Cena que pode se tornar rotina em breve, a entrega do primeiro jato chinês C919 de produção em série da fabricante estatal COMAC está próxima de acontecer. De acordo com a agência chinesa CCA, a primeira aeronave destinada à companhia China Eastern Airlines realizou no domingo (20) um voo de verificação antes de ser enviada oficialmente ao cliente de lançamento.
O modelo em questão, que já possui a pintura da China Eastern e a inscrição “The World’s First C919” (O Primeiro C919 do Mundo) nos dois lados da fuselagem, deve ser incorporada a frota da companhia aérea chinesa até o fim deste ano ou no mais tardar no início de 2023. A mídia chinesa também informou que a aeronave será registrada com a marca B-919A – por ora, o avião utiliza o registro B-001J em nome da COMAC.
O primeiro C919 de série participou da etapa final de certificação para voos comerciais da aeronave, que foi confirmada pela agência reguladora de aviação da China em setembro deste ano. A campanha de homologação, iniciada em 2017, também envolveu seis protótipos do jato chinês.
Anunciado em 2008, o C919 é um jato comercial de fuselagem estreita e proposto para competir com os tradicionais Airbus A320 e Boeing 737, que atualmente são os aviões de passageiros mais vendidos do mundo. Segundo dados da COMAC, o avião comporta até 168 ocupantes e tem autonomia de voo na faixa dos 4.075 km – a COMAC também trabalha no desenvolvimento do C919ER, com alcance estendido para 5.555 km.
A despeito de ser montado da China, o C919 ainda depende de muitos componentes importados do Ocidente, como os motores e os sistemas aviônicos, que são fornecidos por empresas como General Electric, Safran e Honeywell International. No médio e longo prazo, espera-se que esses itens sejam substituídos por similares de fabricação chinesa.
Operador de lançamento do novo jato, a China Eastern tem um pedido firme por cinco exemplares do jato da COMAC e opção de compra para mais 15 unidades. A aeronave também foi encomendada por pelo menos outras 30 companhias aéreas e instituições chinesas. De acordo com o site da fabricante, o C919 tem mais de 800 pedidos.
C919 ainda não pode ser exportado
O novo jato da COMAC, por ora, terá atuação restrita ao mercado de aviação da China e em países com laços estreitos com Pequim. Sua exportação, sobretudo para operadores no Ocidente, depende da certificação de órgãos aeronáuticos internacionais, como a FAA, dos Estados Unidos, e a EASA, da Europa, que trabalha na validação do jato chinês desde 2017.
A COMAC também está no aguardo do certificado de produção do C919, necessário para iniciar a produção em massa da aeronave. Sem essa autorização, a fabricante ainda não tem condições de impactar o mercado global de aviões comerciais, já que Airbus e Boeing têm capacidade para produzir e entregar dezenas de aeronaves por mês.
Todavia, apesar de seu lento desenvolvimento, o C919 chega ao mercado com um preço altamente competitivo. A aeronave é avaliada em cerca de US$ 50 milhões, cifra bem abaixo dos valores de tabela das versões mais recentes do Airbus A320 e do Boeing 737.
O C919 é o segundo produto lançado pela COMAC. O primeiro avião comercial da fabricante estatal foi o jato regional ARJ21-700, uma aeronave baseada no antigo McDonnell Douglas DC-9. A empresa chinesa, em parceria com o grupo russo UAC, também trabalha no desenvolvimento do modelo widebody CR929, que deve chegar ao mercado até o final desta década.