A instalação histórica da Wright Company, fábrica de aviões fundada pelos pioneiros irmãos Wright, em Dayton, Ohio, ficou danificada após um incêndio no domingo (26), que foi contido por bombeiros. Imagens do local mostram que os danos foram extensos.
De acordo com o noticiário local Dayton Daily News, o fogo atingiu todo o complexo da antiga fábrica, incluindo os hangares onde os irmãos Wilbur e Orville Wright construíram diferentes aviões, entre eles variantes do clássico Flyer. Os edifícios da Wright Company são tombados pelo Registro Histórico Nacional dos Estados Unidos.
Construídos entre 1910 e 1911, os prédios da Wright Company em Dayton foram as primeiras instalações erguidas nos Estados Unidos com o propósito específico de fabricar aviões. A companhia dos irmão Wright, no entanto, já funcionava antes disso: a empresa foi fundada em novembro de 1909, seis anos depois do primeiro voo do Flyer, em Kitty Hawk, na Carolina do Norte. Até 1916, quando encerrou as atividades, a fábrica entregou 120 aeronaves de 13 modelos diferentes.
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Em post no Facebook, Mackensie Wittmer, diretor executivo da National Aviation Heritage Area, disse que a organização que preserva a história da aviação nos EUA estava “profundamente triste com o incêndio que danificou nossa histórica fábrica de aviões da Wright Company, os primeiros edifícios construídos para a indústria da aviação”.
No ano passado, a administração pública de Dayton havia liberado US$ 1,4 milhão para a antiga fábrica ser transformada num museu sobre o legado dos irmãos Wright. Com a incêndio na instalação, esse plano agora é incerto.
Flyer versus 14-bis
Dizer que a máquina dos irmãos Wright foi o primeiro avião da história é um assunto que desperta a ira e indignação de muitos brasileiros. No Brasil, defende-se a tese de que o 14-bis de Alberto Santos Dumont foi a primeira máquina voadora do mundo, mesmo tendo decolado em Paris quase três anos após o primeiro voo do Flyer nos EUA.
Brasileiros habituados ao assunto apontam pelo menos três motivos que colocam o avião de Santos Dumont como pioneiro, em vez da máquina dos irmãos de Ohio. O primeiro deles e o mais comentado pelo público no Brasil é que o Flyer decolou com auxílio de uma catapulta e não por meios próprios, como fez o 14-bis com a força de seu motor.
Outra razão apontada no Brasil para credenciar o pioneirismo de Santos Dumont é que o voo inaugural do Flyer não teve espectadores nem profissionais de imprensa presentes, enquanto a decolagem do 14-bis foi acompanhada por uma multidão no campo de Bagatelle, na capital francesa, e amplamente divulgada por jornais na Europa.
Diferentemente de Santos Dumont, que no início do século XX era uma celebridade, os irmãos Wright eram extremamente discretos e até então completos desconhecidos. Os americanos também optaram por fazer os testes com Flyer com poucas testemunhas pois temiam que sua ideia pudesse ser roubada.
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Por fim, outra razão citada no Brasil é a de que o voo do Flyer não foi registrado e homologado por nenhuma organização de aviação. Acontece que em 1903, quando a aeronave dos irmãos Wright decolou, ainda não existia nenhuma instituição desse tipo.
A primeira organização de aviação do mundo, a Fédération Aéronautique Internationale, foi fundada na França somente em 1905 e responsável por avalizar o primeiro voo do 14-bis, em 12 de novembro de 1906.
Na época em que a federação francesa de aviação foi criada, o Flyer III já havia realizado um voo de 38,9 km em 39 minutos e 23 segundos nos EUA, enquanto o 14-bis de Santos Dumont percorreu 220 metros em 21 segundos em seu voo mais longo.
Parabéns aos americanos por inventarem o planador… avião foi mesmo Santos Dumont.