A queda de um ATR 72 da VoePass em 9 de agosto de 2024 na cidade de Vinhedo chocou muitas pessoas pelas imagens da aeronave girando ao cair sobre uma residência, vitimando todos os ocupantes. E fez surgir a pergunta: Por que aeronaves desse porte não contam com paraquedas de emergência?
Uma das questões mais frequentes foi sobre a ausência de um sistema semelhante em aviões maiores, como os jatos e turboélices de passageiros operados por companhias aéreas, que poderia ter salvo a vida de várias pessoas.
Embora pareça uma pergunta trivial, a resposta é complexa e varia de acordo com o tamanho e peso do avião.
Em 10 de março de 2023, um monomotor Cirrus SR22 pousou em segurança após sofrer uma pane de motor momentos depois de decolar do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG). A bordo da aeronave estavam seis pessoas, que foram salvas pelo sistema de paraquedas de emergência CAPS (Cirrus Airframe Parachute System).
Consultado pelo AIRWAY, Annibal Hatem Junior, professor de engenharia aeroespacial da Universidade Federal do ABC (UFABC), explicou que do ponto de vista técnico, existe uma grande diferença entre um paraquedas para um avião pequeno e um grande. “Para se ter uma ideia, um Cessna 152 vazio pesa 490 kg e um Boeing 747 passa das 183 toneladas.”
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De acordo com Annibal, o tamanho do velame (o tecido que dá sustentação) de um paraquedas é determinado por uma equação que considera o peso do objeto, a força da gravidade e a resistência do ar. À vista disso, tecnicamente tanto é possível criar um paraquedas para um avião pequeno, como o Cirrus SR22, como para um grande jato, como uma aeronave do porte de um 747. Mas não é tão simples assim.
O monomotor da Cirrus (vazio) pesa cerca de 1.000 kg. Para frear a queda de uma aeronave desse porte, o paraquedas deve ter um diâmetro de aproximadamente 20 metros. E para um Boeing 747?
Pelos cálculos de Annibal, um paraquedas capaz de suportar o peso de um Jumbo teria um diâmetro cerca de 20 vezes maior comparado ao sistema usado no Cirrus. “Isso implica em algo como um paraquedas com 400 metros de diâmetro, mas isso gera outros problemas tecnológicos.”
“Um paraquedas tem que ser dobrado cuidadosamente para que, quando for aberto, não se prenda em si mesmo, ficando enroscado. Com essas dimensões, a aplicação de um paraquedas numa aeronave de grande porte fica muito complicada”, disse o professor da UFABC. E tem mais.
“Uma outra questão é o ponto de sustentação. Quando o paraquedas se abre, ele dá um “tranco”, pois freia bruscamente a queda. O ponto em que ele se prende na aeronave deve ter condições de suportar todo o peso da estrutura. Isso também implica em mudanças estruturais de um avião pesado”, acrescentou.
Portanto, não basta apenas incluir um sistema de paraquedas no avião de grande porte. Ele deve ser projetado desde o início para suportar o equipamento, sobretudo o solavanco da abertura do velame. Se não for assim, a aeronave pode sofrer danos estruturais graves no momento da abertura do paraqueda. “Se fosse assim, seria muito pior do que cair inteiro”, concluiu Annibal.
Sistema CAPS já salvou mais de 220 vidas
O sistema CAPS é empregado pela Cirrus Aircraft desde 1999, quando a empresa lançou o monomotor SR20. “Hoje, todos os aviões da Cirrus vêm equipados de fábrica com o paraquedas de emergência”, contou Sergio Beneditti, diretor comercial da Plane Aviation, representante oficial da fabricante estadunidense no Brasil, em contato com o AIRWAY. “Essa tecnologia é um incremento fantástico para a segurança do voo na aviação geral.”
De acordo Beneditti, o CAPS foi acionado em torno de 110 vezes ao redor do mundo, salvando mais de 220 vidas. “Aqui no Brasil já foram registrados quatro acionamentos, incluindo este último em Belo Horizonte. Ao todo, 14 vidas foram salvas.”
Embora seja conhecido por equipar aviões da Cirrus, os sistemas de paraquedas de emergência surgiram primeiramente em ultraleves e aeronaves de pequeno porte da Cessna Aircraft.
O primeiro dispositivo do tipo começou a ser desenvolvido em 1982 pela Ballistic Recovery Systems (BRS), para aviões ultraleves. Em 1993, a BRS criou um sistema de paraquedas para o Cessna 150/152. No entanto, era um sistema adaptado: além de caro e pesado, ocupava um grande espaço no compartimento de bagagem do avião.
O sistema BRS para o Cessna 150/152 foi um bom ponto de partida, mas ainda permanecia a dúvida quanto à sua adaptabilidade a uma aeronave mais pesada e mais rápida e com capacidade para quatro pessoas, como seria o SR20 lançado pela Cirrus no fim da década de 1990. Hoje, o equipamento empregado pela fabricante norte-americana é o CAPS G5, de quinta geração, e que é fornecido pela BRS.
Como funciona?
A ativação do CAPS se dá por meio de uma alavanca localizada acima do ombro do piloto. Qualquer pessoa a bordo da aeronave pode acioná-lo.
Como explica a Cirrus, a alavanca deve ser puxada em um movimento constante, com as duas mãos. É necessário exercer uma força de cerca de 20 kg. Ao puxar a alça, um foguete é disparado da fuselagem do avião, removendo a capa do compartimento do paraquedas. O dispositivo pirotécnico também extrai a bolsa do velame dobrado de dentro da aeronave, garantindo que ele abra da maneira correta.
Conforme o paraquedas infla, os tirantes dianteiros são arrancados de dentro da camada superficial da fuselagem. Conforme o ar começa a preencher o velame, as cargas aerodinâmicas iniciais fazem com que a aeronave assuma um pitch positivo, desacelerando o avião que desce até o solo a uma velocidade de aproximadamente 27 km/h.
O impacto esperado contra o solo é equivalente a queda de uma altura de cerca de quatro metros. A fuselagem, assentos e trem de pouso das aeronaves Cirrus foram projetados para absorver essa energia do impacto, garante o fabricante.
“A Cirrus treina gratuitamente todos os pilotos para usar o sistema de paraquedas, mesmo quando o avião é adquirido de segunda mão”, explicou o diretor da Plane Aviation, que contabiliza quase 500 aeronaves Cirrus vendidas no Brasil.
Segundo a Cirrus, o CAPS é efetivo se acionado a uma altitude mínima entre 400 e 560 pés (entre 121 e 170 metros) a uma velocidade de até 165 nós (305 km/h). Além desse parâmetros, o funcionamento do sistema não é totalmente garantido.
Seria interessante também em se tratando de um avião de grande porte colocar uma espécie de aur bag por baixo da aeronave com dispositivo para que acione ao se aproximar do solo, eu acho que seria bom, morro de medo de voar.
Socorro! As vezes as pessoas podiam ser mais egoístas e guardarem apenas para si suas opiniões… talvez o mundo ficasse melhor…
O motivo no no qual a engenharia espacial não criaram ainda um paraquedas para aeronaves de transporte e cargas se dá pelo peso descomunal do equipamento mas de toda forma é óbvio que um paraquedas proporcionalmente grande não evitaria algumas mortes mais diminuiria significativamente pois o impacto não seria tão destruidor a ponto de é um sobrar absolutamente nada e sim algo mais macio e cauteloso
Implantação do sistema de paraquedas nos aviões de grande porte é viável mas não de interesse das grandes companhias. O custo de milhares de vidas humanas não são prioridades, mas sim os custos e os lucros. Evidente que não seria simplesmente colocar diversos paraquedas na aeronave, tipo retorno de cápsula espacial da Nasa, teria que apenas a parte dos passageiros fossem resguardadas, o restante, os quais são as partes mais pesadas seriam eliminadas no ato, motores, asas, porões de bagagens,etc.
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Esse avião deve ser muito ruim pq em 23 anos já teve 110 incidentes graves a ponto de ter que usar o paraquedas, acho que é o fabricante com os índices mais elevados de incidentes/acidentes