Maior joia da indústria aeronáutica militar do Brasil, a aeronave multimissão KC-390 Millennium da Embraer já é um produto com capacidade e eficiência comprovada. Em serviço com a Força Aérea Brasileira (FAB) desde 2019 e encomendado por Portugal e Hungria, além de ter sido selecionado pela Holanda, o avião fabricado na planta da empresa brasileira em Gavião Peixoto (SP) deve entrar agora numa nova fase decisiva em busca de mais clientes.
Na semana passada, durante a feira de defesa e segurança LAAD 2023, no Rio de Janeiro, o KC-390 foi o principal assunto no evento. Surgiram novos interessados no produto e a Embraer assinou um importante acordo com a Saab que pode abrir novas frentes de negócios para a aeronave. Mas do interesse até a consumação da compra, há um processo longo e burocrático influenciado por questões técnicas e até mesmo políticas, dependendo da nação que almeja um avião desse tipo.
Encomendado pela FAB para substituir os antigos C-130 Hercules, o KC-390 é hoje o maior rival da tradicional aeronave da Lockheed Martin, superando o modelo fabricado nos Estados Unidos em praticamente todos os quesitos, além de ser um produto mais moderno. Com isso em vista, todo país que decidir substituir seus Hercules ou adquirir uma aeronave dessa categoria, deverá obrigatoriamente analisar a aeronave fabricada no Brasil, até porque não existe outra opção de avião desse tipo no Ocidente. E Isso já aconteceu (no caso da escolha da Holanda) e vai continuar acontecendo.
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Baseado em informações que são conhecidas há alguns anos e dados recentes, listamos a seguir alguns dos principais países onde a Embraer pode conquistar vendas do Millennium nos próximos anos.
Argentina
A Argentina é um dos parceiros estratégicos do programa KC-390 da Embraer, assim como Portugal e a República Tcheca. Os argentinos colaboram no projeto fornecendo partes estruturais para a aeronave, que são produzidas pela fabricante local FAdeA. Buenos Aires, inclusive, assinou uma carta de intenção de compra de até seis exemplares do Millennium, em 2010, mas a negociação não avançou até hoje. E nem deve avançar tão cedo devido à frágil situação econômica atual do país vizinho do Brasil. De toda forma, é um vetor que interessa aos argentinos.
Colômbia
Em 2010, a Colômbia despontava como um forte candidato a comprar o avião multimissão da Embraer. Naquele ano, o país, assim como a Argentina, firmou uma carta de intenção de compra de até 12 aeronaves e também cogitava ser um parceiro estratégico do programa. Porém, nenhum dos acordos foi adiante. Mas esse jogo pode virar. Na última semana, durante a LAAD, o ministro da Defesa do Brasil, José Múcio, declarou que os colombianos continuam interessados do avião brasileiro e poderiam fazer uma aquisição.
Chile
Continuando o giro pela América do Sul, outra nação da região que já demonstrou entusiasmo com o Millennium foi o Chile. Tal como os colombianos, os chilenos também assinaram acordos de intenção de compra (de até cinco aviões) e para participar do projeto do KC-390. Porém, nenhum deles evoluiu para os estágios contratuais. Hoje, porém, a chance da Força Aérea Chilena adquirir o avião da Embraer é pequena, dado que o país adquiriu três KC-130R Hercules (versão com capacidade de prover reabastecimento aéreo) de segunda mão da Marinha dos Estados Unidos, em 2016.
Estados Unidos
Da América do Sul para a do Norte, a Embraer também vislumbra a chance de vender o KC-390 para a Força Aérea dos EUA (USAF), aquela que foi a percussora na utilização do C-130 Hercules, no distante ano de 1954. Em setembro de 2022, a fabricante brasileira se juntou à empresa norte-americana L3 Harris para lançar o projeto “Agile Tanker”, baseado no jato multimissão brasileiro e que será oferecido à USAF.
Entre as propostas do projeto estão a produção da aeronave em território dos Estados Unidos a fim de atender a legislação “Buy American Act”. Os KC-390 seriam então adaptados nas instalações da L3Harris em Waco, no Texas. A USAF ou as outras forças armadas do país, entretanto, neste momento não planejam um programa sobre uma aeronave com as características do projeto Agile Tanker. Fora isso, a força aérea dos EUA cogita, já no médio prazo, uma completa transformação na fórmula dos aviões de reabastecimento aéreo, que devem adotar design furtivo e comandos autônomos para obter maior capacidade de sobrevivência num cenário de combate.
República Tcheca
Mudando de continente, na Europa vale a citação da República Tcheca, que é parceiro estratégico da Embraer no programa KC-390. A exemplo da Argentina, o país no leste europeu (membro da OTAN, diga-se) é outro fornecedor de componentes para concluir a aeronave no Brasil. Quem manda essas peças (itens de asa e as portas laterais do Millennium) é a fabricante AERO Vodochody. A parceira foi firmada em 2010, ocasião em que tchecos também assinaram uma declaração de intenção de compra de dois aparelhos. Uma parte do acordo já foi adiante, falta só o pedido firme.
Suécia
Tão independente em projetos e na produção de seus próprios aviões de caça, a Suécia, em outra ponta, ainda depende de fornecedores estrangeiros para obter aeronaves de transporte. Neste contexto, a Saab e a Embraer firmaram um Memorando de Entendimento, na LAAD 2023, para posicionar o Millennium “como a solução preferencial os requisitos de transporte aéreo tático da Força Aérea da Suécia”, conforme citado no comunicado sobre o início da nova parceira – o MoU também inclui acordos referentes aos caças Gripen E da FAB e para exportação na América do Sul.
As duas fabricantes também pretendem avaliar a integração dos equipamentos e sistemas (outra área que a Suécia tem uma importante independência tecnológica) da Saab no KC-390. Uma venda do Millennium, no entanto, ainda pode levar algum tempo. A Força Aérea Sueca, que pretendia modernizar seus antigos C-130H (alguns dos Hercules mais antigos da Europa, entregues na década 1960), chegou a optar recentemente pela compra de modelos C-130J Super Hercules usados da Itália, mas o negócio não foi em frente.
Áustria
Mais um europeu interessado no KC-390 é a Áustria. Nas últimas semanas, a força aérea austríaca está acompanhando o avião brasileiro de perto. Uma delegação do país participou do primeiro encontro de usuários do Millennium, realizado no começo de abril em Portugal. Os austríacos também visitaram a LAAD 2023 para discutir com a fabricante um possível acordo.
O KC-390 é um avião na medida dos requerimentos do governo austríaco para um novo avião de transporte, que deve ter capacidade de carga de pelo menos 20 toneladas e ser capaz de oferecer apoio de reabastecimento aéreo. A Força Aérea da Áustria deve encomendar entre quatro e cinco aeronaves para substituir seus antigos turboélices C-130K Hercules. As opções na mesa são o Hercules de última geração ou o Millennium.
Coreia do Sul
Sempre que uma força aérea precisa trocar seus velhos Hercules, lá está a Embraer com sua solução do KC-390. Na Ásia, quem busca novos aviões de transporte neste momento é o governo da Coreia do Sul, que lançou no ano passado um proposta de seleção de um novo vetor de grande porte. Outros fabricantes que enviaram propostas foram a Airbus, com o A400M Atlas, e como não poderia ser diferente, a Lockheed Martin com o C-130J Super Hercules e que desponta como grande candidato a vencer o programa, dada influência política dos EUA em Seul e a compatibilidade de equipamentos militares entre as forças armadas dos dois países.
Para marcar território no lado sul da Península da Coreia, a Embraer iniciou conversas com empresas locais para montar a proposta para Força Aérea da República da Coréia. Em outubro do ano passado, a empresa brasileira assinou Memorandos de Entendimento com as empresas ASTG (Aerospace Technology of Global), EMK (EM Korea Co.) e Kencoa Aerospace, sediadas na Coréia do Sul.
Índia
Fique de olho na Índia! É lá que pode estar a “mina de ouro” do avião militar na Embraer. A imprensa no país asiática vem comentando nos últimos meses sobre Nova Deli abrir negociações com a fabricante brasileira para adquirir até 60 aeronaves KC-390. Um pedido desse porte faria da Força Aérea Indiana o maior operador do Millennium.
No novo horizonte geopolítico que se avizinha e inserido no contexto dos BRICS, o KC-390 é um produto interessante para um país como a Índia, que nem sempre toma partido com os governantes e as dores do Ocidente para ser autossuficiente em importantes setores tecnológicos e diversas outras áreas. Num acordo que pode ser bom para ambas as partes (a Índia ganha um avião moderno e o Brasil, muito dinheiro), uma nova linha de produção do Millennium pode ser instalada em terras indianas, colaborando ainda com o avanço da indústria aeronáutica indiana.
Embraer uns dos pocos orgulho do Brasil
E um bom avião mesmo e com a reputação da empresa Embraer no mundo não vai ser muito difícil ter muito clientes
Esse cargueiro multi funções da Embraer , fará tanto sucesso que assustara a própria fabricante , que Deus o mantenha no ar por muitos e muitos ãnos !
Mercado difícil é dominado pelas grandes e com a Rússia tb. Países sofrem pressão de grandes fabricantes, disputa acirrada. Veja exemplo do EMB E2 pressionado pelo A220. Disputa desigual
Parabens Embraer..mas, infelizmente, vender o aviso e montar no país comprador, vai render lucros para a fabricante, ok. Mas nao trara beneficios aos trabalhadores da industria nacional…
Necessária uma correção no tópico “Suécia”. A Força Aérea e o MoD suéco descartaram a aquisição dos C-130J ex AMI Itália.
Parece que produze o KC-390 na Embraer foi o maior acerto ao Brasil até o momento. Agora acertar vender a Aeronave pelo Mundo tá cendo o maior desafio. Eu acho que EUA e Índia devem ser os maiores compradores que temos, o que trará ao Brasil alguns Bilhões de Dólares logo! Aspirante a Oficial R-2 Brasil, NPOR no 24° BC, CMNE no EB em 1996, o melhor Guerreiro na Selva da OM.
O interessante disso tudo é que, se tivermos exito, fincaremos um pé na Europa – Portugal, Hungria, Holanda e com sorte e competência, Suécia e Áustria. Quatro membros da OTAN !!! Agora imagine quantos membros da organização utilizam o Hércules que podem olhar com bons olhos o KC-390 num futuro não muito distante?
Mas o mercado indiano seria a cereja do bolo, pois não creio que consigamos entrar no mercado americano tão cedo – Digo cedo porque o projeto do Hércules não tem mais expansão, chegou no limite.
Aos poucos, a Embraer vai entrando nesse mercado como um bom mineiro que come o queijo pelas beiradas…..
Olá, Baschera, você tem razão. Inclusive nós havíamos citado isso na nota sobre a Saab e a Embraer oferecerem o KC-390 para a Força Aérea da Suécia. Foi corrigido, obrigado.