Guarde bem esta sigla, pois ela será repetida com frequência nos próximos anos: CL-X3. Este é o nome do novo projeto que o Comando da Aeronáutica deve apresentar até junho deste ano, convidando fabricantes a apresentarem propostas de aeronaves para substituir os veteranos Embraer C-95 Bandeirante e C-97 Brasilia da Força Aérea Brasileira (FAB).
Conforme apurado pelo Airway, o projeto CL-X3 pode abrir uma disputa inédita entre duas fabricantes brasileiras. Uma delas, obviamente, é a Embraer. A outra é a novata Desaer Desenvolvimento Aeronáutico, empresa criada em São José dos Campos (SP) e que logo erguerá uma nova base em Araxá (MG).
A proposta da Embraer para o novo projeto da Aeronáutica já é conhecida, embora a fabricante ainda não tenha comentado oficialmente sobre o tema. Trata-se do STOUT (Short Take Off Utility Transport/Transporte Utilitário de Decolagem Curta), um avião multimissão conceitual com propulsão híbrida, combinando turboélices com motores elétricos.
Os primeiros detalhes sobre o STOUT foram divulgados pelo Comando da Aeronáutica durante o Seminário de Defesa Nacional, em novembro do ano passado. Na palestra ministrada pelo Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, o conceito foi apresentado como uma opção futura para substituir a dupla Bandeirante e Brasília.
“O novo vetor levará em consideração diversas necessidades operacionais, como transporte de carga e pessoal em áreas de selva, lançamento de paraquedistas, extração de paletes e transporte de enfermos”, disse o Comandante da Aeronáutica na apresentação.
O oficial ainda acrescentou na época que o estudo sobre o STOUT é resultado de um Memorando de Entendimento assinado pela Aeronáutica e a Embraer em dezembro de 2019, “cujo objetivo foi a concepção de uma nova aeronave leve de transporte militar que atenda as demandas das Forças Armadas brasileiras”.
Os atributos mencionados pelo Comandante da Aeronáutica são alguns dos requisitos do projeto CL-X3. Outro item, considerado de suma importância, é que as aeronaves sejam munidas de portas de embarque e desembarque na parte traseira da fuselagem. Tal avião ainda deve ter porte semelhante ao do Brasília, sendo capaz de transportar três toneladas de carga ou 30 soldados (ou 24 paraquedistas), além de um alcance de voo na faixa dos 2.425 km.
Em contato com o Airway, a Embraer não comentou se participará do CL-X3 ou se o STOUT está inserido no contexto do projeto. Seguindo o mesmo caminho, a Desaer também não se expressou sobre o assunto.
A Desaer trabalha atualmente no desenvolvimento do avião utilitário leve ATL-100, uma aeronave proposta para utilização civil e militar, com capacidade para 19 ocupantes ou 2.500 kg de carga. Tais características, porém, não se encaixam nos requisitos do CL-X3, levando a crer que a empresa pode estar projetando um novo produto, algo que ela ainda não confirma.
Em resposta ao Airway, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER) informou que o “Estudo de Viabilidade do projeto CL-X3 ainda está em andamento e não estabelece qualquer tipo de compromisso de contratação direta por parte do Comando da Aeronáutica”.
“A Diretriz de Planejamento Institucional (DIPLAN 2020) determinou a confecção do Estudo de Viabilidade para analisar os impactos do projeto CL-X3 no portfólio de projetos em execução no Comando da Aeronáutica (COMAER), com o prazo de conclusão em junho de 2021″, encerra a resposta do CECOMSAER.
A aposentadoria dos antigos turboélices Embraer da frota da FAB deve acontecer durante está década e início da próxima, começando pelos C-95 Bandeirante, já nos próximos anos, seguido do C-97 Brasilia, que pode continuar em serviço até a segunda metade dos anos 2030. Ao que tudo indica, o substituto dos bravos transportadores será novamente um produto desenvolvido no Brasil.
Se nós tivessemos cacife, deveriamos fazer como na China que compra aviões que cumprem a mesma função de fabricantes diferentes como Sheniang, Chengdu e AVIC afim de fomentar estas fábricas. Nesta concorrência se a Embraer vencer pode decretar o fim da DESAER e se a Desaer vencer vai levar para si montante considerável que faria falta á EDS.
Também acho que o país deveria comprar das duas fabricantes e, assim, ter mais uma fabricante forte financeiramente e em condições de brigar no mercado externo.