Problemas com motor PW1000G persistem e motivam até concordata em empresa aérea indiana

Turbofan GTF, da Pratt & Whitney, tem obrigado operadores dos jatos Airbus A220, A320neo e Embraer E2 a reterem parte da frota por falta de previsão de reposição de peças. Empresa Go First suspendeu voos alegando que metade da frota está sem peças
Airbus A320neo da Go First (GF)

Há pouco mais de uma década, Boeing e Airbus fizeram escolhas cruciais para equipar as novas versões dos jatos 737 (MAX) e A320 (Neo) com motores avançados.

Enquanto a fabricante norte-americana foi mais conservadora ao apostar no turbofan LEAP, da CFM, a rival europeia decidiu usar também o novo PW1000G, da Pratt & Whitney, conhecido pela sigla GTF (Geared Turbofan, ou turbofan com engrenagens).

A opção pelo motor da PW também foi feita pela Bombardier no C Series (mais tarde A220) e pela Embraer na família E2, que substitiu os populares turbofans CF34, da General Electric.

Em vez de buscar uma solução mais conservadora como a CFM, que ampliou a razão de derivação e a pressão no LEAP, a Pratt & Whitney preferiu o sistema de engrenagens para oferecer economia, menos emissões e mais potência às companhias aéreas.

Concordata e falta de peças

Se o aterramento do 737 MAX durante dois anos prejudicou em cheio a CFM, por conta da exclusividade de fornecimento para a Boeing, é a Pratt & Whitney que hoje mais causa dores de cabeça a seus clientes.

O motor GTF se mostrou problemático em seu início de carreira, com desligamentos em voo e a necessidade de troca de componentes e correções em softwares.

Embora esses problemas tenham sido resolvidos, sobrou outra imensa dificuldade: como corrigir tantos aviões em meio à escassez existente na cadeia de produção?

Corte do motor GTF. No detalhe a engrenagem que é o diferencial tecnológico do turbofan (PW)

É por essa razão que atualmente várias companhias aéreas no mundo, que possuem aeronaves A220, A320neo e E2, sofrem com a falta de disponibilidade de suas novíssimas frotas.

O caso mais grave até aqui surgiu nesta semana quando a transportadora indiana Go First entrou com pedido de recuperação judicial e suspendeu seus voos por três dias.

A presença do CSeries ainda é pequena no mercado: foram entregues cerca de 30 jatos para três companhias (Bombardier)
A Swiss possui 30 A220, mas dez estão fora de serviço (Divulgação)

A empresa aérea, que tem 49 Airbus A320neo, afirma que metade de sua frota está parada, esperando por atendimento da Pratt & Whitney. Há aeronaves que não voam há quase dois anos, o que motivou a Go First a entrar na Justiça em busca de uma solução.

Outra companhia aérea bastante afetada pelo motor PW1000G é a Swiss. Empresa que lançou o A220 em serviço, ela tem 30 aeronaves em sua frota, mas apenas 20 delas estão voando.

Para cobrir a lacuna, a Swiss alugou seis A220-300 da Air Baltic, que também tem dificuldade de mantê-los em operação.

Entregas atrasadas

Como AIRWAY mostrou em janeiro, a KLM Cityhopper, braço regional da KLM, também não consegue utilizar seus 15 novos E195-E2.

Atualmente, seis desses aviões da Embraer, um deles com apenas quatro meses, estão parados na sede da companhia aérea, à espera de peças.

E195-E2 da KLM Cityhopper (Alan Wilson)

A situação é tão preocupante que também afeta a entrega de novas aeronaves. Tem sido comum observar vários jatos prontos, mas sem motores, em pátios da Boeing, Airbus e Embraer.

Siga o AIRWAY nas redes: Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter

A Airbus também já teria avisado seus clientes que em 2024 atrasará a entrega de jatos da família A320neo em alguns meses, segundo uma fonte da Reuters.

Ao lançar o GTF, a Pratt & Whitney prometeu que seu turbofan seria mais eficiente em consumo de combustível, mais silencioso e exigiria menos manutenção. Até aqui, no entanto, a última parte é apenas uma lenda.

Total
0
Shares
Previous Post

Rede de hoteis recebe o primeiro jato executivo TwoTwenty da Airbus

Next Post

Estreia do cargueiro A350F fica para 2026

Related Posts
Total
0
Share