Qual é o melhor avião P-3 Orion, brasileiro ou argentino?

Aeronave de patrulha marítima, anti-submarino e de busca e salvamento é operada pelos dois países, mas há diferenças. Entenda
O P-3 brasileiro e o argentino
O P-3 brasileiro e o argentino

Brasil e Argentina tem longas costas marítimas com ZEEs (Zonas Econômicas Exclusivas) que, juntas, superam mais de 5,65 milhões de km². Isso sem contar mais 1,5 milhão de km² da Bacia Amazônica.

Para manter a vigilância nessa área, não só para busca e salvamento, mas especialmente para coibir pesca ilegal e extração criminosa de recursos naturais, era necessária uma aeronave que cumprisse a missão.

No Brasil, a resposta veio com o Lockheed P-3A Orion, que chegou ao país em 2011. Já no país vizinho, houve um primeiro lote de P-3B, mas o país acaba de receber seu primeiro P-3C Orion.

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Acima o P-3 da FAB comparado ao da Armada Argentina (abaixo)
Acima o P-3 da FAB comparado ao da Armada Argentina (abaixo)

Eles ainda operam os P-3B ex-US Navy recebidos em 1997, porém, sem manutenção adequada, voam com restrições.

O clássico patrulheiro marítimo americano, fabricado pela Lockheed, ainda é um avião capaz, mesmo após 62 anos de operação, com um raio de alcance longo e missão de até 16 horas.

Origens diferentes

O quadrimotor turboélice, parente do saudoso L-188 Electra, um “Landau” da Ponte Aérea Rio-São Paulo, chegou ao Brasil oriundo dos estoques da USN.

Em quantidade de 12 células, sendo oito para operação, uma para fonte de peças e outra para instrução de tripulações, o P-3A não chegou como estava na marinha americana, foi modernizado.

Na Argentina, o caminho seria o mesmo feito pelo Brasil, mas o custo de modernização se tornou proibitivo e a saída foi encontrada na RNoAF, na sigla em inglês para a Força Aérea real da Noruega.

O Primeiro P-3C Orion da Marinha Argentina chega ao país.
O Primeiro P-3C Orion da Marinha Argentina chega ao país.

Os hermanos compraram quatro células do P-3C dos noruegueses e já receberam duas, com as demais chegando até 2026.

Em condições operacionais plenas, eles têm somente estas aeronaves. Em 2021, o Brasil tinha 3 operacionais, 2 em manutenção e 1 estocado.

Mais velho versus mais novo

Os P-3A da FAB foram produzidos entre 1961 e 1965, sendo modernizados na Espanha pela EADS CASA antes de chegarem ao Brasil em 2011.

Na Argentina, a modernização foi feita pela Noruega antes da chegada do P-8 Poseidon, o sucessor do P-3 baseado no Boeing 737. As células são de 1989, sendo transferidas para o reino nórdico pouco depois.

P-3 Orion da FAB sobre o mar
P-3 Orion da FAB sobre o mar

O P-3AM, apesar da idade, veio no estado-da-arte, com suíte de aviônica modular FITS (Fully Integrated Tatical System) com estações de trabalho com telas de LCD de 20 polegadas.

Além disso, o P-3AM da FAB tem ainda FLIR, Radar de Abertura Sintética (SAR), Radar de Varredora Sintética Inversa (ISAR), Indicador de Alvos Móveis (MTI), MAD, ESM, IFF, AIS e suítes de ELINT e COMINT.

Em 2018, a FAB promoveu a revitalização estrutural das asas dos P-3AM com novos componentes, mais leves e resistentes à fadiga e torções. A modernização foi feita pela Akaer.

Na Argentina, as aeronaves foram anteriormente modernizadas na Noruega após a conclusão de que o P-8 demoraria a chegar. Foram substituídas as asas e a parte móvel da deriva, assim como partes dos estabilizadores horizontais.

Todavia, diferente do Brasil, a Noruega não gastou muito na modernização, feita na Flórida pela MHD Rockland, já que era para eles continuarem até a substituição breve.

A Argentina comprou quatro aeronaves que eram da Noruega
A Argentina comprou quatro aeronaves que eram da Noruega

Assim, basicamente receberam equipamentos de padrão US Navy, como computador de missão AN/AQS-227 e o processador acústico AN/USQ-78B. Também foram introduzidos sistemas táticos de suporte acústico móvel.

O P-3C da Marinha da Argentina, possuem ainda o radar SAR Raytheon AN/APS-137, o Detector de Anomalias Magnéticas (MAD) AN/ASQ-81 e o Sensor Infravermelho (IR) AN/AAR-47, este último num FLIR sob o nariz.

O Brasil já desativou alguns P-3
O Brasil já desativou alguns P-3 (João Emilio Leiloeiro)

Em ambos, as capacidades de esclarecimento marítimo, antissubmarino e anti-superfície, com capacidade para emprego do míssil Harpoon, estão presentes.

No Brasil, todos os P-3AM têm capacidade SAR (busca e salvamento), na Argentina apenas um P-3N dos 4 adquiridos, sendo este sem as demais capacidades.

Ambos são equivalentes e, embora os da FAB sejam mais antigos, eles apresentam uma modernização mais consistente, incluindo motores novos. Os argentinos são bem mais novos, apesar de revitalizados também.

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  1. Creio que já seja a hora de o Brasil pensar em substituir essas aeronaves. As células, como dito no texto, foram fabricadas entre 1962 e 1965, portanto quase 60 anos.
    Podem ser produzidos no país, a partir do E-190, ou a compra de P-8A Poseidon…. mas já está na hora de pensar nisso, e pra ontem.
    Abraços.

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