Atlanta, EUA, 20 de janeiro – O voo 982 da Delta Air Lines se preparava para decolar do Aeroporto Hartsfield-Jackson com destino à Bogotá, na Colômbia, quando um piloto de outra aeronave entrou no rádio para avisar a tripulação que um dos pneus do Boeing 757 tinha acabado de se desprender do jato.
“Um dos pneus do nariz do seu avião acabou de escapar, saiu da pista atrás de você”, disse o piloto que estava nas proximidades da cabeceira do aeroporto, segundo captação do áudio.
Os pilotos do Boeing 757 então retornaram para o terminal e os 184 passageiros embarcaram mais tarde em outra aeronave semelhante.
O Boeing 757-200 de matrícula N672DL está prestes a completar 32 anos em serviço com a Delta e, apesar da idade, voltou a voar com a companhia aérea dos EUA no dia seguinte, com destino a San Juan.
São Paulo, Brasil, 06 de fevereiro – Um Airbus A319 da LATAM decola do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e um dos pneus do trem de pouso principal se solta.
A aeronave do voo LA 3923 tinha como destino o Aeroporto de Congonhas, dentro da cidade de São Paulo, mas que possui uma pista de menos de 2.000 metros.
A tripulação então preferiu pousar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, cuja pista principal possui 3.700 metros.
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Após realizar algumas passagens para que a torre de controle observasse as condições do trem de pouso, o A319 pousou em segurança, seguido por veículos de emergência. A operação foi acompanhada ao vivo pelo canal Golf Oscar Romeo no Youtube.
O jato da Airbus, de matrícula PT-TMO, com 13 anos de idade, estava programado para voar novamente em 9 de fevereiro.
Risco à segurança ou situação sob controle?
Os dois episódios foram amplamente divulgados na mídia e nas redes sociais e, como é comum, tiveram reações variadas, de pessoas temerosas em voar a quem relacionou o fato com o problema do Boeing 737 MAX 9, que perde um tampão de porta em voo, neste caso, uma falha inexplicável de fabricação.
Tudo indica, no entanto, que situações como a do Boeing 757 da Delta e o Airbus A319 da LATAM são mais comuns do que se imagina e totalmente previstas no treinamento dos pilotos.
Uma reportagem do USA Today publicada em 2017 é um ótimo termômetro para o assunto. Nela, os leitores do jornal dos EUA fazem perguntar a John Cox, um experiente piloto que voou na antiga US Airways (assumida pela American Airlines).
Cox, que hoje dirige a Safety Operations Systems, consultoria de segurança na aviação, explicou quais são os procedimentos em situações como as que ocorreram recentemente.
Veja alguns fatos citados pelo piloto:
– Os pneus de um avião são projetados para suportar a carga total caso outro pneu esteja danificado.
– Se o avião está em baixa velocidade na decolagem, ela será abortada. Caso a velocidade seja elevada, eles decolarão mas voltarão ao mesmo aeroporto em seguida.
– Se o pneu falhar ao tocar na pista, o pouso será feito normalmente.
– Os pilotos retornam ao aeroporto de partida após um pneu estourado porque não se deve recolher o trem de pouso, em virtude do risco de haver algum dano a outra parte da aeronave.
– Alguns aviões têm espécies de sensores que podem detectar danos aos pneus, mas é mais comum que uma situação como essa seja relatada pela torre ou por outras aeronaves que localizam os detritos.
Pneus de aviação são produtos extremamente resistentes e que são preenchidos com nitrogênio. Eles podem ser utilizados em centenas de pousos até serem substituídos e recauchutados.
Como se vê, a despeito do importúnio de atrasar uma viagem, o risco de um pneu danificado para os passageiros é bastante reduzido.