O impasse entre os governos federal, estadual e a prefeitura do Rio de Janeiro a respeito dos aeroportos Santos Dumont e Galeão ganhou mais um capítulo nesta quarta-feira (14). Segundo o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria concordado em limitar os voos a partir do aeroporto no centro da cidade.
Após reunião com Lula, Paes afirmou que o Santos Dumont passará a ter apenas voos para São Paulo (ponte aérea) e Brasília, mas sem detalhar o que acontecerá com as ligações regionais, que sempre estiveram nesse local.
“O Aeroporto Santos Dumont passará a ser somente para ponte aérea Rio-São Paulo, ou seja, Rio-Congonhas, e Rio-Brasília. E o Aeroporto Internacional do Rio volta a receber os voos domésticos que sempre teve, o que permite que o Galeão seja um hub internacional”, disse a jornais na saída do encontro.
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A mudança no perfil do aeroporto só deverá ocorrer em 2024 já que existe um período para adaptação e redesenho das rotas. Apesar disso, o governo federal ainda não havia se pronunciado oficialmente até a manhã desta quinta-feira.
A novidade surge dias depois que o governador do Rio , Cláudio de Castro, sugeriu ao governo federal a criação de uma Sociedade de Propósito Específicio (SPE) para administrar tanto o Santos Dumont quanto o Galeão.
A ideia é que a gestão conjunta dos dois aeroportos da cidade possa equilibrar a demanda e oferta sem que ocorra algum tipo de concorrência entre eles. A hipótese incluíria a participação da Changi, atual controladora da concessionári RioGaleão.
Galeão esvaziado
Nos últimos anos, por várias razões, o Aeroporto do Galeão passou a perder voos e ver sua demanda despencar. Por outro lado, a Infraero expandiu a capacidade do Santos Dumont, o que fez o aeroporto desviar tráfego do terminal na Ilha do Galeão.
Em 2022, por exemplo, enquanto o Santos Dumont recebeu mais de 10 milhões de passageiros, o Tom Jobim movimentou menos de 6 milhões de pessoas. Dessas, apenas 3,4 mihões em rotas domésticas, ou 25% do movimento nacional com destino e partida no Rio.
Este ano, até abril, a situação nas rotas domésticas permanece numa situação semelhante, com o Santos Dumont abocanhando 76% da demanda. O Galeão, por outro lado, recuperou parte do movimento internacional.
A queixa do governador e do prefeito é que o esvaziamento do Galeão seria causado pela oferta de conexões no Santos Dumont para outros aeroportos internacionais, sobretudo Guarulhos, o maior do país.
A proposta de restringir o Santos Dumont visa sobretudo cortar a ligação com Guarulhos, que possui uma grande quantidade de destinos e horários em rotas para o exterior. A esperança é que sem essa facilidade, as empresas aéreas passem a investir em uma malha mais abrangente no Galeão, que há muitos anos era considerado “a porta do Brasil”.