A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) emitiu na última quinta-feira (22) o Certificado de Tipo para o dirigível ADB-3-3 da fabricante Airship do Brasil. O processo de homologação do aeróstato estava em curso desde 2018 e contou com a participação de diversos profissionais da ANAC, entre técnicos, engenheiros de diversas especialidades e pilotos.
O ADB-3-3 é o primeiro dirigível de envelope não rígido (também conhecidos como “Blimp”) produzido no Brasil. A aeronave, no entanto, não é totalmente original. O aparelho fabricado pela Airship é uma versão modernizada do modelo norte-americano 138S da US-LTA Corporation, cujo projeto foi adquirido pela empresa brasileira em 2018.
Segundo dados da ANAC, o ADB-3-3 opera com um motor e seu envelope inflável mede 3.908 m³. A cabine da aeronave comporta até seis ocupantes. No site da Airship, que não é atualizado desde 2019, consta que o aparelho comporta uma carga útil de 1.000 kg e alcança até 85 km/h. O protótipo do dirigível fez seu voo inaugural em 24 de julho de 2017.
O ADB-3-3 é proposto com diversas aplicaçõe, tais como treinamento de pilotos de dirigíveis, transporte de passageiros e pequenas cargas, voos de reconhecimento, propagandas, entre outras. O aparelho também pode ser equipado com variados equipamentos, como câmeras de vídeo, radares e holofotes.
Com o modelo da Airship certificado pela ANAC, o Brasil entrou para o seleto grupo de países construtores de dirigíveis tripulados. Outras nações que detém o ciclo completo para construir esse tipo de aeronave são os Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido e China.
Empresa pioneira no Brasil
Formada em 2005 em São Carlos (SP), a Airship do Brasil iniciou suas atividades com projetos de dirigíveis não tripulados radiocontrolados, os modelos ADB-1 e ABD-2. A empresa também já desenvolveu balões cativos de vigilância.
Além do desenvolvimento do ABD-3-3, primeiro modelo tripulado projetado pela companhia, a Airship também trabalha no desenvolvimento do ADB-3-30, um dirigível cargueiro com capacidade para até 30 toneladas.
Era uma vez, em Paris…
A Airship é a primeira empresa brasileira que produziu um dirigível, mas nem de longe representa o primeiro esforço de um brasileiro nessa área. Anos antes de voar pela primeira vez com o avião 14-Bis, em 1906, Alberto Santos Dumont já passeava pelos céus de Paris em balões e dirigíveis motorizados projetados e construídos por ele mesmo.
O primeiro dirigível de Santos Dumont a ganhar notoriedade foi o modelo N-5, de 1901. Com esse aparelho, o inventor brasileiro realizou um voo por Paris e contornou a Torre Eiffel. O “Pai da Aviação” também criou um modelo portátil, o N-9, que ficava “estacionado” na varanda de sua casa na capital francesa e o N-10, projetado para transportar 20 passageiros.
Santos Dumont chorando na tumba.
Nosso ilustríssimo conterrâneo voou em Paris com seu balão n°2 “Fabriqué en France” e depois de 123 anos finalmente chegamos lá!