nas décadas de 80 e 90, quando as sanções contra o Irã ainda não eram tão rígidas.
Qeshm Air
Listada como a sétima maior companhia aérea do Irã (existem atualmente 15 companhias aéreas no Irã), a Qeshm Air é outra empresa do país com cinco Airbus A300 na frota, todos operados no transporte de passageiros. Os aparelhos utilizados pela transportadora foram produzidos pela Airbus entre 1991 e 1996.
Meraj Airlines
A última companhia iraniana na lista de operadores do A300 é a Meraj Airlines, com dois aparelhos em serviço. Os aviões na frota da empresa, um fabricado em 1995 e outro em 1996, foram adquiridos em 2010 da Saha Air, transportadora controlada pela força aérea do Irã.
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Tive o prazer de exercer a função de Comando de aeronaves A-300B2 por três anos em uma empresa aérea brasileira. Excelente aeronave, de fácil manobrabilidade, conforto e segurança! Um total de 1.416 horas nesta aeronave!
Faltou o Sterna.
O A300 foi um aparelho que sacudiu o mercado, pois além de sua capacidade e caracteriscas, obrigou a Boeing a reagir à altura, lançando aquele que, para mim, é o mais versátil avião jamais produzido, o 767.
Depois desses dois só a Airbus se meteu em aventuras de 4 reatores: o A340 e o A380. Ambos já retirados de linha. A falta de percepção de longo prazo da Airbus foi gritante no 380. Surgiam e se multiplicavam aeroportos fora dos tradicionais centros. Surgiram os subhubs. A Boeing se ateve ao mitológico 747. Que permanecerá em produção.