O diretor da agência de aviação civil dos EUA (FAA), Steve Dickson, declarou nessa quarta-feira (11), em audiência realizada em Washington, que a entidade tinha conhecimento sobre os riscos do Boeing 737 MAX permanecer voando mesmo após o primeiro acidente com o modelo da companhia Lion Air, na Indonésia, em outubro de 2018 e que resultou na morte de 189 pessoas.
Uma análise do FAA sobre a primeira queda, elaborada em novembro de 2018 e divulgada apenas nesta semana, apontou que sem a intervenção da agência os jatos da série MAX poderiam registrar em média um acidente fatal a cada dois ou três anos, alcançando 15 acidentes ou mais ao longo de toda vida útil do programa, caso as falhas na aeronave não fossem corrigidas.
“Estava claro desde o começo que as condições eram inseguras”, afirmou um porta-voz da FAA ao Wall Street Journal.
Apesar do alerta, a agência norte-americana determinou o aterramento do MAX somente após o acidente com o aparelho da Ethiopian Airlines, ocorrido em março deste ano na Etiópia e que matou 157 pessoas.
“Sabemos agora que tal suposição (do FAA) era tragicamente errada”, disse Peter DeFazio, congressista que preside o Comitê de Transportes da Câmara dos Deputados em Washington, durante audiência pública sobre a aeronave realizada nessa quarta-feira na capital norte-americana.
“Apesar de seus próprios cálculos, o FAA deixou o MAX continuar voando até que a Boeing pudesse revisar seu software MCAS. Tragicamente, a análise do FAA, que nunca viu a luz do dia além das portas fechadas da FAA e da Boeing, estava correta”, afirmou DeFazio.
O mal funcionamento do sistema de controle de voo MCAS (Sistema de Melhorias das Características de Voo) é apontado como o principal responsável pelos dois acidentes envolvendo o 737 MAX. O software da Boeing foi projetado para corrigir a posição da aeronave com comandos automáticos em situações de ângulo vertical acentuado sem a velocidade adequada, cenário que pode causar a perda de sustentação em voo.
Em nota, a Boeing disse que a análise feita pela FAA em novembro determinou que os procedimentos adotados pela empresa foram suficientes para “permitir a operação da frota MAX até que alterações no software MCAS pudessem ser implementadas”. A fabricante ainda confirmou que fez uma análise semelhante a da agência americana e chegou a conclusões semelhantes.
Um dia após o acidente com o MAX da Lion Air, o FAA emitiu uma diretiva de aeronavegabilidade de emergência explicando aos pilotos dos modelos MAX 8 e MAX 9 os procedimentos a serem seguidos no caso de falhas no MCAS.
Nesta semana, o diretor do FAA revelou que o aterramento do 737 MAX será estendido até 2020, o que frustrou os planos da Boeing de ver o modelo liberado até o final deste ano.
Com essa série de novas revelações sobre os problemas no 737 MAX, a situação financeira da Boeing fica cada vez mais delicada, assim como sua credibilidade em questões de segurança. O mesmo vale para o FAA, que tinha conhecimento sobre os defeitos da aeronave e não agiu a tempo de impedir o segundo acidente.
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AGORA IMAGINE SE FOSSEM DA EMBRAER….