Programas que preveem o desenvolvimento de caças de sexta geração, o Tempest, liderado pelo Reino Unido com participação da Itália, e o F-X, do Japão, serão combinados. Segundo a agência Reuters, que ouviu fontes com conhecimento do plano, o acordo de fusão entre os projetos será anunciado na próxima semana.
A possibilidade de combinar os programas Tempest e F-X foi apontado pela primeira vez pela publicação em julho deste ano. Para o Japão trata-se de uma mudança profunda de paradigmas. Se o acordo for de fato confirmado, está será a primeira vez que o país asiático irá colaborar num projeto de defesa que não seja liderado pelos Estados Unidos.
O desenvolvimento do Tempest é liderado pela fabricante britânica BAE Systems com participação de empresas italianas e a Saab da Suécia (embora o país escandinavo não seja ainda um sócio do programa), enquanto o F-X é capitaneado pela Mitsubishi Heavy Industries.
De acordo com a publicação, a despeito do eminente anúncio de fusão dos programas, detalhes sobre o projeto conjunto entre as nações europeias e o Japão serão definidos somente em 2023.
O custo do programa F-X é estimado em cerca de US$ 40 bilhões, dos quais US$ 700 milhões foram investidos já neste ano, ao passo que o Tempest tem um orçamento de 2 bilhões de libras (US$ 2,38 bilhões) até 2025.
Além do Tempest, outro programa europeu que envolve o projeto de um caça de sexta geração é o FCAS (Future Combat Air System/Sistema de Combate Aéreo do Futuro), conduzido entre Alemanha, França e Espanha, por meio das fabricantes Dassault Aviation e Airbus.
A receita dos caças de sexta geração
A chamada “sexta geração” é um indicativo da cronologia histórica e os requisitos de conteúdo tecnológico de aeronaves de caça, também descrita com subdivisões. Os caças de primeira geração datam do final da Segunda Guerra Mundial e foi inaugurada pelo jato alemão Me 262, uma aeronave de performance subsônica e com armamentos convencionais. Na fase seguinte, a segunda geração incorporou a capacidade supersônica, radar e mísseis.
Os caças da Força Aérea Brasileira, por exemplo, estão em fases distintas. O Northrop F-5 Tiger II, por ora a principal aeronave de defesa do Brasil, é um jato de segunda geração. O modelo brasileiro atualizado para o padrão F-5EM, porém, possui equipamentos de nível da geração 4. Já os novos F-39E Gripen, são modelos da geração 4,5 – uma aeronave de quarta geração com itens de quinta geração.
Saltando para a sexta geração, um tipo de aeronave que deve surgir somente na década de 2030, os militares pedem soluções de altíssima tecnologia.
A receita básica do caça de sexta geração precisa de recursos digitais avançados, incluindo redes de comunicação de alta capacidade, inteligência artificial e equipamentos de guerra cibernética. As aeronaves ainda devem ter opções tripuladas ou controladas remotamente ou mesmo por IA.
Aprimorando a capacidade que marcou os jatos de quinta geração, os caças da fase seguinte terão design furtivo avançado (com baixa assinatura radar), armas BVR (Além do Alcance Visual) com maior alcance e sistemas de laser de alta energia. Já os motores devem ser capazes de oferecer performance de cruzeiro supersônico e soluções para redução do consumo de combustível.