O antigo porta-aviões INS Viraat da marinha indiana chegou a impiedosa praia de Alang, na costa oeste da Índia, onde fica o maior “cemitério de navios” do mundo. Segundo a imprensa local, o processo de desmantelamento da embarcação será iniciado até o final deste mês.
Descomissionado do serviço militar em março de 2017, o Viraat foi colocado à venda pelo ministério da defesa indiano, depois que os esforços para convertê-lo em museu flutuante foram abandonados devido a falta de interesse e fundos insuficientes.
O casco do porta-aviões foi adquirido pela empresa indiana Shree Ram Group por 385,4 milhões de rúpias (cerca de R$ 29 milhões) através de um leilão realizado em julho de 2020.
Alang também o destino do primeiro porta-aviões da Marinha do Brasil, o NAeL Minas Gerais. Após ser desativado em 2001, a embarcação foi rebocada até o desmanche indiano, onde velhos navios são desmontados por homens e máquinas em condições precárias e praticamente sem nenhum cuidado com os resíduos poluentes.
Porta-aviões histórico
A decisão de desmontar o Viraat é um triste fim para uma embarcação repleta de histórias. Segundo porta-aviões operado na Índia, o navio foi comprado usado da Royal Navy, a marinha britânica, em 1986.
A serviço do Reino Unido, a embarcação navegou com o nome HMS Hermes entre 1959 e 1984. O navio de 27.800 toneladas de deslocamento é o último exemplar da classe Centaur, construídos entre 1944 e 1959.
O capítulo mais notório na história da embarcação foi sua participação na Guerra das Malvinas, em 1982, quando ainda pertencia à Royal Navy. A embarcação foi o principal meio de ataque dos britânicos no conflito contra a Argentina, servindo de base flutuante para os caças British Aerospace Sea Harrier, de pouso e decolagem verticais. O navio podia embarcar até 16 dessas aeronaves, além de 10 helicópteros Sea King e até 2.100 tripulantes.
A serviço da marinha indiana, o navio renomeado como INS Viraat (Gigante, em sânscrito) também operou com caças Harrier. Diferentemente dos grandes porta-aviões de propulsor nuclear em operação nos EUA, o barco usado na Índia não era equipado com sistemas de catapulta de lançamento de aeronaves. Em vez disso, ele tinha a uma rampa (ski-jump) na proa, por onde as aeronaves decolavam após uma curta corrida pelo convés de voo – método que reduz o consumo de combustível dos caças Harrier na fase de decolagem.
O Viraat é o segundo porta-aviões da marinha indiana enviado para o desmanche. Em 2014, o INS Vikrant (Corajoso em sânscrito), que serviu no país entre 1961 e 1997, começou a ser desmontando próximo ao porto de Mumbai e o processo foi finalizado somente em 2018. O navio teve uma curta carreira como museu, de 2001 e 2012, mas foi fechado após ser considerado inseguro para o público.
A Marinha da Índia possui atualmente um porta-aviões em serviço, o INS Vikramaditya (Valente como o Sol), construído na Rússia e comissionado na marinha indiana em 2013. A embarcação do tipo ski-jump pode receber até 29 caças navais MiG-29K.
A Índia planeja a aquisição de mais cinco navios aeródromos, mas desta vez construídos localmente. O primeiro modelo dessa nova safra, que reviverá o nome Vikrant, deve ser finalizado em 2021.
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