Um dos raros aviões de ataque leve atuais que foi projetado originalmente para essa função, o ítalo-brasileiro AMX completará 30 anos da primeira entrega de uma unidade de produção para a Força Aérea da Itália em outubro.
O marco foi motivo de um evento de comemoração da Aeronautica Militare no dia 13 de setembro na base aérea de Istrana, no nordeste do país e que contou com a presença de representantes da Força Aérea Brasileira, a outra operadora do jato – que na Itália é chamado de “Ghibli” (um vento que sopra no norte da Líbia).
Quatro aeronaves pertecentes ao 132º Gruppo (esquadrão) receberam pinturas alusivas à data e participaram do evento que também contou com a esquadrilha Frecce Tricolori.
O AMX surgiu no início dos anos 70 como um avião de ataque e reconhecimento capaz de substituir os Fiat G.91Y e F-104 da Força Aérea Italiana então em uso. A intenção era estimular a indústria aeronáutica do país para reduzir a dependência de importações e por isso coube às fabricantes locais Aeritalia e Aermacchi participarem da concorrência.
A boa aceitação do G.91Y, que foi exportado para a Alemanha e Portugal motivou a Aeritalia e Aermacchi, então sócias no projeto, a aceitar a participação da brasileira Embraer, que havia montado o treinador MB.326 (Xavante) sob licença e desejava fornecer um avião similar para a Força Aérea Brasileira.
O AMX tornou-se um avião de projeto bastante ortodoxo, com asas altas e cauda convencional, além de motor turbofan Rolls Royce Spey e velocidade subsônica. O jato mostrou boa capacidade de armamentos, mas nasceu especifíco para missões de ataque e função secundária de reconhecimento, ao contrário de outras aeronaves da época, mais versáteis e supersônicas.
A vantagem estava na sua simplicidade de manutenção e robustez e a meta de exportá-lo para outros países era parte importante do programa. Porém, o jato acabou sendo encomendado apenas pela Itália (136 unidades, sendo 26 de dois assentos) e o Brasil, que encomendou 79 jatos, mas reduziu o pedido para 56 aeronaves.
Atualmente, a Força Aérea Italiana possui 35 AMX monopostos 5 modelos de dois lugares e que foram modernizados em 2012 pela Leonardo com a instalação um sistema de navegação por GPS bem como armamento guiado por esse sistema e novos displays multifunção. A carreira do Ghibli na Itália incluiu missões na Sérvia, Afeganistão e Líbia, mas o jato deverá ser aposentado nos próximos anos, substituído pelo F-35.
Longa carreira
Já no Brasil, o AMX, que teve a primeira unidade entregue em 1990, opera atualmente em dois esquadrões baseados em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, desde 2016. Segundo o censo da revista Flight Global, restam 47 unidades ativas, das 56 recebidas. Uma unidades de dois assentos, A-1B, foi perdida em um acidente em abril deste ano.
Assim como os italianos, a FAB também iniciou um processo de modernização da aeronave para o padrão A-1M contratado junto à Embraer. As principais alterações tecnológicas da aeronave foram os novos sensores de busca por infla-vermelho e o radar “multi-modo”, que pode atuar em busca de aviões ou mapeando o terreno por onde voa. Esses equipamentos permitem ao A-1M “enxergar” até 80 km à frente e disparar suas armas com precisão.
No entanto, apenas três aeronaves foram modernizadas para esse padrão, a primeira entregue em 2013. Três anos depois, por contenção de custos, o governo federal cortou os recursos destinados ao programa. Apesar disso, o A-1 deve permanecer operacional por mais tempo no Brasil, comprovando sua resistência e boa folha de serviços.
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