O primeiro navio porta-aviões projetado e construído inteiramente na China foi lançado ao mar nesta sexta-feira (17). A embarcação, batizada de Fujian, deixou sua doca seca em um estaleiro nos arredores de Xangai pela manhã e foi atracada num píer próximo, segundo a mídia estatal chinesa.
O Fujian, ou “Type 003”, como é chamado pela mídia ocidental, será o terceiro porta-aviões da força naval chinesa, juntando-se ao Liaoning e o Shandong. O novo barco, porém, possui uma configuração diferente e vem com tecnologias de última geração.
Desta vez os chineses construíram um “super porta-aviões”. Com um convés de voo medindo cerca de 320 metros e deslocamento em torno de 80.000 toneladas (outras fontes apontam 100.000 toneladas), o Fujian pode ser tão grande quanto os porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos. O navio chinês, porém, ao contrário dos americanos, não tem propulsão nuclear: o Type 003 é projetado com um sistema de turbinas a gás e motores elétricos.
Mas a grande novidade do Fujian é o sistema de catapultas de lançamento e dispositivos de frenagem de aeronaves. É diferente da dupla Liaoning e o Shandong, que são porta-aviões menores e com ski-jump. Nesse tipo da navio, os aviões correm pelo convés e decolam por uma rampa, sem o auxílio de dispositivos de aceleração.
E as catapultas do Fujian são das mais modernas, com sistema de lançamento eletromagnético. O equipamento é o passo seguinte as antigas catapultas a vapor, um recurso usado em porta-aviões há mais de 70 anos. A classe Gerald R. Ford, dos EUA, é a primeira a contar com esse recurso, chamado pela sigla EMALS (Electromagnetic Aircraft Launch System).
Porta-aviões “Made in China”
O Fujian é a primeira experiência da indústria naval militar chinesa com um projeto completo de porta-aviões. É um navio desenhado do zero, ao contrário dos outros navios aeródromos da China.
Segundo porta-aviões incorporado na frota chinesa, em 2018, o Shandong foi construído inteiramente por estaleiros chineses, mas ele não é um projeto 100% original. A embarcação é uma versão mais moderna do Liaoning, um navio que começou a ser construído na antiga União Soviética na década de 1980 e que foi concluído em 2012 na China, adquirido inacabado da Ucrânia – que herdou o navio após o fim da URSS.
De acordo com a mídia chinesa, o Fujian tem adiante uma programação de “testes de amarração e no mar”, mas nenhuma data é mencionada. Analistas ocidentais apontam que o novo porta-aviões chinês deve ser introduzido na frota ativa da marinha até o fim de 2025.
Além de demonstrar a competência da indústria chinesa em construir porta-aviões avançados, o Fujian também é um instrumento de guerra que amplia o alcance e o poder naval da China.
A configuração do novo porta-aviões chinês com catapultas, sobretudo com sistema eletromagnético, aumenta as opções de aeronaves que podem ser embarcadas, como inclusão de aviões de controle aéreo e alerta antecipado (AWACS) – a China, inclusive, tem um projeto desse tipo em andamento, o KJ-600. Caças também podem ser lançados levando mais armamentos e tanques externos de combustível. Em navios ski-jump, como a dupla Liaoning e o Shandong, as operações aéreas são mais restritas e limitadas a missões de curto alcance.
A China está inclusive desenvolvendo um inédito caça embarcado, o J-35, um derivado do jato furtivo FC-31 configurado para ser lançado por catapulta.
A marinha da China possui atualmente a maior frota do mundo, com cerca de 355 embarcações. E essa força deve continuar crescendo nos próximos anos, incluindo a introdução de pelo menos mais um porta-aviões. O navio irmão do Fujian, o Type 004, está em fase de construção.