A Textron Aviation, companhia que controla a fabricante de aviões Cessna, anunciou um passo importante no desenvolvimento do seu inédito turbo-hélice bimotor SkyCourier. O primeiro protótipo da aeronave realizou a junção das asas à fuselagem nesta semana, uma das etapas mais complexas do projeto. Agora, a fabricante afirma que será dado início a uma nova fase do programa que inclui testes com o trem de pouso e aviônicos no solo além da instalação da cauda em T e das partes móveis, entre outros. O primeiro voo do Cessna SkyCourier está previsto para 2020.
“Como esperado, a operação foi sólida, pois as asas estavam presas na fuselagem, e o novo Cessna SkyCourier deu outro grande passo em seu desenvolvimento”, disse Chris Hearne, vice-presidente sênior de Programas e Engenharia. “O design robusto e de asa alta do Cessna SkyCourier fornecerá à aeronave excelentes características operacionais e de desempenho para seu perfil de missão diversificado”, concluiu.
O SkyCourier segue a receita consagrada do monomotor Caravan, mas com dois motores turbo-hélices instalados nas asas. Assim como seu irmão mais velho, o novo Cessna possui asas altas, trem de pouso “duro” (que não recolhe), bom espaço interno e o extremamente confiável motor PT-6. Lançado no final de 2017, ele recebeu uma encomenda de 100 unidades feita pela companhia cargueira Fedex – 50 firmes e 50 opções.
Rival brasileiro
O SkyCourier possui uma fuselagem de seção retangular e bem larga, capaz de acomodar uma fileira de três assentos na versão de passageiros (até 19 lugares) ou três containers do padrão LD3 na versão cargueira. Sem pressurização e voando a 7.620 metros de altitude, o bimotor não impressiona pelo desempenho: sua velocidade de cruzeiro será de 370 km/h e o alcance máximo, de 1.667 km. Por outro lado, o novo Cessna será capaz de operar em pistas de até 1.000 metros de extensão e certamente terá um custo de operação baixo com tanta simplicidade e a robustez esperada de um modelo com essas características.
Não é difícil que o SkyCourier torne-se uma figurinha conhecida no Brasil no futuro. Seu perfil operacional lembra bastante o de outro bimotor turbo-hélice, o Bandeirante, da Embraer. Só que com a vantagem de ter um uso mais versátil. Quem sabe até lá, o Cessna ganhe um concorrente direto e brasileiro, o ATL-100, da Desaer, uma startup fundada por ex-funcionários da famosa fabricante criada por Ozires Silva.
Assim como o SkyCourier, o ATL-100 tem asas altas, cauda em T e é propulsionado pelos mesmos PT-6 além de transportar, adivinhe, até 19 passageiros, ou 2.500 kg de carga que contam com uma porta traseira para facilitar o acesso – eis aí um diferencial entre eles já que o Cessna utiliza uma porta lateral na versão de carga.
Se terão características semelhantes, o avião brasileiro está atrás no volume de encomendas, apenas uma da empresa de logística AGS que assinou um contrato para adquirir duas unidades e mais três opções. E se o SkyCourier voará ano que vem o ATL-100 só terá um protótipo pronto em 2021, com a entrada em serviço esperada para 2023. Eis aí uma nova e interesante disputa prestes a acontecer nos próximos anos.
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