Primeiro jato de passageiros chinês recebe luz verde para produção

COMAC ARJ21-700 já é operado em voos comerciais pela companhia chinesa Chengdu Airlines
O COMAC ARJ21-700 é projetado para transportar até 90 passageiros (Xinhua)
O ARJ21 estreou em 2016 com a companhia chinesa Chengdu Airlines (Xinhua)
O COMAC ARJ21-700 é projetado para transportar até 90 passageiros (Xinhua)
O COMAC ARJ21-700 é projetado para transportar até 90 passageiros (Xinhua)

A fabricante chinesa de aeronaves comerciais COMAC (Commercial Aircraft Corporation of China) recebeu nesse domingo (9) o certificado oficial que autoriza a produção em série do jato regional ARJ21-700, o primeiro avião comercial desenvolvido na China a chegar ao mercado. A autorização foi emitida pela CAAC (Civil Aviation Administration of China), o órgão que regulamenta a aviação civil no mercado chinês.

Com a autorização de produção todos os ARJ21 que saírem da fábrica já serão automaticamente certificados. Até então, a CAAC precisava certificar cada aeronave individualmente. A COMAC já produziu seis unidades do jato, sendo que dois deles já estão em operação comercial com a companhia aérea chinesa Chengdu Airlines desde junho de 2016.

Para receber o certificado de produção a fabricante chinesa precisou modificar e melhorar uma série de detalhes da aeronave. Algumas das principais alterações foram melhorias dos sistemas de alertas no cockpit e a otimização para operações em situações de fortes chuvas.

A COMAC já conta com 413 encomendas pelo ARJ21 de 19 clientes, sendo a maioria deles companhias chinesas. O jato também foi encomendado por empresas do Congo, Polônia, Laos e o grupo de investimentos GECAS, dos Estados Unidos, que arrenda aeronaves. Até o final deste ano, a fabricante já confirmou a entrega de mais seis aeronaves à Chengdu Airlines, que ainda tem uma encomenda para mais 23 unidades – o modelo é avaliado em US$ 30 milhões.

O ARJ21-700 é projetado para transportar de 78 a 90 passageiros e realizar voos de até 2.200 km. A fabricante também planeja o lançamento da versão ARJ21-900, com capacidade ampliada para 108 ocupantes e alcance de 3.300 km (na versão ER). O segundo modelo ARJ (sigla para Advanced Regional Jet), no entanto, ainda não tem data definida de estreia.

O jato regional da Comac tem alcance de 2.200 km (Chengdu Airlines)
O jato regional da Comac tem alcance de 2.200 km (Chengdu Airlines)

Longo aprendizado

O desenvolvimento do ARJ21 foi iniciado em 2002 pelo grupo chinês AVIC (Aviation Industries of China), que posteriormente transferiu o projeto à COMAC, fundada em 2008, mesmo ano em que o avião decolou pela primeira vez.

O plano original, bastante otimista, previa o primeiro voo da aeronave para 2005 e sua entrada em serviço em 2007. Já as primeiras entregas eram previstas para 2013. A fabricante, porém, devido a seguidos atrasos no projeto, não conseguiu cumprir nenhum desses prazos. A primeira unidade foi entregue somente em dezembro de 2015.

Meio chinês, meio americano

O ARJ21-700 é resultado de um antigo contrato assinado entre a McDonnel Douglas e autoridades chinesas, ainda nos anos 1980. Na época, foi negociada uma autorização para montar aeronaves na China, com a transferência de ferramentas, prensas e equipamentos de linha de montagem do antigo jato DC-9, que por sua vez originou o famoso MD-80, um dos aviões mais populares nos Estados Unidos.

O projeto chinês aproveitou a base do DC-9 e modernizou o interior, os equipamentos de voo e outros sistemas da aeronave, como o trem de pouso e os tanques de combustível.

O C919 é outro avião da COMAC, ainda em fase de desenvolvimento (CCTV)
O C919 é outro avião da COMAC, ainda em fase de desenvolvimento (CCTV)

Outro avião comercial da COMAC em desenvolvimento é o C919, que voou pela primeira vez em maio deste ano. A aeronave, programada para chegar ao mercado em 2020, é proposta para quebrar a hegemonia da dupla Airbus A320 e Boeing 737 no segmento dos jatos narrowbody (fuselagem estreita).

Veja mais: “Airbus chinês”, COMAC C919 completa primeiro voo

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