A Airship do Brasil, fabricante baseado em São Carlos (SP), promoveu nesta segunda-feira (24) a apresentação e o primeiro voo público do ADB-3-X01, primeiro dirigível tripulado desenvolvido no Brasil e na América Latina. Segundo a empresa, a aeronave será comercializada a partir de 2018 – o aparelho é avaliado em cerca de US$ 20 milhões.
Com o feito, o Brasil entrou para o seleto grupo de países construtores de dirigíveis tripulados. Outras nações que detém o ciclo completo para construir esse tipo de aeronave são os Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido e China.
Como explica a empresa, a versão final do ABD-3 poderá ser aplicada em diversas funções, como treinamento de pilotos de dirigíveis, transporte de passageiros e pequenas cargas, voos de reconhecimento, propagandas, entre outras. O aparelho também pode ser equipado com variados equipamentos, como câmeras de vídeo, radares e holofotes.
Para estas finalidades, a aeronave foi projetada com 49 metros de comprimento e 17 m de altura, com capacidade de carga em torno de 1 tonelada, e espaço para um piloto e até 5 outros ocupantes. Ainda de acordo com a Airship, o motor rende 300 HP (a empresa ainda não divulgou maiores detalhes sobre a motorização) e o dirigível pode voar a 85 km/h.
A companhia iniciou suas atividades com projetos de dirigíveis não tripulados radiocontrolados, os modelos ADB-1 e ABD-2, testados em 2009. A empresa também já desenvolveu balões cativos de vigilância.
Empresa pioneira no Brasil
A Airship, formada em 2005, iniciou suas atividades com projetos de dirigíveis não tripulados radiocontrolados, os modelos ADB-1 e ABD-2, testados em 2009. A empresa também já desenvolveu balões cativos de vigilância.
Além do desenvolvimento do ABD-3, primeiro modelo tripulado projetado pela companhia de São Carlos, a Airship também trabalha no desenvolvimento do ADB-3-30, um dirigível cargueiro com capacidade de carga para até 30 toneladas.
Era uma vez, em Paris…
A Airship é a primeira empresa brasileira que desenvolveu um dirigível, mas nem de longe é o primeiro esforço de um brasileiro nessa área. Anos antes de voar pela primeira vez com o avião 14-Bis, em 1906, Alberto Santos Dumont já voava por Paris em balões e dirigíveis motorizados projetados e construídos por ele mesmo.
O primeiro dirigível de Santos Dumont a ganhar notoriedade foi o modelo N-5, de 1901. Com esse aparelho, o inventor brasileiro realizou um voo por Paris e contornou a Torre Eiffel. O “Pai da Aviação” também criou um modelo portátil, o N-9, que ficava “estacionado” na varanda de sua casa na capital francesa e o N-10, projetado para transportar 20 passageiros.