Na última sexta-feira (8), aeronaves da Força Aérea Real Britânica (RAF) precisaram realizar pousos não programados no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro.
Segundo a FAB, uma das aeronaves britânicas, um Airbus Voyager (A330-200), estava em situação de emergência e solicitou a alteração de rota para o pouso no Galeão, enquanto voava em formação com um caça Eurofighter Typhoon.
As aeronaves britânicas estavam em viagem do Aeroporto Internacional Amilcar Cabral, em Cabo Verde, com destino ao Aeroporto de Mount Pleasant, nas Ilhas Malvinas (Falkland).
A formação era composta por um avião A400M Atlas, um A330 e três caças Eurofighter Typhoon, que fizeram sua primeira aparição no Brasil.
A alteração de rota foi necessária devido a condições meteorológicas desfavoráveis, que impediram o reabastecimento aéreo planejado.
De acordo com a FAB e a RIOGaleão, os pousos de emergência foram realizados com segurança. No entanto, o tráfego no aeroporto foi momentaneamente impactado, resultando no atraso de sete aterrisagens. Pouco depois, as operações foram normalizadas, e as aeronaves britânicas retomaram seu plano de voo sem maiores complicações.
Em nota, a Embaixada do Reino Unido destacou que as aeronaves estavam em missão de entrega de fuselagens às Ilhas Falkland. Após a saída do Brasil, a previsão era de que as aeronaves prosseguiriam até a Ilha Ascensão, território ultramarino britânico no Atlântico Sul, antes de concluir a missão.
Por que o Galeão tem recebido aviões britânicos com problemas?
Voos entre o Reino Unido e as Malvinas são relativamente comuns. Como a distância é enorme, as aeronaves normalmente fazem uma escala na Ilha Ascenção e depois cobrem um grande espaço até Mount Pleasant. Se houver algum imprevisto ou problema, o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, surge como uma das poucas opções no caminho.
Além de o Galeão ter a pista mais longa entre os aeroportos comerciais brasileiros, o Brasil é o único país da América do Sul que pode receber aeronaves da RAF sem criar problemas técnicos ou diplomáticos. O Uruguai não tem uma infraestrutura tão grande em seus aeroportos e a Argentina com certeza não aceitaria socorrer aviões britânicos em razão da Guerra das Malvinas.
Pouso de bombardeiro britânico gerou crise diplomática há 42 anos
Falando em Guerra das Malvinas, em 3 de junho de 1982, um bombardeiro britânico Avro Vulcan, envolvido na operação “Black Buck”, foi forçado a realizar um pouso de emergência no Rio de Janeiro após ser interceptado por caças da Força Aérea Brasileira. A aeronave, que vinha de uma missão nas Ilhas Malvinas, foi escoltada até o pouso seguro por dois F-5E da FAB, mas seus motores se desligaram durante o táxi na pista.
A tripulação do Vulcan foi detida pela FAB e hospedada no Hotel de Trânsito, onde permaneceu por uma semana. Sete dias depois, a aeronave decolou de volta para a ilha de Ascensão, base das forças britânicas.
O incidente causou tensão diplomática entre Brasil, Argentina e Grã-Bretanha. Enquanto o governo britânico exigia a liberação imediata do avião, o Brasil resistiu, colocando como condição que o Vulcan não fosse mais empregado em operações contra os argentinos.