Projeto ítalo-brasileiro, caça AMX completa 30 anos em operação na Itália

Força Aérea do país comemorou entrega do primeiro jato de ataque em 1989 que contou com a participação de militares brasileiros
Um dos caças AMX com pintura alusiva aos 30 anos em serviço (AM)
Um dos caças AMX com pintura alusiva aos 30 anos em serviço (AM)

Um dos raros aviões de ataque leve atuais que foi projetado originalmente para essa função, o ítalo-brasileiro AMX completará 30 anos da primeira entrega de uma unidade de produção para a Força Aérea da Itália em outubro.

O marco foi motivo de um evento de comemoração da Aeronautica Militare no dia 13 de setembro na base aérea de Istrana, no nordeste do país e que contou com a presença de representantes da Força Aérea Brasileira, a outra operadora do jato – que na Itália é chamado de “Ghibli” (um vento que sopra no norte da Líbia).

Quatro aeronaves pertecentes ao 132º Gruppo (esquadrão) receberam pinturas alusivas à data e participaram do evento que também contou com a esquadrilha Frecce Tricolori.

O AMX surgiu no início dos anos 70 como um avião de ataque e reconhecimento capaz de substituir os Fiat G.91Y e F-104 da Força Aérea Italiana então em uso. A intenção era estimular a indústria aeronáutica do país para reduzir a dependência de importações e por isso coube às fabricantes locais Aeritalia e Aermacchi participarem da concorrência.

A boa aceitação do G.91Y, que foi exportado para a Alemanha e Portugal motivou a Aeritalia e Aermacchi, então sócias no projeto, a aceitar a participação da brasileira Embraer, que havia montado o treinador MB.326 (Xavante) sob licença e desejava fornecer um avião similar para a Força Aérea Brasileira.

O AMX tornou-se um avião de projeto bastante ortodoxo, com asas altas e cauda convencional, além de motor turbofan Rolls Royce Spey e velocidade subsônica. O jato mostrou boa capacidade de armamentos, mas nasceu especifíco para missões de ataque e função secundária de reconhecimento, ao contrário de outras aeronaves da época, mais versáteis e supersônicas.

A Frecce Tricolori fez uma apresentação em conjunto com os AMX (AM)

A vantagem estava na sua simplicidade de manutenção e robustez e a meta de exportá-lo para outros países era parte importante do programa. Porém, o jato acabou sendo encomendado apenas pela Itália (136 unidades, sendo 26 de dois assentos) e o Brasil, que encomendou 79 jatos, mas reduziu o pedido para 56 aeronaves.

Atualmente, a Força Aérea Italiana possui 35 AMX monopostos 5 modelos de dois lugares e que foram modernizados em 2012 pela Leonardo com a instalação um sistema de navegação por GPS bem como armamento guiado por esse sistema e novos displays multifunção. A carreira do Ghibli na Itália incluiu missões na Sérvia, Afeganistão e Líbia, mas o jato deverá ser aposentado nos próximos anos, substituído pelo F-35.

Longa carreira

Já no Brasil, o AMX, que teve a primeira unidade entregue em 1990, opera atualmente em dois esquadrões baseados em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, desde 2016. Segundo o censo da revista Flight Global, restam 47 unidades ativas, das 56 recebidas. Uma unidades de dois assentos, A-1B, foi perdida em um acidente em abril deste ano.

Festa para os 30 anos do AMX (AM)

Assim como os italianos, a FAB também iniciou um processo de modernização da aeronave para o padrão A-1M contratado junto à Embraer. As principais alterações tecnológicas da aeronave foram os novos sensores de busca por infla-vermelho e o radar “multi-modo”, que pode atuar em busca de aviões ou mapeando o terreno por onde voa. Esses equipamentos permitem ao A-1M “enxergar” até 80 km à frente e disparar suas armas com precisão.

No entanto, apenas três aeronaves foram modernizadas para esse padrão, a primeira entregue em 2013. Três anos depois, por contenção de custos, o governo federal cortou os recursos destinados ao programa. Apesar disso, o A-1 deve permanecer operacional por mais tempo no Brasil, comprovando sua resistência e boa folha de serviços.

O A-1M é a versão mais recente do AMX, projeto criado em parceria com empresas italianas (FAB)
Um dos três A-1M modernizados no Brasil: apesar da idade, o AMX deve ficar em serviço por mais tempo na FAB (FAB)

Veja também:Saab apresenta primeiro caça Gripen da Força Aérea Brasileira

 

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